Como é feito o cálculo do valor das parcelas do consórcio?

23 de mar. de 202210 minutos de leitura
Como é feito o cálculo do valor das parcelas do consórcio?

Uma das maiores dúvidas das pessoas antes de comprar um tipo de bem pelo consórcio está relacionada ao cálculo do valor das mensalidades

Isso porque o consórcio se diferencia das demais modalidades em sua forma de pagamento. Diferentemente do financiamento, por exemplo, não existe cobrança de entrada e nem de juros nas parcelas. Além do mais, é o interessado pelo bem que define o valor de sua mensalidade, sempre de acordo com o tipo de bem que deseja comprar. 

Por exemplo, se você tem interesse em comprar um imóvel, o valor mínimo de mensalidade acaba sendo diferente de quem deseja adquirir um serviço por meio do consórcio. Afinal, o consórcio conta com a carta de crédito, que determina as regras de parcelamento para a compra do bem. 

De qualquer forma, é o interessado que determina o valor que irá pagar pelo seu consórcio. Por isso mesmo, essa modalidade se destaca como a melhor forma de planejar a compra do seu bem. Se você se mantiver com as finanças bem organizadas, tem a autonomia para escolher um valor de mensalidade que faça sentido para a sua realidade. 

Mas, como fazer isso de forma efetiva? Como realmente funciona o cálculo das parcelas do consórcio? Vamos explicar tudo isso neste artigo, continue a leitura. 

Como funciona o consórcio? 

O consórcio é uma forma de planejar a compra de um bem de alto valor, sem ter que se preocupar com pagamento de entrada ou de qualquer tipo de juros nas mensalidades. 

Trata-se, na verdade, de uma modalidade que junta grupos compostos por pessoas com objetivos em comum. Com a contribuição individual das mensalidades de cada uma dessas pessoas, é formado o fundo comum, que permite a contemplação dos bens pelas assembleias. 

Cada pessoa que escolhe o consórcio como forma de investir em um bem se torna um consorciado e pode participar das assembleias. Elas entram em um grupo com interesses semelhantes: por exemplo, ao escolher um consórcio de automóveis, seu grupo terá dezenas ou centenas de pessoas que também têm interesse na compra de um carro. 

Fazer um consórcio é um processo mais simples do que muitas pessoas imaginam. O primeiro passo é contar com os serviços de uma administradora que tenha autorização do Banco Central do Brasil (Bacen) para seu pleno funcionamento. Você pode conferir o ranking do Bacen para essa verificação: a Embracon, por exemplo, possui mais de 30 anos de história realizando sonhos das pessoas por meio do consórcio. 

É possível comprar diferentes tipos de bens com o consórcio. Confira as opções: 

  • Automóveis: para a compra do seu modelo zero km ou seminovo, desde que tenha, no máximo, cinco anos de utilização.  

  • Moto: para quem deseja ter a moto dos sonhos ou até mesmo um modelo para trabalhar ou lidar com o dia a dia. 

  • Imóveis: para a compra da casa própria, apartamento decorado, apartamento na planta, terreno ou até mesmo empreendimentos comerciais. 

  • Serviços: com cartas de crédito de até R$ 30 mil, você pode investir na reforma da sua casa, viagens, intercâmbio, cirurgias estéticas, festas e até mesmo o casamento dos seus sonhos. 

  • Veículos pesados: para quem quer planejar a compra de uma van, caminhão, carreta, ônibus ou até maquinários agrícolas. 

Após selecionar o tipo de bem que deseja comprar, você pode partir para o processo de simulação. Nesse momento, alguns dados pessoais são pedidos, para que um especialista de consórcio entre em contato posteriormente para tirar todas as dúvidas, determinar o valor das mensalidades e entregar o contrato de adesão

Então, a administradora tem até 90 dias para fazer a inserção em um grupo de consórcio. Você recebe acesso à Área de Clientes e pode conferir as datas das assembleias, que acontecem normalmente.  

