Crise alavanca interesse por usados e seminovos.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Webmotors anunciam os resultados da já tradicional pesquisa de intenção de adquirir veículos. Em comparação com o ano passado, o interesse em comprar e/ou trocar de veículos se mantém estável para 2022, com 95% – apenas um ponto abaixo de 2021. Já o intuito de adquirir carros usados e seminovos continua a crescer, como reflexo da crise de abastecimento do setor.
O estudo foi realizado com 2.426 usuários da Webmotors em todo o país, sendo 89% homens com idade entre 36 e 45 anos. A maioria é da região Sudeste (59%), seguido por Sul (18%) e Centro-oeste (11%). Com relação ao ano passado, houve aumento de 2 pontos percentuais na participação de mulheres (10%).
As respostas foram divididas entre os que têm um ou mais carros (77%) e os que não possuem veículo (23%). Entre os proprietários, a intenção de comprar um carro usado em 2022 aumentou 4 pontos percentuais (85%). A mesma tendência foi percebida entre aqueles que ainda não têm um veículo: 93% demonstraram interesse, um aumento de 5%.
A pesquisa revelou ainda que apenas 16% dos entrevistados efetuaram a compra ou troca de carro este ano, sendo mais da metade (54%) por ter conseguido uma boa oportunidade. “Acompanhamos, durante o ano, o aumento na compra de veículos usados e seminovos em resposta à falta de abastecimento de peças para as montadoras. Acreditamos que esse setor deva se manter aquecido até, pelo menos, o fim do primeiro semestre de 2022, quando as montadoras esperam normalizar a produção”, explica o CEO da Webmotors, Eduardo Jucevic.
Já Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, reforça a importância da pesquisa para entender o comportamento do consumidor no cenário atual. “Buscamos entender quais são as necessidades do consumidor e identificar as tendências ou padrões. Acompanhamos de perto todas as movimentações no setor para termos um melhor entendimento do comportamento dos consumidores”, afirma.
Quando questionados sobre o tipo de motor, 66% dos usuários que já possuem carro demonstraram interesse em um modelo flex, 13% ficariam com os motores a gasolina e outros 11%, a diesel. Os índices daqueles que não possuem carro foram 74%, 16% e 4%, respectivamente.
Embora uma minoria tenha demonstrado desejo de comprar um carro híbrido ou elétrico, é possível observar que o consumidor já conhece os benefícios, como economia de combustível, conservação do meio ambiente e redução de ruído. Em média, 60% considerariam pagar um valor mais elevado por esse tipo de tecnologia.
Carroceria
Entre os entrevistados que já têm carros, 37% possuem modelo hatch ou sedã (32%). Embora a pesquisa revele um aumento de 5% na vontade de adquirir um modelo SUV (41%), os modelos hatch (16%) e sedã (30%) aparecem como as compras prováveis por causa dos preços mais acessíveis. Para os 23% de entrevistados que não têm um automóvel, a opção por um modelo hatch fica em destaque (39%), seguido pelos sedãs (32%). O modelo SUV aparece em terceiro lugar, com 21%.
Para realizar a compra, 84% dos participantes pretendem dar o carro atual como forma de pagamento, mesmo comportamento registrado em 2021. Sobre outras formas de pagamento, as opções de financiamento parcial (57%) e total (8%) ainda aparecem como destaque (65%), ante 31% dos que pagariam à vista, seguido por 4% que fariam um consórcio ou leasing. Entre os entrevistados que não possuem carro, 41% optaram pelo crédito parcial, 27% pelo pagamento à vista e 26% pelo crédito total.
Em relação ao ano anterior (44%), notou-se uma diminuição de 4% na intenção de adquirir um financiamento parcial (41%), com um aumento de 3% para aqueles que desejam financiar todo o valor.
“Embora haja diferenças entre as formas de pagamento desejadas por usuários que têm ou não um carro, ainda vemos um cenário de desconfiança quanto à economia, com aumento de até 4 pontos percentuais na intenção de comprar o carro à vista – no caso daqueles que têm carro – para não acumular dívidas longas”, aponta Jucevic.
Do total de entrevistados, 5% declararam não ter intenção de comprar ou trocar de automóvel em 2022. Os principais motivos para a decisão são: a alta dos preços (53%), dos juros bancários (23%) e dos combustíveis (15%), reflexos da pandemia no Brasil (15%) e a incerteza financeira/manutenção do emprego (11%). Em 2020, dentro do cenário mais duro da pandemia, as razões para não comprar um veículo no ano seguinte refletiam a insegurança financeira e outras formas de mobilidade. O reflexo da pandemia, anteriormente citado por 33% dos respondentes, este ano caiu para 15%.
Os consumidores receosos consideram investir o dinheiro (58%) ou viajar (24%). Indagados sobre quais tipos de ações de bancos, governo e montadoras poderiam fazê-los mudar de ideia, os destaques foram redução nos impostos (54%), no combustível (46%) e nas taxas de juros (39%).
Fonte: Monitor Mercantil