Na última semana, aconteceu a reunião do Copom, com a alteração do patamar atual da taxa Selic. No último comunicado, o Banco Central (BC) avisou que, caso não houvesse nenhuma grande mudança no cenário, teríamos mais um aumento de 75 pontos-base.
O comunicado foi publicado em 17 de março e, de lá para cá, as taxas de juros do mercado futuro permaneceram relativamente estáveis, o real se apreciou cerca de 3% e a Bolsa subiu cerca de 4%.
Pelo lado fiscal, não tivemos nenhuma mudança estrutural, apenas a confusão do Orçamento, com posterior veto parcial e redução das emendas parlamentares.
Os dados de inflação de março ficaram em 0,93%, enquanto o mercado esperava 1,03%, também auxiliando um quadro levemente mais benigno de alta nos preços.
Com todos esses indicadores em sentido positivo, ficaria muito difícil o Copom justificar qualquer alta que não o 0,75 ponto porcentual já sinalizado. O mercado aposta em uma alta de 80 pontos, o que significa uma alta probabilidade de 75 pontos e uma probabilidade baixa de 100 pontos. Ou seja, 75 também já estariam precificados.
O que veremos nesta reunião não deve representar uma grande surpresa em termos de magnitude da alta da Selic. O que o mercado deve olhar com cuidado é o conteúdo do comunicado divulgado após a reunião. O BC deve indicar os próximos passos do processo de alta da Selic, com altas de 75 pontos ou possibilidade de alguma redução na magnitude dos passos.
O mercado precifica atualmente uma maior probabilidade de redução do passo para 50 pontos. Caso seja indicada uma manutenção, teríamos uma surpresa que resultaria em aumento dos juros de curtíssimo prazo, com possível redução nos juros mais longos.
O mercado entende que, se a autoridade monetária antecipa o ciclo de juros, aumenta a probabilidade de controle da inflação, reduzindo a necessidade de juros mais altos lá na frente.
Por isso, há aumento das taxas de juros curtas e redução das taxas longas.
Quando o contrário acontece, ou seja, o BC prolonga o ciclo monetário sendo menos austero no controle da inflação, o mercado entende que há mais riscos na missão de trazer a inflação para o centro da meta e, portanto, aumenta o prêmio de risco nas taxas de longo prazo.
Se você estiver investido em um título IPCA+ ou prefixado longo, é extremamente importante acompanhar essa dinâmica.
Aumentos da estimativa do mercado a respeito das taxas de juros futuras podem trazer prejuízo ao investidor detentor desses títulos, caso eles decidam vender antes do vencimento.
Por outro lado, reduções nas taxas podem trazer lucros de marcação a mercado e retornos bem maiores do que a taxa inicialmente acordada.
Essas reuniões do Copom acontecem a cada 45 dias, aproximadamente, e são acompanhadas de perto por todos os participantes do mercado. Vale a pena o investidor acompanhar junto e criar uma sensibilidade do impacto delas nos preços de seus títulos.
Mesmo se você investe em renda fixa via fundos, ainda assim é importante acompanhar e se informar a respeito dessas reuniões. Saber o que está acontecendo no mercado vai te ajudar a ser um investidor de fundos mais consciente.
Fonte: Fenabrave