Ao ser contemplado, você tem acesso ao valor integral de sua carta de crédito, que vai possibilitar a compra do bem que selecionou. Você tem tempo para negociar com o proprietário o valor da compra. 

Quando finalmente determinar o bem que quer comprar, você entra em contato com a administradora, para que ela faça a transferência do valor integral diretamente para a empresa ou o proprietário responsável pelo bem. Até o término do pagamento da sua cota, o bem fica alienado junto à administradora. 

Agora que você já sabe como funciona o consórcio, vamos explicar todo o mecanismo por trás das parcelas do consórcio. 

Parcelas do consórcio 

Como já antecipamos, a parcela do consórcio não possui cobrança de juros e pode ser determinada de acordo com os rendimentos mensais do consorciado.  

A seguir, vamos explicar todo o processo que compõe o cálculo do valor das parcelas. 

Simulação 

A simulação é a primeira etapa para determinar o valor das parcelas do seu consórcio. Após escolher o bem que deseja comprar, você tem acesso ao valor da carta de crédito e a quantidade de parcelas que deseja pagar. 

Cada bem possui suas próprias limitações de carta de crédito. Para o consórcio de serviços, por exemplo, as cotas são de até R$ 30 mil. Já para a compra de um imóvel, as cartas podem chegar a até R$ 500 mil. 

Por conta disso, os bens com valores mais elevados contêm uma quantidade maior de parcelas, com o objetivo de facilitar seu pagamento para os interessados.  

Após selecionar o valor do bem e a quantidade de parcelas, você já tem o retorno do valor de mensalidade, com o acréscimo das taxas de consórcio. Você pode simular o seu bem quantas vezes quiser, até encontrar o valor que faz mais sentido dentro de sua realidade. 

Vale lembrar que o consórcio é regulado pelo Bacen e, por via de regra, não permite que o valor da mensalidade seja 30% maior que os rendimentos mensais do interessado (considerando a soma de salários de todos os integrantes da família).  

Caso considere o valor máximo da carta de crédito insuficiente para a compra, você pode investir em mais de uma cota de consórcio. A soma dos valores, porém, não pode ultrapassar os 30% dos seus rendimentos mensais. 

Por mais que o simulador seja uma etapa importante para determinar o valor das mensalidades, é preciso a intermediação de um especialista de consórcio para o fechamento do seu contrato. 

Valor de carta de crédito 

Quando você escolhe o consórcio, não investe diretamente no bem - como acontece com o financiamento ou a compra à vista, por exemplo. Na verdade, o consórcio tem a carta de crédito como referência, que vai possibilitar a compra do bem que você selecionou. 

Como o consórcio é um investimento a médio e longo prazo para a compra de um bem, muitas pessoas escolhem o valor de carta de crédito já imaginando o bem que deseja comprar.  

Por exemplo: digamos que você tenha o interesse em comprar um apartamento em um bairro nobre da sua cidade. Pela sua pesquisa, você precisaria de um valor entre R$ 300 mil e R$ 400 mil para a sua carta de crédito e, por isso, utiliza este valor como referência em sua simulação. 

Mas, como a contemplação pode demorar alguns anos, principalmente se você tiver selecionado uma alta quantidade de parcelas, quando você for contemplado, pode ser que o valor da carta de crédito seja insuficiente para a compra.  

Como fazer em casos assim? 

Na verdade, você não precisa fazer nada, porque o consórcio faz a correção do valor da sua carta de crédito anualmente, sempre de acordo com a inflação do período. No caso do consórcio de imóveis, é levado em consideração o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que corrige anualmente os valores relacionados à compra de imóveis.  

Por conta disso, sua carta de crédito passa por uma correção que, consequentemente, vai afetar o valor das mensalidades. Por isso mesmo, a cada mês acontece o reajuste das mensalidades, para que você tenha acesso a uma carta de crédito que acompanhe a valorização do real. 

