Com o passar das décadas, a relação do brasileiro com a sua moradia mudou bastante. Se nos anos 1960 aos anos 1980 muitos partiram para as grandes cidades em busca de boas oportunidades de emprego, atualmente essas fronteiras começam a se romper.
Ainda antes da pandemia de Covid-19, já se observava um movimento de muitas pessoas que buscavam mais qualidade de vida em vez de um emprego com bom salário.
Uma pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que, nos últimos 20 anos, a economia de municípios com até 500 mil habitantes cresceu quase seis vezes, estimulando um índice cada vez maior de migração para essas cidades - que teve uma elevação de 17,4% ao longo desse período.
Tanto que, atualmente, 2 em cada 3 brasileiros moram em cidades pequenas e médias.
Com a pandemia, esse interesse tende a aumentar, principalmente com a possibilidade do trabalho remoto, que algumas companhias tendem a adotar a médio e longo prazo. Dessa forma, estar em um espaço físico deixa de ser determinante para que você consiga manter o seu emprego, por exemplo.
Claro que existem outros benefícios: algumas cidades possuem maior infraestrutura para lidar com diferentes tipos de problemas, enquanto outras, mesmo que menores, possuem menores índices de violência, tornando atrativas para moradia.
Mas, quais seriam as melhores cidades para se morar? Para ter uma boa ideia, vamos utilizar como referência o Desafio da Gestão Municipal (DGM), atualizado em 2021, que traz uma análise comparativa da evolução dos maiores municípios brasileiros.
Recentemente, eles revelaram um ranking com:
10 melhores cidades para morar;
10 melhores capitais para morar.
Para isso, quatro fatores foram levados em consideração: educação, saúde, segurança e saneamento + sustentabilidade.
A seguir, vamos mostrar as melhores cidades e, em seguida, as melhores capitais para se morar no Brasil.
10 melhores cidades do Brasil para morar
1. Maringá (PR)
A cidade de Maringá foi a que apresentou o melhor balanço dos índices de educação, saúde, segurança e sustentabilidade, de acordo com o ranking do DGM.
No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino fundamental, sua nota foi maior que a média dos 100 municípios do país analisados. Isso mostra que a cidade está bem preparada para o ensino básico, tornando-se uma ótima opção para quem quer dar educação de qualidade para os seus filhos.
Em Maringá, pelo menos 56% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em alguma creche, uma média de mais de 20 pontos percentuais superior à média nacional (que fica em 34,9%).
Quando se pega uma faixa ainda maior, ou seja, de crianças de 4 a 5 anos, este número chega a 100% dos matriculados. Sim, todas as crianças dessa idade, na cidade de Maringá, estão matriculadas em uma pré-escola (a média nacional é de 94,8%, para se ter uma ideia).
Além disso, a cidade se destaca por seu excelente índice de abastecimento de água e tratamento de esgoto, que atingem 100% de sua população e uma invejável cobertura de equipes de atenção básica, que chega a 80% (enquanto a média nacional é de 61%).
Com 430 mil habitantes, Maringá também se destaca por seus empreendimentos imobiliários e tem avançado bastante no abastecimento de energia solar. Vale lembrar que Maringá veio com a premissa de ser uma cidade planejada, com um índice de 26 metros quadrados de área verde por habitante (por ser localizada na Mata Atlântica).
2. Jundiaí (SP)
A cidade localizada no interior do estado de São Paulo também apresenta ótimos índices de educação e saneamento, que atende a até 100% de sua população. Sua taxa de mortalidade infantil é bem menor que a campeã Maringá, chegando a 7,3 por 100 mil habitantes.
No fator segurança, Jundiaí também apresenta bons números: sua taxa de homicídios por 100 mil habitantes é de 6,9 - bem inferior à média nacional, que chega a 20,4.
Embora seja conhecida como uma cidade pequena, com 423 mil pessoas, Jundiaí é a 8ª maior economia do estado de São Paulo, abrigando um parque industrial com mais de 500 empresas, incluindo gigantes como Coca-Cola, Kraft Foods, Ambev, entre outras, gerando oportunidades de emprego para milhares de pessoas da cidade.
3. São José do Rio Preto (SP)
Outra cidade paulista a figurar no ranking é São José do Rio Preto, que possui uma população de 465 mil pessoas e fica a 442 km de distância da capital de São Paulo.
