Há muitos anos o brasileiro já tem se habituado com o conceito de viver em crise. Isso acabou se agravando nos últimos anos por uma série de fatores, incluindo a pandemia de Covid-19, que levou diversos setores e negócios a uma baixa histórica, e o ritmo da inflação, que tende a diminuir o poder de compra das pessoas com o aumento generalizado de preços de bens e serviços.
Esses motivos contribuem para que o brasileiro sinta cada vez mais dificuldade em ter uma boa relação com o seu dinheiro. Uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) chamada Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB) criou uma espécie de escala da saúde financeira do brasileiro de 0 (que é o índice mais baixo) a 100 (que seria mais alto).
Na média, os brasileiros possuem 57 pontos, que fica bem no limite de algo mediano. O que impressiona, porém, é a quantidade de brasileiros que possuem uma saúde financeira considerada “baixa”, “muito baixa” e “ruim”: eles totalizam 48,3% de todos os pesquisados.
Entre os principais comportamentos, é citado o limite bem justo que o brasileiro possui entre a renda e os seus gastos, ou seja, as pessoas tendem a gastar tudo o que ganham, ou até mais, dependendo da situação. Por conta disso, raramente existe alguma sobra no fim do mês, o que acaba gerando até mesmo alguns problemas psicológicos, como estresse por conta dos compromissos financeiros e até mesmo uma incapacidade de encontrar boas oportunidades para fazer com que o dinheiro renda mais.
Portanto, a discussão pertinente para a maioria dos brasileiros ainda é: como fazer com que o dinheiro que ganho mensalmente seja o suficiente para os meus gastos?
Em situações de crise, essa discussão ganha uma magnitude ainda maior: com a alta dos preços de alimentos e serviços, muitas vezes a tarefa se torna ainda mais árdua. Como falar em juntar dinheiro quando mal se tem para fazer as compras de casa?
Realmente não é uma tarefa fácil e, antes mesmo de pensar em falar sobre equilíbrio financeiro, é importante pensar em como seria esse equilíbrio de acordo com a sua realidade.
Por mais que as coisas estejam difíceis, manter o otimismo, o foco e o apoio de toda a família é essencial para que consiga se superar e, assim, conquistar o que realmente deseja.
Portanto, antes mesmo de colocar em prática as dicas que iremos apresentar, vale a pena conversar com todos os integrantes da família, para que cheguem a um objetivo em comum. Claro que, quando se trata de uma família, as finanças são compartilhadas. Levar em conta a individualidade é importante. Porém, é preciso que todos estejam unidos em busca do equilíbrio financeiro.
Com todos devidamente alinhados, fica mais fácil ter apoio em cada uma das etapas e, assim, realizar os desejos de todos os integrantes de forma mais eficiente.
A seguir, vamos explicar o passo a passo para chegar ao equilíbrio financeiro.
Como conquistar o equilíbrio financeiro
Da análise individual de sua vida financeira à famigerada aplicação em investimentos, temos uma longa jornada. Não tenha pressa em atingir esse equilíbrio.
Podem acontecer alguns escorregões e, antes que você se lamente por isso, volte ao curso o mais rápido possível, para não aumentar a margem de perdas.
Somos humanos, portanto, podemos acabar gastando mais do que devemos. Quando isso acontecer, não se culpe; o importante é recuperar as rédeas da situação e evitar que isso se repita. Isso porque o equilíbrio financeiro também tem a ver com algumas mudanças de hábito - que também iremos abordar em nosso artigo.
Reconheça suas capacidades
Muitos especialistas em finanças pessoais reforçam a importância de juntar dinheiro. Mas, como fazer isso quando tudo está tão caro - e já reduzimos as nossas compras e o nosso consumo?
A melhor forma de identificar isso é tendo o controle do valor que você ganha e de todos os gastos que costuma ter. Não tenha medo de fazer esse controle por meio de uma planilha ou até mesmo um aplicativo de finanças pessoais.
De acordo com a economista e consultora em inteligência financeira Dirlene Silva, o reconhecimento de capacidades tem a ver com o domínio de suas finanças. “Para isso, é essencial saber exatamente qual seu rendimento bruto e líquido, seu custo de vida (alimentação, aluguel/prestação casa própria, luz, água) e despesas (vestuário, lazer e demais supérfluos). É importante classificá-los como custos fixos e variáveis e despesas essenciais e supérfluas”.