Ao ser contemplado com a carta de crédito, você tem poder de compra à vista para sua utilização. Isso pode possibilitar um desconto significativo em sua compra, afinal, muitas empresas e até pessoas físicas dão preferência em receber o valor total na transação. 

Você não precisa se preocupar em utilizar certinho o valor da sua carta de crédito ao ser contemplado. Se o bem tiver um valor inferior à sua carta, é possível utilizar até 10% do total para lidar com despesas burocráticas, como idas ao cartório, transferência de propriedade, entre outros gastos. E, mesmo que o bem tenha um valor superior à sua carta de crédito, a administradora não impede a contemplação, permitindo que você negocie com a própria empresa ou proprietário a forma de pagar o valor restante. 

Taxas do consórcio 

O consórcio não faz cobrança de juros, como acontece no financiamento. Na composição das parcelas do consórcio, você precisa lidar com dois tipos diferentes de taxas, que iremos explicar a seguir: 

  • Taxa de administração: é a forma de remunerar a administradora de consórcio por todos os serviços realizados. A administradora é responsável pela formação dos grupos, entrega dos contratos de adesão e das cartas de crédito, além de certificar de que todos os consorciados participantes se comprometerão com suas mensalidades. O valor da taxa de administração já é aplicado na mensalidade e é uma economia bem significativa quando comparada aos juros do financiamento, que podem fazer com que um bem custe o dobro ou mais do seu valor original. 

  • Fundo de reserva: é uma espécie de garantia para os grupos diante de casos de inadimplência. Como já explicamos, o consórcio só funciona com a contribuição de todos. Quando um ou mais integrantes deixam de contribuir, podem colocar os demais em risco. Por isso mesmo, eles não participam das assembleias, para não ser injusto com os demais integrantes. O valor de fundo de reserva também já fica incluso na mensalidade do seu consórcio. Este valor só é utilizado para cobrir casos de inadimplência dentro de um grupo. Se todos os consorciados do grupo se mantiverem comprometidos com as parcelas do consórcio, o valor do fundo de reserva é devolvido aos integrantes ao término do grupo - que acontece quando todos os integrantes são contemplados. 

Reajustes nas mensalidades 

Após passar pela simulação e fechar o contrato com a administradora, é preciso se manter comprometido com as mensalidades, para participar das assembleias.  

A cada aniversário da sua cota, porém, ela passa por reajuste no valor da mensalidade. Essa medida é feita para proteger o poder de compra do consorciado - conforme explicamos com o exemplo do imóvel. 

Enquanto o consórcio de imóveis tem o INCC como base, as demais categorias são corrigidas por conta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é utilizado como referência para a inflação anual. 

O percentual desses indexadores é aplicado diretamente no valor final da carta de crédito e, então, a administradora faz um novo cálculo, para aplicar nas mensalidades.  

É importante ter ciência de como funcionam os reajustes, para não ter uma surpresa negativa durante o pagamento do consórcio. Vale lembrar que o valor não é aplicado em benefício da administradora mas, sim, como forma de proteger o poder de compra do consorciado. Isso significa que você pode pagar mais na mensalidade a cada ano - mas, por outro lado, terá acesso a um valor superior de carta de crédito. 

Formas de contemplação 

Pelo consórcio, você pode ser contemplado de duas formas: por meio do sorteio ou por lance. Mas, por regra do Bacen, nenhuma administradora pode prometer quando o consorciado será contemplado. Isso pode acontecer nos primeiros meses de pagamento da cota, com o sorteio, ou até mesmo nos últimos.  

Por mais que o consorciado faça a oferta de um lance, a administradora não pode garantir que o seu valor seja o vencedor, por maior que seja.  

Caso queira antecipar a aquisição do seu consórcio, vale a pena juntar um dinheiro para o lance e tentar a contemplação.  

