O consórcio é uma forma de investir em bens de alto valor sem precisar se preocupar com valor de entrada ou pagamento de juros. Você não sai com o bem na hora, mas consegue planejar a compra do que realmente deseja sem ter que pagar mais caro por ele.
Digamos que você e sua família queiram comprar um carro. Ao analisar o mercado, identificaram que precisariam de, pelo menos, R$ 50 mil para efetuar essa compra. Trata-se de um alto valor, logo, você não dispõe desse dinheiro no momento.
Existem duas opções bem conhecidas: ou você junta o dinheiro para a compra do bem que necessita ou tenta encurtar esse caminho por meio de um financiamento.
Para juntar o dinheiro, você precisa ter bastante disciplina. Atingir os R$ 50 mil pode demorar mais do que se imaginaria, principalmente se a família não dispõe de um alto salário em seus rendimentos mensais.
A opção do financiamento acaba se tornando atrativa mas, ainda assim, é preciso ficar atento a algumas regras das instituições financeiras: é necessário ter o valor de entrada, geralmente 20% do total do bem (ou R$ 10 mil no caso da compra de um carro de R$ 50 mil). O valor restante também precisaria ser parcelado com acréscimo de juros. Nos cálculos, você verá que o financiamento torna a compra mais cara, mas ajuda a viabilizá-la.
Existe também a terceira opção, que é o consórcio. Com ele, você não precisa se comprometer com valor de entrada e nem paga juros pelas mensalidades.
Mas, como esse sistema realmente funciona?
A seguir, vamos explicar tudo sobre o consórcio e mostrar em quais momentos realmente vale considerá-lo como boa opção para a compra do bem que tanto deseja.
O que é o consórcio?
Criado no Brasil em meados dos anos 1950, o consórcio surgiu em um momento em que as pessoas tinham dificuldades para a compra do seu primeiro automóvel. Por conta disso, sua história se confunde com o crescimento do mercado de carros no país.
Desde que foi criado, sua essência se manteve. Basicamente, um grupo de pessoas se reúne para viabilizar a compra de um bem de alto valor. Para que tudo funcione, todos os integrantes precisam contribuir mensalmente com o valor para o consórcio. E, para que todos tenham as mesmas chances de ter acesso ao bem, uma vez por mês é feito um sorteio entre os participantes. Pode acontecer de o consorciado ser contemplado nos primeiros meses de pagamento da sua cota ou somente nos últimos meses.
Mesmo que tenha acesso ao valor para a compra do bem, é preciso se manter comprometido com os pagamentos mensais, para que haja dinheiro suficiente para a contemplação de todos.
Por mais que tenha surgido de uma maneira informal, aos poucos as concessionárias e instituições financeiras perceberam o potencial do consórcio. Assim, a categoria foi se amadurecendo, tornando-se devidamente regulada pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e com órgãos representativos importantes, como a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC).
Com isso, somente administradoras autorizadas pelo Bacen podem oferecer todos os serviços de um consórcio.
Além de dar a possibilidade de comprar um bem de alto valor, a administradora de consórcio é responsável por todo o processo de contemplação, com a oferta das cartas de crédito, a formação dos grupos, as contemplações e a entrega do valor para a compra do bem.
Mas, como tudo isso funciona na prática? Vamos explicar a seguir.
Como fazer um consórcio
O primeiro passo para fazer um consórcio é escolher o bem que deseja comprar. Depois, vale a pena determinar qual seria o valor necessário para a compra desse bem - por mais que se trate de um valor elevado.
Ao escolher o que deseja comprar, o primeiro passo é fazer a simulação de consórcio. Essa etapa é importante porque permite entender qual seria o valor necessário para a sua compra e até mesmo determinar a quantidade de mensalidades em que deseja dividir esse pagamento.
O simulador é um mecanismo bem dinâmico. Isso significa que você pode visualizar quantas vezes for necessário qual seria o valor ideal para a compra que deseja fazer.
A primeira informação pedida é o valor da carta de crédito, que corresponde ao bem que deseja comprar. Cada bem possui um limite de carta. Caso tenha interesse em comprar um carro de valor mais elevado, você pode investir em mais de uma cota de consórcio de automóveis.
Depois disso, você seleciona a quantidade de mensalidades para pagar por este valor.
Como retorno, o simulador já determina a mensalidade que deve ser paga, com acréscimo das taxas de consórcio, como taxa de administração, que remunera a empresa por todos os serviços realizados, e fundo de reserva, que funciona como uma garantia em casos de inadimplência de um ou mais integrantes do grupo de consórcio.
As taxas já são prefixadas - bem diferente dos juros compostos do financiamento, por exemplo. Quando você financia o bem, a instituição financeira determina um percentual de juros, que é aplicado mensalmente. Ao calcular o valor a prazo de um bem financiado, você verá que terá que pagar o dobro ou até mais pelo bem. Com o consórcio, porém, você já sabe de antemão o valor das parcelas.
A cada ano, a administradora realiza um reajuste nas mensalidades em prol do consorciado. Trata-se de uma medida imposta pelo Bacen para que nenhum consorciado seja prejudicado com a inflação.