Você pode ter uma planilha como base para montar o seu planejamento financeiro. Existem modelos prontos que podem ajudar nesse controle orçamentário.
Na planilha, você pode separar as categorias de gastos e somá-los. Nessa mesma planilha, insira o valor do seu salário ou de todos os membros de sua família, para que consigam visualizar se realmente ganham o suficiente para lidar com as contas.
E, quando se fala em anotar tudo, é tudo mesmo! Gastos com aluguel, com parcela do carro, com gás, energia, luz e água - que formam o custo de vida. E também as demais despesas, incluindo o valor de fatura do cartão de crédito - em que muitas pessoas concentram uma série de gastos.
Você pode começar inserindo apenas o valor da sua fatura mas, em algum momento, é importante que consiga distinguir todos os seus gastos, mesmo que tenha parcelado alguma compra. Dessa forma, você conseguirá visualizar com o que tende a gastar mais: alimentação, entretenimento etc.
É importante inserir todos os valores de cartão de crédito justamente por ser um meio de pagamento que pode representar um problema no bolso do brasileiro. A pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor (Peic) mostrou que 83% das famílias brasileiras possuem algum tipo de endividamento por conta do cartão de crédito.
Por mais que seja tido como ‘vilão’ por muitas pessoas, o cartão de crédito pode ser um bom aliado das suas finanças pessoais quando usado com inteligência. O importante é ter moderação em seu uso e ter ciência de que precisa, sempre, pagar o valor total da sua fatura. Quando é feito algum tipo de parcelamento na fatura, os juros podem ultrapassar os 100%, o que estende ainda mais a sua dívida.
Caso tenha problemas com algum tipo de controle, experimente diminuir o limite do seu cartão e dê preferência para o seu uso em compras grandes, que podem ser parceladas: uma televisão, um computador, um tênis, enfim, bens cujos valores possam extrapolar os seus rendimentos mensais.
Com o devido controle de suas finanças, você e sua família saberão se realmente podem cortar mais gastos ou até mesmo considerar outras formas de renda.
Controlar suas dívidas
Agora que você já tem as suas finanças sob controle, o próximo passo é pensar em um plano de ação para controlar as suas dívidas.
Fez algum tipo de empréstimo ou está devendo um valor maior do que poderia pagar com o cartão de crédito? Bom, então é hora de pensar em uma forma de quitar essas dívidas.
As dívidas devem ser priorizadas porque o juros que se deve ao não pagá-las é maior do que o juros que você poderia ter a seu favor ao guardar o dinheiro.
Existem diversas formas de pagar a sua dívida, e tudo depende do valor que se deve, do tempo que considera quitá-la e dos recursos que possui à disposição.
A partir do momento que se tem controle de tudo o que deve, vale a pena entender quais são as opções que se têm à mesa. Juntar dinheiro para quitar a dívida por completo pode ser uma boa alternativa, mas isso pode levar tempo - e, enquanto isso, seu nome permanece sujo nos órgãos de proteção ao crédito ou pode acontecer de os juros aumentarem cada vez mais por conta da demora.
Quando se parcela uma dívida, logo após o pagamento da primeira mensalidade seu nome é retirado do SPC ou Serasa, limpando o seu nome. Caso tenha pressa de resolver essa situação, o parcelamento pode ser viável. Porém, o valor a prazo de uma dívida parcelada é maior do que o seu pagamento à vista.
Fique atento, também, aos feirões de renegociação, geralmente promovidos pelos birôs de crédito, como SPC, Serasa, Boa Vista, entre outros. Por meio desses feirões, a sua dívida pode ter um desconto de mais de 50% e pode muitas vezes ser quitada à vista, de forma acessível.
Portanto, faça um estrito controle de tudo o que você precisa pagar para regularizar a sua situação e pague o quanto antes, para que possa ter o caminho livre para a conquista de seus objetivos.