A cidade é considerada a maior produtora de borracha do Brasil - para se ter uma ideia, ela responde por 58% de toda a produção nacional, gerando uma cadeia produtiva que cria milhares de empregos na região.
Aliás, nem só de borracha vive a cidade, que tem foco no agronegócio e uma ampla estrutura na área da saúde, com cobertura de 60,9% das equipes de atenção básica - acima da média nacional.
Com baixas taxas de violência e bons índices de educação, São José do Rio Preto tem atraído cada vez mais paulistanos que buscam uma cidade com boa infraestrutura de empregos, saúde, educação e segurança.
4. Piracicaba (SP)
Localizada a 150 km da capital de São Paulo, Piracicaba possui uma população estimada de 410 mil pessoas e é conhecida por ser uma das primeiras do país a se abrir para a industrialização após a decadência do ciclo do café e da cana-de-açúcar.
Por conta disso, a cidade teve tempo para se estruturar, com a construção da Rodovia do Açúcar, que faz a ligação da cidade com a Rodovia Castello Branco, servindo como rota para expandir seu alcance para novos distritos industriais.
A cidade ainda mantém sua força como um dos maiores pólos de produção de álcool e açúcar em todo o mundo, mas conseguiu diversificar bastante sua economia, levando isso para outras áreas. Em Piracicaba, o salário médio dos trabalhadores formais chega a 3,2 salários mínimos, maior que a média nacional. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade chega a 0,785, com 96% do total da população atendida por sistema de abastecimento de água.
5. São José dos Campos (SP)
São José dos Campos é uma região bastante atrativa para quem deseja migrar para uma cidade próxima da capital paulista. Aliás, muito antes do movimento de migração para cidades do interior, a cidade já se apresentava como opção para imigrantes libaneses e japoneses. Para se ter uma ideia, a cidade abriga metade do número de habitantes descendentes de japoneses em toda a região do Vale do Paraíba.
Localizada a 84 km da cidade de São Paulo, o processo de industrialização de São José dos Campos começou nos anos 1950, atraindo operários em massa que contribuíram para seu desenvolvimento. A cidade abriga a instalação de grandes empresas, como General Motors, Eriscon, Embraer e Petrobrás, diversificando sua economia e atraindo milhares de trabalhadores de toda a cidade. Vale destacar que a cidade é, atualmente, o mais importante pólo tecnológico da América Latina, abrigando o Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA) e o importante Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Por conta de tudo isso, a cidade possui uma boa infraestrutura para educação. Sua nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é de 6,7 pontos, maior que a média nacional. 100% das crianças de 4 a 5 anos estão matriculadas na pré-escola. Além disso, SJC apresenta bons índices de segurança (8,2 homicídios a cada 100 mil habitantes, bem abaixo da média nacional, de 20,1).
6. Franca (SP)
Franca fica localizada em uma região bem estratégica do Sudeste. Na região nordeste do estado de São Paulo, ela se situa entre três importantes polos econômicos: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, facilitando bastante o intercâmbio comercial entre essas capitais.
Além disso, Franca também se beneficia por estar próxima de Ribeirão Preto, uma das cidades mais ricas do interior de São Paulo. Porém, a cidade de Franca se diferencia por sua produção de calçados e por abrigar a principal escola de basquete no Brasil. A abundância de café ainda é responsável por gerar milhares de empregos. Entre todos os índices do DGM, destaque para seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do ensino fundamental I, que chega a 7,1 - a 4ª melhor posição entre as cidades analisadas pelo índice.
Vale destacar seus ótimos números em saneamento - que atingem 98,8% de esgoto tratado em toda a cidade - e de saúde - com taxa de mortalidade infantil em 7,1 para cada 100 mil habitantes, um dos menores em todo o país.
Nos últimos anos, a cidade tem desenvolvido bastante o setor de turismo, principalmente turismo náutico, de pesca, ecoturismo e aventura, por estar em uma região próxima aos Grandes Lagos, na divisa com o estado de Minas Gerais.
7. Curitiba (PR)
A melhor capital para se viver no Brasil fica situada no Paraná. A cidade se destaca na área da saúde, com uma taxa de mortalidade de 6,5 por 100 mil nascidos vivos. Esse índice tem diminuído bastante nos últimos anos, ajudando a cidade a melhorar sua posição no ranking do DGM.
