Você já teve aquela sensação de que os boletos parecem se acumular em janeiro?
Que depois das festas, o ano já começa meio arrastado? Pensando bem, faz sentido pois às contas do dia a dia se juntam os gastos com Natal, Ano Novo e presentes - para os outros e para a gente, que afinal de contas trabalhamos e merecemos.
Mas, o primeiro mês do ano também costuma vir acompanhado de carnês caprichados. A primeira coisa a fazer é saber exatamente quais são e qual o impacto que estes boletos terão no seu orçamento.
Planeje-se
Falar de planejamento financeiro parece mais difícil nessa época, porque é fácil se deixar levar por extravagâncias nas férias e esta é a época em que a maioria das empresas dá o famoso recesso coletivo e queremos aproveitar cada momento.
Infelizmente é também a alta do mercado de turismo e hospitalidade e tudo parece custar ainda mais caro. Por isso mesmo, ter a cabeça bem equilibrada em cima do pescoço vai ajudar a te fazer passar por este período de forma mais tranquila e evitar gastos indesejados com juros de cartão e cheque especial. Palavra-chave: planejamento.
IPVA
Se você tem um veículo já sabe que as vantagens da independência de locomoção vêm atreladas a pagamentos de impostos, sendo o mais salgado deles o Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores, o IPVA.
Diferente do licenciamento que depende do final da placa, ele sempre deve ser pago no início do ano. Pode ser à vista com desconto, que varia para cada estado da União ou parcelado.
O estado de São Paulo, por exemplo, divulgou a tabela de 2023 em dezembro de 2022 e manteve o benefício que concedeu no ano passado de parcelamento em 5 vezes do IPVA ou um abatimento de 3% do valor para quem paga à vista.
No Rio de Janeiro, a opção de parcelamento é em até três vezes, enquanto o desconto na parcela única é dos mesmos 3% (IPVA - RJ). Parece pouco, mas é um percentual bem maior do que o rendimento da poupança e da maioria das aplicações financeiras mais conservadoras.
O valor costuma ser maior quanto mais novo é o veículo e o cálculo, assim como o desconto concedido, varia de estado para estado. O preço é calculado em cima do valor do veículo na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e multiplicado pela alíquota estadual. Como varia bastante você pode encontrar calculadoras on-line que fazem o trabalho por você. Esta matéria reuniu os links para todos os Detrans e fez uma tabelinha das alíquotas.
Para onde vai o dinheiro arrecadado? Se você pensou que vai para a manutenção de vias e rodovias, acertou em parte. O montante é partilhado pelo estado e pelo município e além de melhorias na infraestrutura do trânsito vai para várias outras áreas como a saúde, a educação, segurança pública e financiamento de projetos sociais. Não existe vinculação entre a arrecadação do IPVA e a construção ou conservação de estradas, avenidas, viadutos e pontes.
IPTU
Outro imposto que dá as caras no início de todos os anos é o Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU. É um tributo municipal cobrado de todos que tenham imóveis registrados em seu nome, residenciais ou comerciais. É cobrado por imóvel e não por contribuinte, portanto um valor é designado para cada imóvel individualmente.
Como o IPVA, pode ser pago à vista ou parcelado e tem a mesma característica de variar de acordo com o local, não tendo uma taxa única como base de cálculo para todas as prefeituras. Uma fórmula básica seria:
Área do terreno ou da edificação x valor unitário padrão residencial (depende, em cada cidade) x idade do imóvel x localização x tipologia residencial (características da construção).
Vale ressaltar que o valor utilizado é o valor venal, determinado pelo Poder Público, cujos critérios utilizados nem sempre correspondem ao valor de mercado.
Também deve-se destacar que o IPTU é um tributo urbano, com uma alíquota diferente do Imposto Territorial Rural, ITR.
Para onde vai o dinheiro arrecadado? Vai para os cofres do município para ser usado em diferentes contas da administração pública, entre elas salários de servidores e contratos de prestação de serviços, como a coleta de lixo, por exemplo.
Matrículas e materiais escolares
Quem tem filhos em idade escolar sabe o quanto pesa no bolso o começo do ano letivo. Além de se preparar para o gasto, com o planejamento antecipado é possível economizar em alguns casos.
Para quem tem mais de dois filhos, mantê-los na mesma escola pode trazer desconto nas mensalidades e matrícula. Outra opção é pleitear uma bolsa total ou parcial ou mesmo tentar suavizar a matrícula parcelando junto a algumas mensalidades. São opções que devem ser conversadas individualmente com as instituições de ensino.