Reduzir gastos supérfluos
Com a sua planilha ou aplicativo de finanças bem configurado, fica mais simples entender quais são os gastos do seu custo de vida e os gastos supérfluos - que são valores com entretenimento, saídas aos fins de semana ou até mesmo aquisição de alguns serviços que não são essenciais para as nossas vidas, como TV por assinatura, celular pré-pago, entre outros.
Mais uma vez, é importante conversar com todos os integrantes da família antes de realizar qualquer tipo de corte brusco. Isso porque muitos desses gastos podem ser importantes para alguns membros: a redução do pacote de internet, por exemplo, pode afetar a conectividade de quem precisa trabalhar no modelo home office.
Com a cooperação de todos, fica mais fácil saber o que pode ser cortado. Comece pelos itens não essenciais e que não irão prejudicar o bem-estar da família. Se você possui o hábito de comprar pizza pelo menos uma vez por semana, reduza isso para uma ou duas vezes por mês e priorize comprar comida no supermercado para cozinhar.
Muitas pessoas dedicam um dia da semana para fazer comida para a semana inteira - um hábito que pode ajudar a economizar bastante, já que comer em restaurantes ou pedir comida para entrega costumam ser mais caros.
Caso tenha o costume de sair aos fins de semana, procure opções mais baratas ou até mesmo com entrada franca - como parques, por exemplo.
O importante é que você consiga reduzir os gastos com os seus hábitos e, assim, fazer com que sobre dinheiro no fim do mês.
Evitar novas dívidas
Durante o processo de se chegar ao equilíbrio financeiro, pode acontecer de você e sua família contraírem dívidas por algum motivo: seja para pagar o que deve ou para a compra de algo que entende como boa oportunidade, por exemplo.
Por mais que você se depare com liquidações ou fique tentado a consumir por conta de algum motivo, tenha o pleno controle de suas finanças. Ou seja, só gaste se realmente não for comprometer o seu planejamento financeiro.
A melhor forma de evitar novas dívidas é criar o hábito de planejar todas as suas compras. Se pretende sair em um fim de semana para algumas comprinhas, leve apenas o dinheiro necessário para realizar esse consumo em específico. Dessa forma, você evita o uso do cartão de crédito de forma deliberada.
Essa lógica é importante, principalmente, para compras maiores. Caso decida comprar algo de valor mais caro, considere o uso do cartão de crédito para o parcelamento ou, se preferir, junte o valor necessário, de forma que não comprometa o seu planejamento.
Com essas pequenas práticas, você pode reduzir os seus gastos e evitar qualquer tipo de deslize em busca do seu equilíbrio financeiro.
Fazer um planejamento do seu dinheiro
Todo mundo sabe da importância de guardar o dinheiro. Mas, qual é a sua motivação - e a consequente motivação de toda a sua família?
É importante ter essa reflexão antes de juntar o seu dinheiro. Claro que todo mundo tem algum tipo de ambição, por menor que seja: reformar a casa, construir uma nova moradia, aumentar o patrimônio, garantir a segurança financeira de seus filhos, comprar um carro novo, enfim, diversas opções.
Reúna todos os integrantes da sua família e pensem a curto, médio e longo prazo o que realmente fazer com o dinheiro que decidir guardar.
Claro que muitos objetivos podem ser discutidos. Nesse caso, ter foco é extremamente importante. Se a ideia é garantir que um de seus filhos tenha a faculdade paga, então você pode criar um fundo próprio para essa finalidade (pode ser com uma conta poupança ou uma conta digital, por exemplo, com rendimentos acima de 100% do CDI).
Mas, se a ideia é pensar a longo prazo para a compra de um novo apartamento, por exemplo, você pode considerar um consórcio de imóveis, em que pode definir o valor de mensalidade a ser pago e, quando quiser, fazer a oferta de um lance (até mesmo com os recursos do seu FGTS neste caso).
Só que, antes mesmo de destinar o dinheiro guardado para alguma finalidade, é preciso iniciar com um passo extremamente importante: a construção da sua reserva de emergência.
Criar uma reserva de emergência
A reserva de emergência consiste em, pelo menos, seis vezes os rendimentos mensais de toda a família. Este valor deve ser guardado em uma conta de fácil resgate somente para momentos emergenciais, como a perda de um emprego, situações graves de doença ou morte, entre outros.