Quando você faz a simulação de um bem de consórcio, espera que o valor da carta de crédito seja suficiente para a compra. Porém, com o passar dos anos, o dinheiro pode se desvalorizar por conta da inflação, variações da moeda estrangeira, entre outros fatores econômicos.
Para que o consorciado não perca seu poder de compra, a cada aniversário anual de sua cota, a administradora aplica a correção na sua carta de crédito, considerando os índices relativos ao bem. Por exemplo, para o consórcio de automóveis é utilizado o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) como parâmetro, enquanto o consórcio de imóveis tem o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) como indexador anual.
O reajuste é aplicado diretamente na carta de crédito. É feito um novo cálculo, então, para determinar o valor das mensalidades.
Portanto, ao lidar com o reajuste, você está investindo em um valor superior para a carta para não ser impactado com a perda do poder de compra. Não se trata de um valor a mais em benefício da administradora de consórcio.
Após passar por todo o processo de simulação, um especialista de consórcio entra em contato para explicar todos os detalhes e formalizar o contrato de adesão. Nesse momento, é feita uma primeira análise de crédito: o valor da mensalidade (ou das mensalidades, caso opte por mais de uma cota) não pode ser 30% superior aos rendimentos mensais do interessado. Para a análise desses rendimentos, é verificado o salário de todos os integrantes da família.
Essa medida, exigida pelo Bacen, serve para diminuir o risco de inadimplência por parte dos consorciados.
Durante o contato com o especialista, aproveite para tirar todas as dúvidas sobre o seu consórcio e determine o valor que seja mais condizente com sua realidade financeira. Quanto menor for o impacto das mensalidades do consórcio em suas finanças, maiores são as chances de ter uma experiência positiva com a modalidade.
A seguir, vamos detalhar como funciona o consórcio em andamento.
Como ser contemplado no consórcio
Ao fechar o contrato com a administradora, você começa a investir em sua cota. Isso significa que precisa realizar o pagamento das mensalidades conforme acordado, sem ter que se comprometer com valor de entrada ou pagamento de juros.
Após o fechamento do contrato, a administradora tem até 90 dias para fazer a inserção em um grupo, geralmente com pessoas com interesses parecidos com o seu.
Quando se torna um consorciado, você participa mensalmente das assembleias. São elas que determinam as contemplações aos integrantes do grupo. É possível acompanhar as assembleias pela Área de Clientes.
É possível ser contemplado de duas formas no consórcio: pelos sorteios ou com a oferta de um lance.
Com o sistema de sorteio, todos têm as mesmas chances de contemplação. Assim como funcionava desde sua criação, é possível ser contemplado tanto nos primeiros, quanto nos últimos meses de pagamento da sua cota. Nenhuma administradora autorizada pode prometer quando o sorteio vai acontecer. A certeza é que, até o pagamento total da sua cota, você terá acesso ao valor da carta de crédito para a compra do bem.
Caso não queira ser contemplado por sorteio, você pode fazer a oferta de um lance, que é um valor a mais que todos podem oferecer. Trata-se de uma oferta às cegas, ou seja, não é possível ver os valores que os demais consorciados estão ofertando. Pelo lance livre, que é a modalidade mais comum de lance, o maior valor determina o vencedor. Ao ser aprovado, o contemplado por lance também passa pela análise de crédito e, estando tudo certo, debita o valor para a administradora - que vai descontar das últimas mensalidades de sua cota, sempre da última para a mais recente.
É possível fazer a oferta de lance quantas vezes achar necessário. Além de garantir sua contemplação com antecedência, o lance ajuda a quitar sua cota de consórcio mais rapidamente. Por isso mesmo, vale a pena avaliar o melhor momento para a sua oferta.
Caso outra pessoa seja contemplada quando você fizer a sua oferta, não se preocupe: você pode tentar nos meses seguintes - uma boa oportunidade para juntar um valor ainda mais elevado e, assim, aumentar as chances de contemplação.
Independente da forma que for contemplado, você precisa passar pela análise de crédito. Neste momento, a administradora verifica suas informações pessoais e consulta seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, para verificar seu status de bom pagador. Essa medida é importante, para garantir segurança aos demais consorciados do grupo. Afinal, quando uma pessoa deixa de pagar pelo consórcio, pode comprometer o sistema inteiro. Por isso, a administradora precisa garantir que o contemplado continue pagando as parcelas de sua cota, para continuar contribuindo com o grupo.
Após passar pela análise de crédito, a administradora faz a liberação da sua carta de crédito, que pode ser utilizada integralmente para a compra do bem.
Vale lembrar que a carta de crédito dá poder de compra à vista para o consorciado. Basta indicar o bem e a empresa, para que a administradora faça a transferência do valor para possibilitar a compra do bem.
Se o valor da carta for superior ao bem que deseja comprar, você pode utilizar até 10% dele para despesas burocráticas, como idas ao cartório. Mas, se o bem tiver um valor superior à sua carta, não se preocupe: a administradora faz a liberação do valor da mesma forma, e você pode negociar com o proprietário ou empresa responsável como pagar o valor restante com os seus próprios recursos.