O material do novo ano letivo e o uniforme também pesam mais nesta época do ano nos gastos com educação. Ainda mais agora, com a informatização e muitas escolas pedindo que os alunos tenham acesso a bons computadores com conexões mais rápidas, além de notebooks e tablets para uso em classe em muitas instituições particulares.
Os pais menos antenados podem se assustar com estes requerimentos, acostumados a pensar apenas em cadernos pautados e um novo conjunto de lápis, canetas Bic, apontador e borracha. Os tempos são outros e os gastos também se modernizaram. Tendo em conta que os aparelhos vão ser manuseados por crianças, pense em incluir na programação um possível seguro.
Reaproveite: se o material do ano passado ou do filho mais velho ainda está com boas condições, não se desfaça, use para os mais novos ou venda para outros alunos. Os grupos de pais servem não apenas para organizar festas do pijama e atividades escolares extracurriculares. Não tenha vergonha de oferecer ou solicitar material, é mais comum do que você pensa. Algumas escolas inclusive já tem este esquema de brechó informal bastante estabelecido.
Uma forma de se planejar para um curso de formação mais caro é fazer um consórcio de serviços voltado à educação. Planejamento familiar é um desafio e utilizar ferramentas oferecidas pelo mercado para reforçar reserva financeira é uma ótima forma de se programar para os gastos.
Festas, presentes e viagens
A boa notícia é que estes costumam ser gastos agradáveis, desejados pela maioria. Afinal, quem é que não gosta de planejar as férias? Ou pensar no sorriso dos amigos e familiares ao abrir o presente que escolhemos? Se forem crianças então… todos os corujas da família parecem competir para levar o maior pacote e arrancar aquele super agradecimento - que vai para o Papai Noel!
Planeje-se, avalie sua lista com antecedência, verifique o pode ser parcelado ou o que pode ser negociado, um desconto à vista pode ser uma boa forma de economizar. Pense antes para não sofrer com juros depois.
Não deu para presentear como gostaria este ano? Paciência, o que vale é a intenção, não se endivide para agradar os outros. Esta recomendação é um pouco austera, mas vale também para quem vai sediar a confraternização.
Não é vergonha pedir a colaboração de todos para os comes e bebes, afinal é uma festa para todos e quem não pode pagar em dinheiro sempre pode trazer um doce ou salgado. Aliás, esta é uma celebração de receitas favoritas na maioria das casas, a torta daquela tia querida, o pudim da vovó, as rabanadas da prima e a farofa caprichada da cunhada. Não é fã de comida natalina? O macarrão da mama e o churrasco do cunhado são sempre uma ótima pedida. É só designar quem traz o vinagrete ou o queijo ralado. Não esqueça de computar as bebidas e a arrumação da bagunça.
Programar uma viagem é parte das férias, por isso mesmo quanto antes começar melhor. Escolha o destino, verifique as opções de hospedagem e de acesso, avalie o gasto com alimentação e passeios. O seu sonho é um passeio de balão? Um safári?
Anuidades e seguros
Para exercer algumas profissões, além do diploma e do registro (número que identifica todos os profissionais atuantes em atividades regulamentadas, garantindo que o exercício profissional se dê da maneira estabelecida na Lei) é necessário participar e pagar conselhos profissionais. É o caso de médicos, advogados, engenheiros, contadores e outros. Esta anuidade é salgadinha e normalmente precisa ser paga no início do ano.
Alguns seguros também são renovados neste período, de vida, residencial e mesmo os de veículos. Estas são contas que não podem ficar em atraso pois garantem a segurança dos seus bens. Confira suas apólices, ligue para o seu corretor e verifique se está tudo certinho para não se esquecer de nenhuma parcela.
Já deu para perceber que por mais que as contas do início do ano sejam pesadas, mais sofre com elas quem não se prepara. Não deixe que isto seja um problema para você, fique com os compromissos em dia, gaste com responsabilidade.
O ideal é ter um controle rigoroso, detalhado, o que facilita na hora de pagar as contas não apenas as do início, mas ao longo do ano todo. Sabendo exatamente como e onde vai o seu dinheiro e quanto sobra é possível fazer uma reserva para investir e aumentar seu patrimônio.
A Embracon é representada pela ABAC, Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio, que junto ao Banco Central do Brasil regulamenta e fiscaliza o setor. Para mais conteúdos e dicas sobre educação financeira, acesse o blog da instituição!