Num cenário de avanço de lançamentos e vendas, o consórcio imobiliário aumentou o volume de créditos concedidos para compra desses bens. Em 2021, 85,44 mil consorciados foram contemplados e tiveram à disposição R$ 15,73 bilhões em créditos. Trata-se do maior volume de contemplados e de recursos disponibilizados em um mesmo ano na história do segmento.
Na comparação com o registrado pelo consórcio de imóveis em 2020, os dois indicadores cresceram. No caso dos créditos disponibilizados, a alta foi de 16,3%, já que um ano antes eles chegaram a R$ 13,53 bilhões.
Os recursos de 2021 corresponderam ainda a 23,9% de todo o crédito consorcial disponibilizado ao longo do ano. No ranking do Sistema de Consórcios, foi o segundo maior, perdendo apenas para veículos leves. Entretanto, o segmento viu sua participação reduzir levemente em relação a 2020, quando ficou em 25,7%.
Já em relação às mais de 85 mil contemplações, houve incremento de 11,1% sobre o total de 2020, quando foram 76,89 mil. Nas vendas mensais, o melhor desempenho ocorreu em junho, ocasião em que 8,95 mil participantes foram contemplados.
Considerando ainda o total de contemplações e o número de imóveis financiados no País – 887,04 mil, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) -, a assessoria econômica da ABAC identificou que 9,6% dos imóveis potencialmente foram comprados com crédito do consórcio.
Vendas nos estados
As contemplações cresceram na grande maioria dos estados brasileiros. As exceções ficaram por conta de Roraima, onde caíram 5,9%, e do Distrito Federal, que teve baixa de 2,5%. Mesmo assim, em 20 estados, as altas ficaram acima da média brasileira, de 11,1% de crescimento. As maiores elevações percentuais foram registradas no Acre (53,3%) e no Tocantins (59,5%).
Em números absolutos, os estados com mais contemplados foram São Paulo, com 31,55 mil, Paraná, com 11,38 mil, e Rio Grande do Sul, com 8,99 mil. Nesses locais, os crescimentos foram de 2%, 11,7% e 15,7%, respectivamente.
Uso do FGTS no consórcio imobiliário aumenta 5,7%
Uma das características mais marcantes do consórcio de imóveis é a possibilidade de utilizar o saldo do FGTS para ofertar lance, complementar o valor da carta de crédito, amortizar ou quitar o saldo devedor e ainda pagar parte das prestações. As regras para utilização do FGTS são definidas pelo Agente Operador, que é a Caixa Econômica Federal, e estão disponíveis no Manual do FGTS Utilização na Moradia Própria.
Em 2021, 3.588 trabalhadores-consorciados utilizaram o FGTS no consórcio de imóveis – veja detalhes sobre essa utilização nos gráficos ao lado. O número de consorciados que recorreram ao fundo cresceu 5,7% em relação a 2020, quando 3.396 fizeram seu uso. Em relação aos valores, houve aumento de 7,9%, indo de R$ 166,09 milhões, em 2020, para R$ 179,15 milhões.
O ano em que mais trabalhadores usaram o saldo do FGTS em seu consórcio de imóveis continuou sendo 2019. Na ocasião, 4.109 trabalhadores recorreram aos recursos do fundo, utilizando R$ 197,19 milhões – o que, em valores corrigidos pelo IGPM para o fim de 2021, corresponderiam a R$ 291,93 milhões.
Créditos contratados sobem mais de 40%
Além dos bons desempenhos obtidos em contemplações e créditos disponibilizados, os indicadores relacionados à venda tiveram resultados ainda melhores. É o caso do volume de créditos comercializados, que cresceu 40,4% em 2021 – maior alta percentual registrada no consórcio de imóveis.
A soma dos contratos de consórcios firmados nos 12 meses de 2021 chegou a R$ 91,65 bilhões, ante R$ 65,28 bilhões em 2020. Ou seja, de um ano para o outro, foram mais de R$ 35 bilhões a mais em créditos contratados via consórcio imobiliário. Sendo assim, o segmento manteve sua liderança no ranking de créditos comercializados pelo Sistema de Consórcios, posição conquistada em 2020 e que, até então, pertencia a veículos leves.
Nos resultados mensais, o maior volume de recursos foi disponibilizado em agosto de 2021: R$ 9,77 bilhões. Esse foi o recorde para um mesmo mês, superando em 6,2% o recorde anterior, de setembro de 2020, quando foram disponibilizados R$ 9,2 bilhões.
Quase 500 mil cotas vendidas
Além dos valores dos créditos contratados, cresceu também o número de cotas vendidas. A alta foi expressiva, chegando a 34,9%, com 496,95 mil cotas vendidas em 2021, ante 368,42 mil, em 2020. Os indicadores de venda estão em alta desde 2017. Em cinco anos, as cotas vendidas pelo segmento mais que triplicaram, já que em 2017 foram vendidas 141,65 mil cotas. O pico de vendas ocorreu em agosto, quando foram vendidas 142,81 mil cotas – portanto, abaixo do recorde mensal, que foram de 153,02 mil cotas, em setembro de 2020.
O valor médio da cota comercializada em 2021 fechou em R$ 184,42 mil – expansão de 4,1% em relação à média de 2020, que foi de R$ 177,18 mil.
O presidente executivo da ABAC, Paulo Roberto Rossi, atribui o bom desempenho do consórcio imobiliário ao fato de mais consumidores estarem optando por uma forma de se autofinanciarem de forma planejada, com custos mais baixos. ‘Mais o vez, houve um grande interesse dos consumidores em investir economicamente, tendo como objetivo ainda a obtenção de renda, além de formar e ampliar patrimônios”, pontuou.
Nos estados da federação, a comercialização de consórcios cresceu em todos eles, sendo que em quatro chegaram a ficar acima de 50%. Isso ocorreu em Santa Catarina (56,6%), na Paraíba (54,9%), em Mato Grosso (51,2%) e em Sergipe (50,2%). Os estados com maiores quantitativos de cotas vendidas foram São Paulo, com 151,18 mil cotas e alta de 29,1%, Paraná, com 67,6 mil cotas e alta de 46,9%, e o Rio Grande do Sul, onde as vendas cresceram 32,8%, com a comercialização de 67,6 mil cotas.
Mais de 1 milhão de participantes
O patamar de 1 milhão de participantes ativos, alcançado pela primeira vez em novembro de 2020, foi mantido em todos os meses de 2021. O ápice foi registrado em agosto, quando chegou a 1,19 milhão de consorciados. No fechamento do ano, em dezembro, foram contabilizados 1,18 milhão de participantes ativos – expansão de 13,5% em relação ao 1,04 milhão de um ano antes.
Entre os estados, apenas São Paulo registrou queda nesse indicador. A redução foi de 1,7% no mês de dezembro. Mesmo assim, os paulistas continuaram sendo maioria entre os consorciados ativos – representaram 30,5% do total, ou três em cada 10 pessoas. Nele estão 371,8 mil consorciados.
Além de São Paulo, os outros estados que mais concentraram consorciados de imóveis foram Paraná e Rio Grande do Sul. Nesses locais, havia, em dezembro de 2021, um total de 181,87 mil e 146,31 mil consorciados, respectivamente, com altas de 25,2% e 22,3%, na ordem, em relação a dezembro de 2020. Percentualmente, as maiores elevações em participantes ativos ocorreram no Amapá (41,9%) e no Rio Grande do Norte (29,8%).
Fonte: ABAC