Mesmo com o agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil, seguiram comuns as cenas de aglomeração no transporte público do país, seja em ônibus ou nos vagões de trens .
O temor pelo contágio da doença fez com que, nos últimos meses, mais brasileiros buscassem por carros usados para garantir o distanciamento social em seus deslocamentos.
Segundo dados da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), somente em setembro foram quase 1,4 milhão de veículos usados vendidos.
O número é 10,5% maior do que o de agosto deste ano, quando 1,26 milhão de unidades ganharam novos donos. Também supera o de setembro do ano passado em 12,2% .
"Sem dúvidas [a pandemia] nos ajudou nas vendas. Fizemos uma campanha dizendo que "o carro seguro é o seu carro" porque sentimos que muita gente estava preocupada de pegar o ônibus, metrô, táxi ou carro por aplicativo", afirma o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos.
Outros fatores também contribuíram, como as compras por pessoas que adiaram os planos desde março e outras que trocaram carros seminovos por modelos mais antigos. "As pessoas precisaram do dinheiro na mão para pagar dívidas", explica Santos .
Queda e recuperação
Até a primeira quinzena de março, a média por dia útil de usados vendidos era de 61 mil. Em abril, despencou para 10 mil. Depois, foi retomando mês a mês, finalmente atingindo em agosto números de antes da pandemia.
No acumulado do ano, porém, o setor ainda sente o prejuízo. De janeiro a setembro deste ano, foram 8,35 milhões de veículos usados vendidos, ante 10,74 milhões no mesmo período de 2019 - retração de 22,3%.
A Fenauto acredita que, até o fim do ano, o mercado pode recuperar o tempo perdido.
Usados e nem tão novos
Ao escolher um veículo usado, a preferência é entre aqueles de 4 a 8 anos de rodagem. Já os considerados "velhinhos", que circulam há pelo menos 13 anos, são a segunda opção. Em seguida estão os "maduros", de 9 a 12 anos, e os seminovos, de até 3 anos .
O Metro Jornal mostrou em agosto que os ônibus da cidade de São Paulo perderam mais da metade dos passageiros com a pandemia. De acordo com dados da SPTrans, o número de pessoas transportadas por dia caiu de 3,3 milhões, antes do novo coronavírus, para 1,5 milhão, em julho. Uma parte deste público migrou para os carros compartilhados.
Segundo pesquisa realizada pelo app 99, o número de chamadas entre os usuários mais pobres (com renda mensal de até R$ 2,6 mil) cresceu 32%. Em outro levantamento, realizado pelo app Moovit em sete capitais, há queda no número de pessoas que optam pelo transporte público. Antes da pandemia, 89% disseram utilizar o meio de transporte, índice que caiu para 79% após a covid-19.
Fonte: Fenabrave