Agora que você já conhece como funciona, vamos explicar o que é possível comprar com o consórcio.
O que posso comprar com o consórcio
A seguir, vamos explicar o que é possível comprar com a carta de crédito. É preciso escolher uma dessas categorias, que possuem valores de carta de crédito e quantidade de parcelas específicas. Confira.
Consórcio de automóveis: se você deseja comprar um novo veículo ou um seminovo (contanto que tenha, no máximo, cinco anos de utilização), pode contar com o consórcio de automóveis. Também é possível dar o seu carro usado como lance: pelo Troca de Chaves.
Consórcio de moto: para quem quer realizar o sonho de ter uma moto nova na garagem, ou até mesmo uma seminova.
Consórcio de imóveis: a modalidade perfeita para quem quer investir na casa própria. É possível comprar um apartamento decorado, apartamento na planta, uma casa já construída ou até mesmo um terreno, para quem quer deixar o imóvel do jeito que deseja. Também é possível comprar imóveis para investir, seja para o seu empreendimento ou para aluguel para outras empresas.
Consórcio de pesados: para a compra de caminhões, vans, ônibus ou até mesmo maquinários agrícolas.
Consórcio de serviços: diferentemente das outras categorias, o consórcio de serviços é voltado para novas experiências, que vão de diferentes tipos de aprendizagem à mudança estética. Ao fechar um contrato de consórcio de serviços, você pode investir em viagens, estudos (escola, faculdade, pós-graduação, cursos livres e até mesmo intercâmbio), reforma (para sua casa, apartamento ou empreendimento comercial), cirurgias e festas (como aniversários, festas de debutante, casamento etc).
Ao selecionar uma dessas categorias, não é possível trocá-la após o fechamento do contrato. Portanto, avalie o que realmente deseja e defina o melhor valor de carta de crédito para o bem ou serviço que deseja.
Por que vale a pena pagar um consórcio
Existem muitas vantagens de contar com o consórcio na hora de investir em um bem ou serviço de alto valor. A seguir, vamos elencar em quais momentos o consórcio se apresenta como uma boa opção.
Você não precisa estar capitalizado
Isso significa que não é preciso ter um alto valor para iniciar o pagamento da sua cota. Afinal, o consórcio não faz cobrança de entrada. Após a simulação, você determina o valor da mensalidade e precisa realizar o pagamento na data correta, para que possa ser contemplado.
Seu bem não desvaloriza
Uma das maiores vantagens do consórcio é que você não tem o seu bem desvalorizado. Enquanto realiza o pagamento da sua cota, o valor da carta de crédito é corrigido de acordo com os índices inflacionários. Dessa forma, você paga por um valor mais justo pelo seu bem quando for contemplado.
Sem falar que você não precisa escolher o bem no momento da simulação. É possível pagar por sua cota tranquilamente e só tomar a decisão do que realmente comprar quando tiver com a carta de crédito em mãos.
Liberdade para determinar o valor do consórcio
A simulação é a melhor forma de determinar o melhor valor de mensalidade para o pagamento da sua cota. Se você tiver um planejamento financeiro, pode utilizar essa funcionalidade a seu favor, e determinar um valor de mensalidade que esteja condizente com a sua realidade.
Aproveite essa facilidade para determinar o valor que realmente precisa para a compra do bem. Você pode pesquisar com antecedência e, quando tiver uma ideia do valor, já pode iniciar a sua simulação.
Vale lembrar que, ao ser contemplado, você não precisa utilizar todo o dinheiro da sua carta de crédito na transação.
Melhor opção para o seu planejamento financeiro
Se você não tem pressa para realizar o seu sonho, o consórcio é a melhor forma de investir em um bem ou serviço.
Você não precisa utilizar o valor da sua reserva de emergência ou de suas aplicações, por exemplo, para pagar valor de entrada. Caso tenha uma planilha financeira, você pode determinar com antecedência o valor ideal de sua mensalidade e realizar normalmente o processo de simulação.
Por ser um tipo de compra planejada, o consórcio funciona melhor como aliado das suas finanças pessoais. Portanto, se organize com antecedência para ter uma boa experiência pagando pelo seu bem.
Você pode tentar o lance quando quiser
Caso não queira aguardar os sorteios nas assembleias, você pode se organizar para tentar o lance em seu grupo. Quanto maior o valor da oferta, maiores são as chances de ser contemplado.
O lance pode ser registrado na sua Área de Clientes. Caso queira trocar de carro, pode contar com o Troca de Chaves para fazer a oferta do seu usado. No caso específico de consórcio de imóveis, é possível utilizar os recursos do seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Consulte o seu saldo e, para efetivar a oferta, basta imprimir seu extrato em uma agência da Caixa, com assinatura do gerente.
O valor de lance só é debitado a favor da administradora quando o contemplado é anunciado. Portanto, aproveite para tentar o lance quantas vezes for necessário - pode ser uma boa oportunidade para juntar ainda mais dinheiro e, assim, aumentar as chances de contemplação.
Faça o consórcio hoje mesmo
Como deu para perceber, o consórcio é uma ótima opção na maioria das situações. Faça uma simulação e comece ainda hoje a investir na realização de seus sonhos.