Para que consiga montar a sua reserva de emergência, o recomendado é direcionar, mensalmente, um valor para uma conta apartada de sua conta corrente. Por mais que a poupança seja o produto de investimento mais conhecido dos brasileiros, vale a pena considerar contas digitais com rendimento acima de 100% do CDI.
Assim como a conta corrente de um banco tradicional, você pode movimentar essa conta com facilidade, sem ter que deixar o dinheiro por um tempo determinado até que ele comece a render - como acontece com alguns investimentos em renda fixa, como Tesouro Direto e letras de crédito, por exemplo.
Pode ser que demore para chegar ao valor ideal de reserva de emergência. Por isso, além de separar o dinheiro mensalmente dos seus rendimentos, sempre guarde quando tiver acesso a um valor maior, como o 13º salário ou o recebimento de bônus da sua empresa.
Quanto antes você conseguir montar a sua reserva de emergência, mais seguro estará para aplicar o seu dinheiro ou até mesmo ampliar o seu patrimônio com alguma aquisição importante.
Sempre que tiver que extrair parte da sua reserva de emergência, tenha o cuidado de repor o valor ao longo do tempo. E, se os rendimentos de sua família aumentarem, tente manter sempre o cálculo de ter uma reserva pelo menos seis vezes maior que seus rendimentos mensais.
Isso dará mais segurança e proteção até mesmo em situações mais adversas, como a possível perda de emprego ou diminuição de renda por algum motivo.
Investir em educação financeira
Nos últimos anos, o brasileiro tem pesquisado mais sobre as finanças pessoais nos buscadores da internet. A pandemia e a crise financeira podem ter sido determinantes para maior procura por esse termo, mas o fato é que o brasileiro é, sim, preocupado com a forma com que lida com o dinheiro.
E a melhor forma de elevar seu conhecimento é por meio da educação financeira. Com o acesso à internet, está mais fácil chegar a esse tipo de conhecimento. Afinal, quem não conhece algum tipo de influenciador ou especialista que utiliza as redes sociais para disseminar esse tipo de conhecimento?
Por mais que as dicas de especialistas sejam importantes, é preciso ir mais além. Você pode procurar por alguns livros sobre o assunto, realizar alguns cursos gratuitos (ou pagos) e, principalmente, colocar alguns desses ensinamentos em prática.
Só fique atento aos charlatões da internet: existem pessoas mal intencionadas que compartilham dicas furadas ou não conhecem nada sobre o assunto e se passam de ‘especialistas’, a fim de obter mais seguidores pelas redes sociais, vender algum curso com metodologia questionável ou simplesmente pegar o seu dinheiro de alguma forma.
Pesquise com cuidado e procure por referências em veículos de credibilidade, como os principais jornais brasileiros ou fontes acadêmicas. Não ignore o potencial de alguns influenciadores: porém, seja crítico em relação a algumas dicas, afinal, cada um conhece a sua realidade e não precisa levar cada ‘dica’ ao pé da letra, de forma que possa comprometer a saúde financeira de sua família.
Preparar seu dinheiro para o futuro
Um dos maiores problemas das pessoas que têm dificuldades com as finanças é entender que o dinheiro deve ser projetado para o futuro.
Mas, como isso realmente funciona?
Na prática, significa que o dinheiro, quando devidamente guardado, tende a render mais a seu favor. Por isso mesmo, nenhum especialista em finanças pessoais recomenda as pessoas a guardarem suas economias dentro do colchão de casa!
Com investimento, o seu dinheiro pode render mais por conta dos juros compostos.
Sempre que você deixa o dinheiro no banco, a instituição tem o valor à disposição para cobrir valores de outras pessoas ou gerar mais crédito. Por conta disso, quanto mais você deixa o seu dinheiro com uma instituição, mais este valor rende juros positivos a seu favor. Afinal, você ‘empresta’ o seu dinheiro ao deixá-lo guardado, e o banco te dá uma recompensa por isso.
Algumas instituições, porém, não repassam esses rendimentos ao cliente por meio da conta corrente. Por isso, pedem para que guardem o valor em uma conta poupança, por exemplo. Outros bancos, principalmente as instituições 100% digitais, já realizam algum tipo de rendimento com a simples aplicação em sua conta corrente.