A capital é rodeada por muitas áreas verdes e conta com mais de 30 parques e bosques. Conhecida como uma cidade bastante desenvolvida, Curitiba ocupa a 5ª posição entre os municípios com o maior PIB do país, com bastante geração de empregos. Além disso, o empreendedorismo é bem forte na capital paranaense, atraindo milhares de jovens com projetos de incentivos a startups.
Outro ponto forte é a sustentabilidade: Curitiba é tida como a cidade mais sustentável de toda a América Latina, de acordo com estudo realizado pela Siemens em parceria com a The Economist. Segundo a pesquisa, a cidade apresenta bons investimentos na construção de áreas verdes e governança ambiental global, com redução das emissões de efeito-estufa na atmosfera e boa qualidade do ar.
8. Taubaté (SP)
Próxima da região de São José dos Campos, dentro do Vale do Paraíba, fica a cidade de Taubaté, que se destaca pelo desenvolvimento do comércio e da indústria. Para se ter uma ideia, os segmentos de varejo e atacado geram mais de 400 mil empregos em toda a região, que abrange mais de 16 municípios próximos.
A cidade de Taubaté, por si só, tem cerca de 320 mil habitantes e abriga um importante polo industrial, com empresas como Volkswagen, LG, Alstom, Usiminas e Embraer dentro de sua estrutura. A cidade tem 100% de cobertura de abastecimento de água em toda a região e baixo índice de violência: são 9,5 homicídios para cada 100 mil habitantes, bem abaixo da média nacional.
Com boa qualidade de vida para seus moradores, a cidade se desenvolveu bastante no setor de serviços e tem aumentado bastante a participação de adultos no ensino superior.
9. Campinas (SP)
A cidade de Campinas fica a 98km da capital paulistana e se destaca por ser um dos maiores pólos comerciais e industriais de todo o país. Com 1,1 milhão de habitantes, Campinas é a 3ª cidade mais populosa do estado (atrás apenas de São Paulo e Guarulhos).
Seu impacto na economia é enorme: só Campinas representa 1% de todo o PIB do país, quase o equivalente ao PIB de países como Bolívia e Paraguai. Famosa por abrigar a prestigiada Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a cidade representa 10% de toda a produção científica nacional, se destacando como o 3º maior polo de pesquisa e desenvolvimento do país.
Nos últimos anos, o setor de serviços teve um crescimento exponencial na cidade de Campinas, gerando oportunidades de emprego. Mesmo sendo uma metrópole, Campinas tem diminuído bastante os índices de violência nos últimos anos: o levantamento mais recente mostrou que a taxa de homicídios na cidade é de 12,8 para cada 100 mil habitantes, abaixo da média de 20,1.
Uma cidade com aeroporto internacional, grandes edifícios e extenso parque industrial também desfruta de locais com tranquilidade, servindo como um ponto de equilíbrio perfeito para quem busca uma ótima infraestrutura e quer aproveitar os momentos de lazer e fins de semana em bosques, parques, planetário, auditórios, entre outros eventos.
10. Vitória (ES)
A capital do Espírito Santo já foi destaque de outras listas de melhores cidades. Em 2015, por exemplo, a ONU classificou Vitória como a segunda melhor cidade do litoral do país, por conta de sua qualidade de educação, expectativa de vida e renda dos moradores.
Aliás, a cidade se destaca como o lugar com a melhor infraestrutura em toda a região Sudeste, favorecendo o crescimento de pequenas e médias empresas.
Com cerca de 360 mil habitantes, Vitória possui um clima subtropical típico de cidades litorâneas. É uma cidade bem arborizada, com diversos parques. E, se você deseja morar em um lugar que tenha praia, Vitória tem tudo para ser a cidade perfeita para você, com praias rochosas, cheias de falésias, morros e flora à beira da água.
Com ares de interior, Vitória é uma capital bem desenvolvida, com ótimos índices de educação e segurança e que oferece uma ótima infraestrutura aos moradores e aos interessados em morar por lá.
10 melhores capitais do Brasil para morar
Agora que já destacamos as melhores cidades para se morar no Brasil, vamos elencar as melhores capitais, ainda considerando o ranking do DGM.
1. Curitiba (PR)
Como já descrevemos acima, Curitiba se destaca por sua sustentabilidade e excelente infraestrutura, apresentando ótimos índices de saúde, educação e segurança.
2. Vitória (ES)
A capital do Espírito Santo fica no litoral e se apresenta como uma excelente opção para quem quer ter a praia ao seu dispor, enquanto proporciona educação e segurança para toda a sua família.
