Desde que a pandemia de coronavírus fez o mercado nacional de veículos mergulhar para profundos índices de baixa em março e abril, todos os meses seguintes mostraram fortes evoluções porcentuais das vendas, ainda que em volumes insuficiente para compensar toda a queda do ano. Agosto foi o quarto mês seguido de crescimento, mas os volumes seguem bastante abaixo de 2019 e o ritmo da retomada foi desacelerado, com 173,5 mil emplacamentos de automóveis e comerciais leves, em alta de 6,4% sobre julho - é o menor porcentual de evolução mensal desde maio. Os dados foram divulgados na quarta-feira, 2, pela Fenabrave, associação que reúne os concessionários. Para a entidade, o cenário segue positivo e existem estímulos que devem sustentar a recuperação pelos próximos meses.
O dirigente acrescenta ainda que a taxa básica de juro (Selic) no nível mais baixo da história (2% ao ano) também estimula o consumo, tanto pelo custo mais baixo do crédito como pela vantagem de adquirir bens na comparação com deixar o dinheiro aplicado no banco.
Ainda assim, o nível das vendas no País segue bastante abaixo do necessário para recuperar toda a retração já sofrida. Em comparação com agosto de 2019, as vendas do mês passado ficaram 25% abaixo. No acumulado de oito meses, os 1,1 milhão de veículos leves emplacados representam retração de 35,7% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado (1,7 milhão). Segundo a Fenabrave, o volume de janeiro a agosto de 2020 é o 17º pior registrado na série histórica iniciada em 1957.
Para Assumpção Jr., o resultado de agosto é uma mostra de que as vendas ainda seguem se ajustando à nova realidade. "Mesmo com dois dias úteis a menos em agosto (21) em relação a julho (23), os emplacamentos tiveram alta, o que demonstra que o mercado vem retomando patamares mais altos de volume e se ajustando ao "novo normal"", analisa.
A evolução é melhor quando se verifica o volume diário de emplacamentos, que em agosto cresceu 16,6% sobre julho, para a média de 8.264 veículos leves novos licenciados em cada um dos 21 dias úteis de agosto. Mesmo assim o avanço é bem menor do que o aumento de 27% na média diária de lacrações registrado entre junho (5.581) e julho (7.088).
A Fenabrave preferiu ainda manter suas previsões divulgadas no início de julho, que indicam queda de 37,1% nas vendas de veículos leves este ano em comparação com 2019, o que representa 1,67 milhão de unidades emplacadas. Para o mercado de caminhões a estimativa é de retração de 18,6% (82,8 mil) e de 39,1% (15,5 mil) para ônibus. A entidade informou que vai reavaliar essas projeções daqui a um mês, em outubro.
Fonte: FENABRAVE