O Brasil tem uma população habituada ao consumo. Na primeira década do milênio, o estímulo ao mercado de consumo interno focou a inclusão de famílias que antes estavam fora do radar das empresas. No entanto, apenas recentemente os brasileiros estão aprendendo o que é consumo consciente.
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apenas três em cada dez brasileiros podem ser considerados consumidores conscientes.
Mas o que é consumo consciente? Tem a ver apenas com a saúde financeira ou está relacionado a outros aspectos? Continue a leitura deste artigo para entender.
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O que é consumo consciente
O consumo é parte fundamental das relações sociais, pois gera riqueza, é bom e saudável para a sociedade.
Pesquisadores relatam que a experiência de compra ativa os centros de prazer no cérebro, liberando um neurotransmissor chamado dopamina, responsável pela sensação de prazer.
Na verdade, seria difícil imaginar a vida em sociedade sem as operações diárias de compra e venda. Ou, como poderíamos ter direito a uma propriedade se ela não fosse obtida em uma transação comercial.
Por outro lado, o estilo de vida consumista - ou seja, de consumo em excesso — tem impactos na sociedade e na natureza.
Para suprir a demanda, os fabricantes passam a buscar mão de obra barata, usam componentes tóxicos ou produzidos em função de exploração infantil e degradam o meio ambiente para manter o ritmo de produção.
O papel do consumo consciente é trabalhar no lado da demanda — os consumidores —, educando-os para práticas de consumo saudáveis, tanto para eles quanto para a sociedade e o meio ambiente.
Consumidores conscientes estimulam boas práticas de negócios, inovação em produtos e serviços e contribuem para diminuir a degradação ambiental.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o consumo consciente é um ato voluntário, cotidiano e solidário das pessoas para aumentar os impactos positivos e mitigar os negativos que a nossa presença causa no ambiente, nas relações sociais e na economia.
Uma pesquisa do órgão aponta que dois em cada três brasileiros não conhecem o conceito de consumo consciente. Para entender melhor do que se trata, basta separar o conceito em três pilares:
educação financeira;
sociedade;
meio ambiente.
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Educação financeira
De acordo com uma pesquisa do Datafolha, 65% dos brasileiros não poupam com objetivos de longo prazo. Entre as camadas mais ricas, não é diferente: cerca de 50% deles não têm reservas.
O consumidor prefere ceder aos impulsos imediatos, adquirindo produtos ou serviços de que não necessita de maneira irrefletida.
Essa prática leva ao endividamento, situação que atinge quase 60% das famílias brasileiras.
Por mexer diretamente no bolso, esse aspecto é o que mais chama a atenção para o consumo consciente. A pesquisa "O consumo consciente no Brasil", realizada pela Shopper Experience, aponta que 92% dos brasileiros se enxergam como responsáveis pelo consumo consciente.
Segundo o estudo, essa conscientização foi estimulada pelo endividamento. O planejamento que precede as compras, o uso consciente do crédito, a criação de um orçamento familiar, a pesquisa de preços e o menor apego às marcas são aspectos que têm mudado na cabeça do consumidor brasileiro.
Responsabilidade social
Dinheiro não é tudo. Para consumir de forma consciente, o consumidor também deve saber com quem faz negócios e usar a sua decisão de compras para forçar práticas mais sustentáveis.
A regra também vale para empresários — que dependem de fornecedores — e para investidores. O cadastro do trabalho escravo, do Ministério do Trabalho, aponta 131 empregadores em todo o Brasil que exploram pessoas em condição análoga à escravidão. São pessoas que dormem ao relento, trabalham sem limite de horas, não recebem salário e se alimentam de comida estragada.
Essas pessoas extraem a matéria-prima ou produzem os bens que consumimos nas lojas. Ao recusar adquirir um produto com esse tipo de origem, você age como um consumidor consciente.
Quando outros consumidores agem da mesma forma, os responsáveis pela oferta são forçados a adequar seus processos para garantir a conformidade dos produtos.
Apesar de ser uma mudança de natureza cultural e lenta, o consumo consciente é fundamental para melhorar as condições de vida das pessoas e da sociedade como um todo.
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Sustentabilidade ambiental
O mesmo vale para o meio ambiente. As pressões exercidas pelo estilo de vida sobre os limites do planeta já são questionadas desde a década de 1960 por iniciativas que englobam empresas, sociedade civil e governos.
Nas últimas cinco décadas, a população passou de 3 bilhões de pessoas para 7 bilhões. De acordo com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, até o início da década de 2000 cerca de 60% dos bens e serviços haviam sido descartados ou utilizados de maneira insustentável.
O número de zonas mortas no oceano era equivalente à área do Reino Unido. Já a queda na população de abelhas ameaça culturas agrícolas e a manutenção dos ecossistemas.
Todos esses fatores estão associados ao comércio e à atividade humana no planeta.
O consumo consciente, portanto, está associado ao impacto que cada pessoa provoca no ambiente — da compra, passando pelo uso, até o descarte.
Quais são as despesas supérfluas que podem ser cortadas do dia a dia?
Exemplos de práticas conscientes de consumo
Usar racionalmente o crédito
Os limites do cartão de crédito e do cheque especial não fazem parte da sua renda. Quando esses produtos financeiros são utilizados de forma irrefletida, o consumidor assume uma dívida crescente.
Com o dinheiro do crédito, acaba adquirindo produtos supérfluos.
Para evitar esse comportamento, deve-se aprender a viver apenas com o que se recebe de salário, aposentadoria ou rendimentos. Outra ação é investir dinheiro a médio e longo prazos.
Adaptar o padrão de consumo ao real poder aquisitivo evita, por exemplo, parcelar prestações atrasadas. Se precisar comprar um bem de alto valor, vale a pena ir atrás de modalidades de compra mais baratas.
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Reduzir, reutilizar e reciclar
O conceito é amplamente adotado na administração pública brasileira e vale também para os consumidores.Os termos estão na ordem de prioridade:
diminua o consumo e analise a real necessidade de comprar algo novo;
reutilize produtos antes de descartá-los;
encaminhe para reciclagem tudo o que pode ser reaproveitado.
Em vez de descartar o smartphone sempre que um modelo mais novo for lançado, use-o enquanto ele funciona. Se o suporte ao hardware for descontinuado pelo fabricante, encaminhe o aparelho para um centro de recolhimento de lixo eletrônico.
Valorizar as boas práticas das empresas
Grandes empresas, por exemplo, publicam relatórios de sustentabilidade anuais, nos quais indicam quanto foi economizado em recursos e quais práticas foram adotadas para diminuir o impacto ambiental e social.
O consumidor consciente também pode se manter informado por meio dos noticiários e, de quebra, evitar fazer negócios com empresas que atuam de forma predatória ou que se envolvem em escândalos.
O consumo consciente é a melhor arma dos consumidores para transformar a realidade socioambiental do planeta. Além disso, é um caminho para cada pessoa viver mais feliz com o que tem e o que produz.
Adotar boas práticas de consumo é bom para você, para as pessoas que vivem com você e para o ambiente.
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