3. Belo Horizonte (MG)
A capital mineira possui vários pontos comerciais: do popular ao alto luxo. Mas, quem mora em Belo Horizonte sabe muito bem o quanto a boemia se apresenta como um destaque: conhecida como a “capital brasileira dos bares”, BH tem uma noite bem agitada, atraindo milhares de jovens.
Com 2,4 milhões de habitantes, BH é a 6ª capital mais populosa de todo o país. Por conta disso, acaba apresentando percentuais menores de tratamento de esgoto e abastecimento de água - que, ainda assim, são maiores que a média nacional. A cobertura de equipes de atenção básica é bem superior à média: para se ter uma ideia, ela atinge 98,7%, sendo que a média é de 61,1%.
4. São Paulo (SP)
A capital mais populosa do Brasil, e que tem maior impacto no PIB nacional, também figura entre as melhores cidades para se viver no país.
É uma cidade que possui boa cobertura de transportes públicos, diversos imóveis à venda e sem falar, claro, na grande geração de empregos, principalmente na área de serviços, que tem crescido bastante nos últimos anos.
O abastecimento de água chega a 99,3% de toda a população de uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes. Embora São Paulo seja conhecida nos noticiários por casos de violência, sua taxa de homicídios é bem menor que a média nacional: são 3,7 casos para cada 100 mil habitantes (sendo que a média é de 20,1). A taxa de óbitos no trânsito também é menor que a média, chegando a 7,4 casos por 100 mil habitantes - enquanto a média é de 10,1 casos.
Se o trânsito não for um problema para você, São Paulo pode ser uma ótima opção de moradia, principalmente para quem busca oportunidades de emprego e uma variedade única de opções de lazer.
5. Florianópolis (SC)
Por muito tempo Florianópolis se apresentou como uma das melhores cidades para se morar no Brasil, principalmente por conta do equilíbrio de belas praias e sua ótima infraestrutura.
Nos últimos anos, a cidade tem se destacado como importante polo tecnológico, atraindo diversos empreendedores. Inclusive, é bem comum se deparar com alguma startup que esteja resolvendo algum problema por meio da tecnologia no polo de Florianópolis.
Destaque para o percentual de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creche, que chega a 52,7% - bem maior que a média, que é de 34,9%. A cidade apresenta alguns problemas de saneamento, principalmente com atendimento e tratamento de esgoto (que ficam abaixo da média nacional), mas possui uma ampla cobertura de equipes de atenção básica, que chega a 91,7% em todo seu território.
6. Palmas (TO)
Palmas é uma das cidades mais novas do país - assim como o próprio estado de Tocantins, que foi criado após a Constituição de 1988. Portanto, trata-se de uma cidade planejada, apresentando a melhor qualidade de vida entre todas as cidades da região Norte do país.
De acordo com o IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores formais é de 4 salários mínimos. Sua população estimada é de 313 mil pessoas, com destaque para os setores agropecuário e de serviços, responsáveis pela maior geração de empregos na cidade
7. Campo Grande (MS)
A capital do Mato Grosso do Sul se destaca por seus bons índices de saneamento. Com uma população de 906 mil habitantes, a cidade tem sua economia ancorada pelos ramos agropecuário e siderúrgico, mas com bom crescimento na área de serviços.
8. Goiânia (GO)
Localizada a 209 km de Brasília, a capital de Goiás é o município com a maior área verde por habitante (94 metros quadrados por pessoa) e possui um projeto urbano alinhado à responsabilidade ambiental. Ainda assim, sua infraestrutura atende quem quer morar em um local com boas oportunidades e índices positivos de saúde, saneamento e segurança.
9. Rio de Janeiro (RJ)
Em termos de saneamento, a cidade de Rio de Janeiro se mostra bem acima da média. No quesito segurança, o Rio apresentou uma grande melhora, principalmente entre 2018 e 2019, ano em que sua taxa de homicídios reduziu para 11,1 a cada 100 mil habitantes - quase 10 pontos a menos que a média nacional. Com diversos empreendimentos imobiliários, a cidade tem se desenvolvido mais, se apresentando como boa opção de moradia.
10. Porto Alegre (RS)
Por fim, Porto Alegre também figura no ranking de melhores capitais para se morar - uma queda de 7 posições desde o último levantamento. A cidade do Rio Grande do Sul tem foco na agricultura e na construção civil, gerando boas oportunidades para seus moradores.
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