Para entender em detalhes como funciona cada forma de contemplação, vamos explicar a seguir os sistemas de sorteio e de lance dentro do consórcio. 

Sorteio 

Todos os consorciados que pagam corretamente suas mensalidades estão elegíveis ao sorteio. Eles acontecem nas assembleias. Pelo sorteio, você pode ser contemplado com o seu bem mesmo que não tenha terminado de pagar por sua cota. 

A Embracon utiliza o sistema da Loteria Federal para os sorteios.  

Lance 

Caso queira antecipar a sua aquisição, você pode fazer uma oferta de lance. Pela Área de Clientes, você apresenta a sua proposta, que deve ser feita até 24h da realização da assembleia. 

O valor mínimo de lance é de 10% da sua carta de crédito. Por exemplo, se estiver investindo em um consórcio de automóveis com carta de R$ 60 mil, o lance mínimo é de R$ 6 mil.  

Quanto maior a sua oferta de lance, maiores são as chances de ser contemplado.  

Quando você faz a sua proposta, não tem acesso às propostas dos demais. O que determina o vencedor do lance é o maior valor. Caso você tenha ofertado um valor, mas outro consorciado tenha sido contemplado por lance, sem problemas: o seu valor não chega a ser debitado, e você pode fazer uma nova oferta nos meses seguintes. É uma boa oportunidade de juntar um valor ainda maior e, assim, maximizar suas chances de contemplação. 

Além do lance livre, em que o maior valor determina o vencedor, também existem outras formas de fazer um lance, como: 

  • Lance fixo: quando há um valor prefixado para ser dado como lance. Caso haja mais de um interessado, é feito um sorteio para desempate. 

  • Lance embutido: quando se pode utilizar parte de sua carta de crédito para dar como lance. Geralmente, o máximo é de 25%. É uma boa forma de tentar a contemplação quando não se está capitalizado. 

Cada grupo de consórcio possui suas próprias regras em relação ao lance. Veja quais são as possibilidades dentro de seu grupo, para tentar outras opções além do lance livre.  

Como usar a carta de crédito ao ser contemplado 

Seja por meio do lance ou pelo sorteio, todo consorciado precisa passar pela análise de crédito antes de ter a sua carta de crédito liberada. 

As administradoras realizam esse procedimento para dar segurança aos demais integrantes do consórcio. Afinal, ao liberar a carta de crédito, é preciso garantir que o contemplado continue pagando as demais mensalidades, que servirão como contribuição ao fundo comum. 

Fique atento às documentações exigidas pela administradora, incluindo atualização cadastral, consulta aos órgãos de proteção ao crédito e checagem dos rendimentos mensais da sua família. 

Caso seja reprovado, você precisa participar novamente das assembleias e passar pelos mesmos procedimentos para ser contemplado.  

Mas, ao ser aprovado, finalmente você poderá utilizar a sua carta de crédito para a compra do bem que selecionou. 

No caso de ter ultrapassado o período de um ano, muito provavelmente sua carta de crédito virá com a correção. E, com o valor em mãos, você finalmente pode realizar a compra do bem que selecionou. 

Vale lembrar que a carta de crédito tem poder de compra à vista, o que possibilita uma excelente margem de negociação. Muitas pessoas preferem receber o valor à vista e, com isso, podem dar desconto de até 10% ou mais para a aquisição do seu bem. 

Pesquise com antecedência o bem que deseja comprar e, ao escolher, entre em contato com a administradora, para que ela faça a transferência do valor integral. 

Como deu para perceber, o consórcio é uma modalidade bastante flexível para a aquisição do bem que você tanto deseja. Sem a necessidade de pagar entrada ou ter que se comprometer com juros, todo o processo é transparente, para que você tenha uma excelente experiência de compra. 

Faça uma simulação de consórcio e aproveite os benefícios de uma modalidade que tem realizado cada vez mais os sonhos dos brasileiros.