Com alta dos juros e queda nos financiamentos, compra e investimento de imóveis por meio de consórcio cresce no país
Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (16/03) ficou confirmado aumento da taxa de juros, Selic sobe e passa de 10,75% para 11,75% ao ano, nona alta seguida.
Quem sonha em conquistar a casa própria por meio do financiamento segue amargando o objetivo com as seguidas altas da taxa de juros ou desistindo das parcelas e substituindo pela locação.
Este é o caso de Lavieri Junior, 32, e a companheira, que optaram pela venda e quitação da dívida do apartamento studio. Assim, investiram a renda na locação de uma casa maior. “Saímos de um imóvel de 45m² financiado para uma casa alugada de 200m² pelo mesmo valor do financiamento, o que nos traz muito mais conforto e possibilidades, principalmente com a pandemia e essa nova realidade de home office.”
O aluguel, para ele, é uma forma de ter mais controle dos gastos em meio às incertezas econômicas do País. Sem a intenção de comprar outro apartamento, o casal resolveu aplicar o restante do valor em renda fixa.
“Achamos mais vantajoso, porque com o rendimento deste dinheiro da venda, mais os aportes mensais, no futuro podemos comprar à vista ou bem perto disso. O que traz uma grande economia”, diz Junior.
“Talvez daqui uns 10 anos ou quando o mercado estiver favorável, a ideia é fugir do juros – que dobra ou triplica o preço de um imóvel no final.” Para ele, existe também o conforto emocional de ter investimentos com liquidez, além de poder se mudar de acordo com a necessidade e a possibilidade financeira em cada momento da vida.
Eduardo Muszkat, co-founder e Head de Crédito Imobiliário para Incorporadoras da Kzas Krédito, assessoria para crédito imobiliário, a forma como o mercado imobiliário deve se comportar ao longo de 2022 vai depender, se a selic sobe mais, vai depender entre outros fatores, de quanto durar os conflitos entre Rússia e Ucrânia, juntamente com o impacto na economia global.
“Caso o conflito não se resolva rapidamente, em especial pelo impacto cruzado das sanções à Rússia, que resultaram em redução na oferta de combustíveis e alimentos para o mundo. Se olharmos especificamente para o mercado imobiliário, a incerteza generalizada sobre o emprego e a renda deve impactar negativamente a demanda por imóveis num primeiro momento”, afirma.
Selic sobe e busca por consórcios cresce
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), em dezembro de 2021 a entidade registrou aumento de 38% nos consórcios no período de 11 meses, de março a novembro de 2021 em relação a 2020. O modelo de aquisição avançou durante o pior momento da pandemia somado à alta de juros do financiamento.
Segundo Lorelay Lopes, head de Negócios do UP Consórcios, fintech da Embracon, no balanço anual de 2021 o segmento de consórcios bateu recordes históricos, provando sua importância para o aquecimento de diversos setores diante de um ano onde a taxa de juros partiu de 2% e Selic sobe para 11,75%, atualizada hoje, maior nível em 5 anos.
“Os créditos liberados pelo sistema ao longo do ano através das contemplações proporcionaram potencial aquisição de 1 a cada 10 imóveis negociados. As vendas de consórcios atingiram a marca de R$222,26 bilhões, 35,8% acima do ano anterior. Os números têm demonstrado ano após ano que o segmento cresce acima das expectativas do mercado financeiro no geral”, diz.
Vantagem dos consórcios
O principal ponto positivo do consórcio em relação ao financiamento é a ausência de juros. “No consórcio, a administradora cobra uma taxa administrativa de, em média, 22%, que fica diluída no prazo, resultando em algo em torno de 1% ao ano. Essa taxa é imbatível quando comparada ao financiamento, mesmo com juros bem menores que os atuais”, afirma Lopes.
Para a profissional, o que mantém a procura pelos financiamentos é a rapidez na liberação do crédito, mas se engana quem pensa que o consórcio funciona somente para se planejar. “Os financiamentos imobiliários exigem entrada e esse valor pode ser usado como lance na cota de consórcio, adiantando a contemplação. Ofertar um lance é uma excelente opção para quem tem pressa, pois diminui a espera pelo sonho da casa própria.”
Luís Toscano, vice-presidente de negócios da Embracon, uma das principais administradoras de consórcios do País, explica que diante do cenário econômico atual, o consórcio é vantajoso. “Essa modalidade funciona como um autofinanciamento: sem a exigência de um valor de entrada, oferece parcelas com valores menores e prazos maiores que um financiamento, além da facilidade na análise de crédito.”
Fonte: Estadão