A perspectiva da Fitch Ratings para o setor de locação de veículos em 2022 é neutra, mostra o relatório “Perspectiva Fitch Ratings 2022: Locação de Veículos no Brasil”, publicado nesta segunda-feira. Durante a Covid-19, mesmo com toda dificuldade para a compra de veículos, 46,3% das locadoras aumentaram suas frotas, enquanto 30,1% as mantiveram no patamar anterior ao da pandemia, de acordo com dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).
“O desequilíbrio entre a oferta e a demanda por veículos novos seguirá limitando o ritmo de crescimento da frota das empresas, principalmente no primeiro semestre de 2022, mas permitindo a manutenção de tarifas e margens mais elevadas. Maior rentabilidade e estruturas de capital menos pressionadas pelo menor crescimento trazem estabilidade para os ratings das empresas”, diz Renato Mota, diretor de Finanças Corporativas da Fitch e um dos autores do relatório.
“Superado o desequilíbrio entre a oferta e a demanda por veículos novos, a força das novas verticais de crescimento deve acarretar em um ciclo de consistente expansão e contínuo aumento da penetração do setor de locação de veículos leves, que, além de RaC, inclui gestão e terceirização de frotas de terceiros (GTF)”, cita o relatório da Fitch. O incremento do aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos também deve impulsionar a receita e a geração de caixa das locadoras, acredita a agência de classificação de risco.
Pesquisa Abla
Segundo pesquisa da Abla, a redução de frota se deu em somente 22,6% das empresas e, nos próximos 12 meses, 60,8% das locadoras têm intenção de comprar mais carros, conforme conclusões da Pesquisa Abla/MDA, a mais abrangente já feita no país sobre o setor de aluguel de carros.
Segundo a Abla, há equilíbrio entre as principais modalidades de aluguel de carros presentes no Brasil: 68,9% das locadoras oferecem o aluguel diário para pessoas físicas ou jurídicas; e 65,1% trabalham com a locação de longa duração de frotas inteiras para empresas públicas e privadas, além de órgãos de governo. A soma dos índices supera 100% na medida em que a maior parte das locadoras atua ao mesmo tempo nas duas modalidades.
Locadoras que oferecem o “carro por assinatura” (contratos de longa duração para pessoas físicas), são 21,3%. A pesquisa apontou ainda que 19,9% das empresas de locação de veículos alugam carros para motoristas de aplicativos; e 19,3% atendem clientes de seguradoras, durante períodos em que ficam sem seus carros próprios por motivos de sinistros. Outras modalidades, como o carsharing, caracterizado principalmente pelo aluguel de curtíssima duração, são oferecidas por aproximadamente 5% das locadoras no Brasil.
“Com relação às maiores dificuldades, a burocracia para compra de veículos é principal problema do momento, englobando a escassez de modelos zero quilômetro no mercado e a consequente elevação dos preços”, avalia o presidente do Conselho Nacional da ABLA, Paulo Miguel Junior.
Foram entrevistados, por telefone, 602 empresários de norte a sul do Brasil, durante o mês de novembro. A maior parte (47%) do Sudeste, onde se concentra a maioria das locadoras, seguida do Nordeste (20%), Sul (17%), Centro-Oeste (9%) e Norte (8%). Com margem de erro de 3%, a pesquisa levou em conta o perfil das locadoras a partir de segmentações de tempo de operação no mercado, quantidade de funcionários, faturamento, lojas e pontos de atendimento, entre outros aspectos administrativos e de gestão.
Conforme Censo do setor de aluguel de carros, com estatísticas do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), em 2021 as locadoras chegaram ao total de 1 milhão e 70 mil automóveis e comerciais leves em suas frotas. De janeiro até a primeira semana de outubro deste ano, o total de compras das mais de 11 mil locadoras ativas no país foi de 310 mil veículos.
Fonte: Monitor Mercantil