A economia brasileira pode crescer 3,3% por ano, em média, nos próximos dez anos, ou 1,4%. Vai depender da capacidade do governo e do Congresso Nacional de aprovar as reformas estruturais, sobretudo no início da atual década. A projeção consta no livro "O Brasil do Futuro", a 7ª coletânea organizada pelo economista Fabio Giambiagi, que será lançado hoje.
O livro reúne 20 artigos escritos por diversos economistas, que listam as reformas mais urgentes para a retomada do equilíbrio das contas públicas, no período pós-pandemia. O desafio, alertam, é não ceder à pressão pelo aumento do gasto público para impulsionar a atividade econômica e atenuar os problemas sociais, causados pela recessão.
Costura Política
"Para mim a tônica do volume é esta: não há grandes esperanças. Estamos dependendo de nós mesmos para fazer as reformas que precisamos - podemos confiar em nós?" indaga o economista Samuel Pessoa, no prefácio.
Segundo Giambiagi, as reformas defendidas no livro vão desde mudanças no campo regulatório à agenda fiscal, passando pela tributária. E esses ajustes requerem uma costura no campo da política.
- Se eu tivesse que escolher um título alternativo, eu diria que poderia ser " A hora da política" -disse Giambiagi.
De acordo com ele, a questão fiscal se impõe aos demais problemas e, se não for devidamente enfrentada, poderá ter consequências no dia a dia, como pressão sobre o dólar, preços e juros. Na visão de Giambiagi , a economia está se recuperando em V, como argumenta o ministro da Economia, Paulo Guedes, e sendo assim, o fim do auxílio emergencial em janeiro deve ser visto com naturalidade.
-Não dá para dizer ao mesmo tempo que a economia se recupera eque a situação é dramática como de fato era em abril - destacou Giambiagi.
Ele lembrou que em 2015 o déficit público girava em torno de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e que foram feitos sacrifícios paia reduzir o rombo nas contas públicas para 6% do PIB em 2019. Mas, com a pandemia, o país terá uma dívida de quase 20% do PIB e um déficit previsto para 2021 superior ao registrado no ano passado, "com uma margem de manobra política menor".
Ele critica o que chama de grandes ambições de Guedes. Entre elas, as propostas de uma ampla abertura da economia, um processo massivo de privatização, capitalização da previdência e a ideia de "passar a faca" no Sistema S:
-Temos que trocar as grandes ambições refundacionais do ministro Paulo Guedes de 2019 por objetivos mais modestos, ligados à importância de chegarmos com uma economia razoavelmente organizada a dezembro de 2022.
Fonte: Fenabrave