Porém, essa não é a única forma de obter rendimentos com o seu dinheiro. Com a aplicação em algum investimento, a tendência é fazer com que os juros compostos, combinados com outras estratégias, possam fazer com que o seu valor renda ainda mais. Explicaremos a seguir os detalhes de como aplicar o seu dinheiro de forma mais efetiva.
Aplique mais o seu dinheiro
A partir do momento que se tem uma reserva de emergência, você pode fazer com que o dinheiro renda ainda mais a seu favor. Por isso mesmo, os especialistas em finanças pessoais reforçam a importância de construir o que se chama de carteira de investimentos.
Na verdade, existem duas formas bem práticas de investir, que iremos detalhar a seguir.
Investimento de renda fixa
Opção mais recomendada para quem está começando a investir, a renda fixa permite saber qual será sua rentabilidade no prazo determinado para investir.
Quando você investe em títulos do governo (como Tesouro Direto), você já consegue saber o quanto terá de lucro e quando poderá retirar o seu dinheiro. Quanto maior for o prazo do investimento, maior deve ser a taxa de remuneração nesse tipo de investimento.
O desempenho dos papéis de renda fixa depende das variações de índices de juros, como IPCA, CDI e a Taxa Selic.
Os principais investimentos de renda fixa são Tesouro Direto, CDBs e a própria poupança. Por conta da previsibilidade, os ativos de renda fixa são considerados conservadores e de baixo risco.
Investimento de renda variável
Por outro lado, em investimentos em renda variável não dá pra prever muito bem qual será o desempenho dos ativos. Isso significa que você pode fazer uma ‘aposta’ em determinados ativos e pode tanto ganhar, quanto perder dinheiro.
A variação desse tipo de investimento vai de acordo com o mercado. Por exemplo, se a bolsa de valores apresenta boa performance, pode ser que você surfe em uma boa onda e ganhe dinheiro. Há momentos, inclusive, em que investidores apostam na queda e também ganham. Porém, esse tipo de aplicação é mais recomendada para investidores experientes, que conhecem as oscilações do mercado e sabem fazer uma análise aprofundada dos ativos.
A mais conhecida forma de investir em renda variável é por meio da bolsa de valores. Você pode selecionar os ativos que têm capital aberto e montar a sua própria carteira de investimentos. Para isso, você precisa criar uma conta em uma corretora de investimentos, entender qual é o seu perfil de investidor e acompanhar o mercado.
Outros tipos de investimento em renda variável incluem fundos de ações, negociações de preços de commodities (petróleo, café, soja, ouro etc), opções, compra de mercado futuro etc. É o tipo de investimento que atrai mais investidores moderados e arrojados.
Seja um investidor iniciante ou mais experiente, é extremamente importante diversificar os seus rendimentos. Lembre-se que a sua reserva de emergência não entra como carteira de investimento: este valor deve ser preservado para uso em situações emergenciais apenas.
Durante a construção de sua carteira, inicie com investimentos em renda fixa e, aos poucos, comece a aplicar dinheiro na renda variável. Você pode estabelecer um percentual de 90% em fixa e 10% em variável inicialmente. Invista em educação financeira e, conforme evoluir em seus aprendizados, aumente a proporção em renda variável, para que consiga maximizar seus ganhos (por mais que passe por eventuais perdas).
Dicas para chegar mais rápido ao equilíbrio financeiro
O equilíbrio financeiro nada mais é do que uma construção. Algumas pessoas podem levar mais tempo para chegar a esse patamar, seja porque possuem altos valores de dívida, não ganham o salário suficiente para juntar dinheiro ou simplesmente porque possuem problemas sérios com o consumismo.
A verdade é que, não importa o quanto se ganha, o que precisa ser levado em conta é o seu comportamento em relação ao dinheiro. E isso envolve muitas escolhas em nossas vidas.
Muitas pessoas passam a rever até mesmo o setor em que trabalham e buscam novas oportunidades de emprego, a fim de ter um salário melhor no fim do mês. Outras pessoas consideram a renda complementar como forma de cobrir as contas e juntar um pouco mais, a fim de atingir seus objetivos.
