Por Luís Toscano, Vice-Presidente de Negócios da Embracon
Criado há 60 anos, o consórcio é um produto financeiro tipicamente brasileiro que, quando surgiu, tinha o propósito de contribuir com as famílias recém-chegadas em Brasília - quando a oferta de crédito no país era bastante restrita, praticamente inexistente. De lá para cá, o consórcio segue resiliente a cada crise. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a participação desse formato de negócio foi de 7,3% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, representando um montante de R$ 3,4 trilhões, segundo o Banco Central.
Inicialmente voltado para aquisição de automóveis, o consórcio ganhou novas opções de segmento na década de 70, com o Decreto 70.951/72, passando a tratar a modalidade de forma mais genérica. Com o passar dos anos, novos segmentos foram contemplados, até chegarmos ao que conhecemos hoje, imóveis, automóveis, motocicletas, máquinas/equipamentos agrícolas e serviços diversos. Em 2008, aconteceu um marco no Sistema de Consórcio com a Lei 11.795, que trouxe aperfeiçoamento e benefícios para todos, com regras do Código de Defesa do Consumidor.
Ao longo desses anos, o perfil do consorciado também mudou. Atualmente são 7 milhões e 630 mil consorciados ativos, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac). Em 2015, por exemplo, a classe C despontava predominância com 44% e o público masculino com 60% de participação.
Entre 2016 e 2017, os participantes casados chegaram a 69%, consolidando a presença de base familiar na aquisição de consórcios. A classe C seguiu com predominância, registrando 46%. Outra curiosidade do período foi que 78% dos consorciados ativos relataram que consideravam o consórcio um ‘bom investimento’, um aumento de 12 pontos percentuais em relação a 2016, quando registrou 66%.
No ano de 2018, o perfil do consorciado continuou mais masculino, com 67% homens; e mais familiar, com 65% de pessoas casadas, predominando, novamente, a base familiar. No mesmo período, as classes C e D detinham mais participantes, com 73%, sendo 39% da classe C e 34% da classe D. Já a classe B ficou com 20% e o público da classe A ficou com 7%, provando que o consórcio é acessível para todos, independentemente das condições sociais.
Em 2020, o sistema revelou resultados expressivos. Foram vendidas 285,45 mil cotas em janeiro, aumento de 48,9% em relação ao mesmo período de 2019. Ainda, no comparativo janeiro de 2019 e janeiro de 2020, o número de consorciados ativos chegou a 7,19 milhões, mantendo-se estável; foram mais de R$ 12,4 bilhões de créditos comercializados, um aumento de 59,9%; as contemplações foram mais de 106,6 mil, um crescimento de 3,1%; e R$ 4,30 bilhões foi o montante de créditos disponibilizados, um aumento de 23%. A modalidade encerrou o ano com a venda de 1,21 milhão de novas cotas, totalizando 2,77 milhões de adesões de janeiro a novembro de 2020.
Mesmo com o perfil do consorciado mudando ano a ano, o formato de negócio se mostra resistente durante a crise, pois é um caminho alternativo diante da alta da inflação e da baixa da taxa básica de juros [SELIC]- responsável por nortear a rentabilidade da renda fixa, que atualmente quase não remunera. O cenário de pandemia reforçou a busca dos consumidores por melhor qualidade de vida, por meio de uma reforma residencial, ou de um imóvel maior, gerando mais conforto para a família, e até mesmo um veículo, para realizar os deslocamentos longe das aglomerações.
Fonte: Hoje Em Dia