E vai continuar a apresentar bom desempenho em 2022. Pelo menos na opinião dos nossos entrevistados. Que apontam ainda, um grande aumento no preço de alguns componentes, o que apertou mais ainda as margens de lucro. Sem falar nas dificuldades de abastecimento de alguns itens.
A indústria de implementos rodoviários enfrentou melhor o segundo ano da pandemia da Covid-19. Isso porque as empresas estavam melhor ajustadas ao ambiente de restrições e de desaquecimento da economia. Por outro lado, os negócios voltaram porque a economia como um todo deu sinais de recuperação, se beneficiando da crescente imunização da população.
“Com isso, o nosso setor sentiu os reflexos e este ano devemos produzir e vender 30% mais implementos rodoviários do que em 2020, o que representa 156 mil unidades. Entretanto, houve variações de custos que nos forçaram a uma perda significativa de margens, e convivemos ainda com escassez de fornecimentos de alguns itens dos produtos.”
A análise é de José Carlos Spricigo, presidente da ANFIR – Associação Nacional dos Fabricantes e Implementos Rodoviários, fazendo um balanço do que foi o ano de 2021 para o segmento, matéria jornalística também de destaque nesta edição especial de Logweb voltada ao Transporte Rodoviário de Cargas.
Os outros participantes também fazem análises muito parecidas, cheias de otimismo. Por exemplo, José Carlos Prado, diretor da FLASH Sistemas Especiais para Transporte, destaca que houve um crescimento expressivo nas vendas de implementos, principalmente no segmento de carrocerias tipo sider. Mas, houve, também, um grande aumento no preço de alguns componentes, o que apertou mais ainda as margens. “Porém, entendo que foi um bom ano, principalmente em relação aos volumes entregues.”
Frederico Kraft, gerente Comercial, e Lidiane Borges, diretora, ambos da Morumbi Industrial, consideram, para o segmento de implementos rodoviários de maneira geral, um balanço positivo, mesmo diante das dificuldades globais devido ao cenário de pandemia de Covid-19. Para justificar esta afirmação, eles usam dados estatísticos da própria ANFIR: o segmento de semirreboques de maneira geral cresceu 40,21% e, em particular, o segmento de produtos aos quais a empresa está mais dedica teve uma crescente acima dos demais – semirreboques basculantes – de 51,77%, no período de janeiro a outubro de 2021 em relação ao mesmo período de 2020.
De fato, o ano foi bastante positivo para o segmento, e fechará com recorde histórico em produtos emplacados, também na visão de Josué Correa, diretor Comercial e de Engenharia de Produto da Noma. Segundo ele, a empresa deverá fechar o ano com um resultado bastante expressivo, com crescimento percentual acima do mercado e chegando a patamares dos índices históricos da empresa. “Ainda que tenha sido um ano positivo, a indústria de modo geral vem sofrendo bastante pela dificuldade de abastecimento, o que deve perdurar por alguns meses do próximo ano.”
Outro otimista, Enrique Paixão, do Departamento Comercial da PPW Brasil – Indústria Comércio Importação Exportação, também avisa que, neste ano de 2021, as vendas da empresa superaram as expectativas, mas que, também, enfrentaram dificuldades para aquisição dos insumos com diversos fornecedores, além dos reajustes constantes, prejudicando consideravelmente a margem de lucro.
Dênis Pais da Rocha, gerente Comercial da Truckvan Indústria e Comércio, também lembra que, diante das adversidades impostas pela pandemia de Covid-19 em 2021, a empresa, assim como diversas outras, enfrentou desafios ligados à cadeia de abastecimento de matéria-prima e componentes. Por exemplo, a falta de pneus nos fornecedores nacionais. “Essa situação nos fez buscar novas soluções e também promoveu o fortalecimento dos trabalhos em nossa equipe por meio do aprimoramento dos nossos processos e planejamentos estratégicos. Sem dúvida, foi um período de grandes aprendizados e amadurecimento para o nosso time.”
Rocha diz que, nesse período, realizaram investimentos em maquinários, expandiram alguns departamentos e linhas de produção e ampliaram o seu portfólio com o intuito de viabilizar mais qualidade e maior volume de produção. “Com isso obtivemos um faturamento acima do esperado, o que permitiu a contratação de novos colaboradores. Constatar esses resultados e ver a família de ‘ilimitados’ crescer é algo que nos alegra muito.”
Alves Pereira, diretor Executivo da Rodofort/Guerra, também se diz satisfeito com os resultados deste ano que termina. “O ano de 2021 foi bastante importante para as nossas duas marcas. Para a Guerra foi a volta ao mercado com grande aceitação dos clientes por seu retorno. Para a Rodofort foi mais um ano de bom desempenho, desde a sua volta ao mercado em 2018. Este ano, a expectativa é entregarmos ao mercado 2.100 unidades Rodofort e 300 unidades Guerra”, comemora.