O equilíbrio financeiro requer muita reflexão sobre a forma com que lidamos com o dinheiro. A seguir, vamos dar algumas dicas para acelerar esse processo.
Reveja seus hábitos
Quando se fala em ter uma relação mais inteligente com o dinheiro, rever os hábitos é essencial. Antes mesmo de saber o que precisa ser revisto, é preciso entender quais são os seus hábitos em relação ao dinheiro.
Uma pesquisa realizada pelo Google, em parceria com a Liga Pesquisa e a Provokers, mapeou a relação do brasileiro com o dinheiro, apresentando pelo menos 6 perfis:
Batalhadores: compõem a maioria dos brasileiros (26,3%, segundo a pesquisa) e refletem as pessoas que encaram o dinheiro como uma forma de sobrevivência, para pagar contas somente. Quando o assunto é ganhar mais dinheiro, preferem abrir um negócio ao investir ou poupar. Muitas pessoas batalhadoras são autônomas e passaram por períodos difíceis de desemprego. Inclusive, muitos deles nem chegam a ser bancarizados.
Endividados: também compõem 26,3% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa, e estão sempre correndo atrás para fechar as contas. Seus gastos consomem tudo o que ganham e, em muitos casos, tendem a usar cartão de crédito para conseguir pagar por bens, serviços ou até algumas dívidas. Por conta disso, sentem muito medo e ansiedade quanto o assunto é investir.
Céticos: representam 21,2% da população brasileira e, segundo a pesquisa, preferem ter um tipo de distanciamento com o dinheiro porque acham que nunca terão o suficiente para as suas conquistas. Muitos céticos são casados e acham que o dinheiro é um assunto muito difícil para ser abordado. Por isso, o veem de forma negativa.
Materialistas: da mesma forma que temos as pessoas que veem dinheiro como problema, temos as pessoas que o veem como solução. Estamos falando dos materialistas, que compõem 15,2% da população brasileira e não se importam de pagar mais caro por um bem ou serviço que lhes agradam. Para esse grupo, o dinheiro deve ser utilizado simplesmente para o gasto. Por isso, eles têm dificuldades em poupar ou investir, mas estão em fase de experimentar principalmente produtos de renda fixa.
Planejadores: grupo que equivale a 6,1% da população brasileira, os planejadores buscam conhecimento em educação financeira e conseguem poupar todo mês parte de seus rendimentos. Por conta disso, gostam de falar sobre dinheiro e acreditam que investir provoca “entusiasmo e confiança”, de acordo com a pesquisa.
Poupadores: representam 5,1% da população e têm algumas semelhanças com os planejadores, com dinheiro aplicado e certa familiaridade com o assunto educação financeira. Porém, os poupadores gostam de arriscar menos, e isso se reflete no seu comportamento de pechinchar mais, pesquisar com profundidade os melhores preços e na crença de que o dinheiro é o caminho para atingir seus objetivos.
Para entender qual o perfil que mais têm a ver com você, é preciso um olhar crítico sobre a forma com que lida com o dinheiro. Como deu para perceber, os perfis como “planejadores” e “poupadores” têm uma relação mais inteligente com os seus rendimentos mensais e, por isso, costumam aplicar com mais frequência.
Para que você consiga estabelecer esse tipo de relação, você precisa encarar os seus rendimentos de uma forma diferente e estabelecer um plano de ação junto à sua família, para que consiga atingir os seus objetivos.
Com paciência, planejamento e muita determinação, você com certeza chegará lá. Trata-se de uma longa jornada que, no fim, trará a recompensa que você tanto busca!
Entenda quanto ganha por mês
Ter o pleno entendimento do quanto se ganha e o quanto se gasta é essencial. E, por mais que isso pareça simples para algumas pessoas, pode representar muita dificuldade para quem não consegue enxergar o dinheiro como forma de atingir seus objetivos.
Portanto, não tenha medo de ter uma conversa sobre o dinheiro em sua família. Evite qualquer tipo de julgamento: o ideal é que haja diálogo entre todos os integrantes, para que consigam conquistar as coisas em comum.
Somente com o pleno entendimento do quanto se ganha e quanto se gasta é possível chegar ao equilíbrio financeiro. Caso tenha muitas dívidas, tente negociar diretamente com os credores, em busca de eliminar de uma vez essa barreira e, assim, conquistar o que deseja.