Já outra visão tem Leonardo Anexins, diretor presidente da Kabí Indústria e Comércio. Segundo ele, o ano de 2021, como também o ano passado, foi duramente impactado no que diz respeito ao cenário econômico, como uma das consequências da pandemia da Covid-19. Para Anexins, os esforços da indústria, ao longo de 2021, visaram garantir a sobrevivência e estabilidade frente às constrições da economia.
Perspectivas
Reportando-se às perspectivas para 2022, Spricigo, da ANFIR, acredita que o setor de implementos rodoviários deverá seguir na espiral positiva de crescimento. O País está superando os efeitos negativos causados pela pandemia. Os negócios estão voltando e segmentos como agronegócios e construção civil demonstram que seguirão aquecidos em 2022.
“Acreditamos que no próximo ano possamos manter o número semelhante ao de 2021. Existem variáveis positivas, como a previsão forte do agronegócio em 300 milhões de toneladas de grãos, somado às concessões no setor de infraestrutura, que vão trazer demanda à indústria de implementos. Se os créditos continuarem, a construção civil deve se manter. Em contrapartida nos preocupa a inflação e a forma de combate, que é o aumento de juros. De toda forma, continuamos otimistas com 2022”, completa o presidente da ANFIR.
Prado, da FLASH, também mantém perspectivas de crescimento em relação a 2.021, baseado na carteira de vendas que já atinge o primeiro trimestre, mesmo otimismo que toma conta de Annechino, da Kabí. Segundo este, o ano de 2022 será promissor para o segmento. “Temos diversas concessões de rodovias federais em curso, o que, de forma direta, gera demanda de novos equipamentos. Além, é claro, da natural retomada da economia que, com a proximidade do fim da pandemia, trará novas oportunidades para a estabilização das empresas.”
Kraft e Lidiane, da Morumbi, também mantêm expectativas de que o segmento se mantenha nos mesmos patamares do ano de 2021 e, como empresa, acreditam em um aumento de participação no mercado devido a ações tomadas durante 2020 e 2021. Enrique, da PPW Brasil, também tem perspectivas de que os pedidos de seus clientes ultrapassem os números deste ano de 2021. E Pereira, da Rodofort/Guerra, espera que as marcas se mantenham em crescimento, com resultados positivos.
“Trabalhamos com otimismo para o próximo ano e já temos uma sinalização positiva em vendas para os primeiros meses de 2022. Porém, ainda que estejamos bastante confiantes, é necessário permanecermos atentos à cadeia de fornecimento, que deve seguir impactando diretamente a indústria, em especial no primeiro semestre de 2022. Outro fator para o qual devemos nos atentar é o cenário político, já que é um ano decisivo e tende a ser bastante polarizado”, acrescenta, agora, Correa, da Noma.
A Truckvan também vislumbra um desempenho positivo, crescimento da produção e recuperação econômica gradativa em meio a um cenário em transformação. “Observamos estabilidade nas demandas, apoiadas principalmente no segmento do agronegócio. Vemos ainda desafios devido a possíveis instabilidades nas linhas de crédito e custos ligados ao setor, tendo em vista que grande parte do nosso negócio é operacionalizado por esta modalidade financeira”, completa o gerente Comercial.
Tendências
Previsões para o próximo ano à parte, também há as tendências no segmento, incluindo tecnologia e novos mercados.
O presidente da ANFIR aposta que o uso de materiais mais leves e mais resistentes é uma tendência que vai permanecer na pauta dos fabricantes. A introdução de equipamentos que ampliem a segurança nas operações também. Segundo Spricigo, o setor busca, por meio de investimentos em P&D, sempre estar na vanguarda do segmento de implemento rodoviário no nível mundial. Cada vez é maior a tendência de especificidade da carga ao modelo de transporte. Isso alia segurança nas estradas a ganhos monetários aos clientes.
Também para Annechino, da Kabí, as tendências estão relacionadas à simplificação dos implementos: investimento em tecnologia e redução do volume de aço aplicado nos equipamentos, gerando maior eficiência. O aço é uma comodity que tem sofrido forte aumento nos últimos anos. “De fato, a tendência é a utilização de novas tecnologias e materiais, buscando a máxima performance dos equipamentos para melhor rendimento”, completam Kraft e Lidiane, da Morumbi.
O diretor Comercial e de Engenharia de Produto da Noma também ressalta que os Operadores Logísticos estão cada vez mais atentos à gestão e ao monitoramento de informações relativas ao transporte rodoviário de cargas. Nesse sentido, se torna evidente a necessidade de um implemento com mais tecnologia embarcada, menos paradas para manutenção e que proporcione mais rentabilidade.
Por último para Pereira, da Rodofort/Guerra, a crise que reduziu o ritmo geral do mercado freou um pouco a aplicação de novidades tecnológicas.
Fonte: Logweb