Considere ter uma renda complementar
Lidar com as despesas do dia a dia tem sido uma tarefa difícil para boa parte das pessoas. O salário que antes possibilitava as compras do mês agora se torna insuficiente. E, quem utiliza o carro ou moto ainda precisa encarar a alta dos combustíveis, que têm um peso cada vez maior no orçamento mensal.
Por conta disso, cada vez mais os brasileiros têm considerado uma forma de se ter renda extra. Embora seja uma dica valiosa, é preciso reconhecer seus limites antes de dar início a mais uma empreitada em busca de ter mais dinheiro.
Se você possui uma rotina exaustiva, que compromete mais de 10 horas diárias, não é recomendado buscar uma renda complementar. Afinal, você estará cansado demais para mais uma jornada e pode deixar outras pessoas vulneráveis.
Mas, se conseguir encontrar algum espaço em sua rotina que possibilite a renda extra, veja quais são as oportunidades que mais têm a ver com as suas habilidades. Com a economia compartilhada, que possibilita realizar diversos serviços tendo algum tipo de plataforma como intermediária, é possível contar com uma série de opções.
É possível trabalhar com entregas em aplicativos como iFood e Rappi, por exemplo, ou até mesmo intermediar esse tipo de serviços entre empresas e pessoas (com a Loggi). O crescimento dos aplicativos de carona, como Uber e 99, também abriram a possibilidade de utilizar o seu carro para prestar serviço, dentro da jornada que você definir.
Ainda é possível contar com outras opções, como algum tipo de serviço manual (limpeza doméstica, pintura, construção, entre outros) por meio de apps como GetNinjas, ou até mesmo realizar algum tipo de serviço complementar em sua área: free-lancers como designer gráfico, com redação de artigos ou com algum tipo de projeto de tecnologia, como desenvolvimento de software, podem ser alternativas para se ter uma renda complementar.
Portanto, veja qual área tem mais a ver com o seu tipo de conhecimento ou invista em uma nova técnica, para que possa ter um dinheiro a mais no fim do mês.
Porém, encare o rendimento complementar como algo temporário, que sirva a um objetivo em específico - seja para construir sua reserva de emergência, comprar um bem importante ou ampliar seu patrimônio, por exemplo. Dessa forma, você evita a normalização de uma jornada dupla, que pode deixá-lo ainda mais cansado.
Estabeleça mudanças duradouras
Em busca de uma vida financeira mais sustentável, encare cada mudança como um processo de longa duração.
Conseguiu evitar aquele gasto no fim de semana de forma supérflua? Faça com que essa prática dure mais. Isso não significa que você não pode mais se divertir. Mas, quando se encara os gastos com moderação, você tende a buscar uma vida financeira mais equilibrada e, assim, consegue atingir seus objetivos com mais facilidade.
A melhor forma de estabelecer mudanças é fazendo aos poucos. Comece diminuindo o ritmo de saídas, por exemplo, para depois cortar um ou outro gasto. Tentar uma mudança muito repentina, além de gerar frustração, não trará o efeito desejado de ser duradouro.
Por isso mesmo, o pleno entendimento com a família é essencial, para que todos possam contribuir de alguma forma em busca de uma vida financeira mais desejável e leve.
Equilíbrio financeiro: uma forma de ser feliz
Como deu para perceber, o grande segredo é construir uma relação mais inteligente com o dinheiro. Isso envolve não só o pagamento de suas dívidas, por exemplo, mas ter a prática de evitar novas dívidas que irão comprometer suas finanças pessoais.
Defina junto à família quais são os objetivos a serem alcançados e não se esqueça de prover segurança financeira com a sua reserva de emergência. A partir do momento que tiver um bom dinheiro guardado, você já pode considerar o investimento em algum produto financeiro, começando pela renda fixa para, depois, chegar à renda variável - após um bom tempo dedicado à educação financeira, é claro, para tomar decisões mais inteligentes com o seu dinheiro.
Com o apoio de toda a família e com as devidas mudanças de hábito, você verá que o dinheiro deixará de ser um problema para se tornar a solução para o que tanto busca.
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