Quando se inicia o pagamento de um consórcio, logo se fica familiarizado com o termo carta de crédito. Por mais que você invista em um bem, na verdade o consórcio é caracterizado por ter a carta de crédito como referência para a compra do que você selecionou.
Em poucas palavras, a carta de crédito é a essência do consórcio. A partir do bem que você escolheu, você decide o valor que deseja para a aquisição. Esse valor é dividido na quantidade de mensalidades que você escolher, com o acréscimo das taxas de consórcio.
Por isso mesmo, você não precisa se preocupar em escolher o bem que vai comprar quando faz a assinatura do contrato de um consórcio. Basta ter uma ideia do valor que deseja, representado pela carta de crédito, para que possa organizar o pagamento das mensalidades e ser contemplado por meio das assembleias.
A seguir, vamos explicar como funciona o processo de selecionar o valor da carta de crédito.
Como utilizar a carta de crédito a seu favor
Ao selecionar o bem que deseja comprar com o consórcio - imóvel, automóvel, moto, veículos pesados ou até mesmo serviços - você passa pelo processo de simulação.
A primeira informação pedida para a simulação é o valor da carta de crédito. Cada tipo de bem possui uma limitação de carta de crédito, que serve como referência para a compra. Se você deseja investir no consórcio de serviços, por exemplo, pode contar com uma carta de crédito de até R$ 30 mil. Mas, se a ideia é planejar a compra de um imóvel com o consórcio, as cartas podem chegar a até R$ 500 mil.
A carta de crédito é a referência de uma cota de consórcio. Caso queira dispor de um valor maior para a compra de um imóvel, por exemplo, você precisa assinar o contrato de mais de uma cota, até chegar ao valor desejado. Digamos que você queira o equivalente a R$ 1 milhão para a compra de uma casa: neste caso, teria que investir em duas cotas, com R$ 500 mil de carta de crédito cada.
A simulação serve como referência para que você saiba o valor que irá pagar de mensalidade. Além da carta de crédito, você também escolhe a quantidade de mensalidades que deseja pagar. Como retorno, você já tem o valor da parcela, com o acréscimo da taxa de administração, que remunera a empresa de consórcio por todos os serviços realizados, e o fundo de reserva, que serve como garantia diante da possível inadimplência dos consorciados do seu grupo.
Com a escolha da carta de crédito, você tem uma referência para o pagamento da sua cota. Aproveite a liberdade da simulação do consórcio para determinar o valor de mensalidade que cabe em seu orçamento financeiro. Vale lembrar que todas as administradoras de consórcio, por regra do Banco Central do Brasil (Bacen), não permitem que a mensalidade seja 30% superior aos rendimentos mensais do consorciado.
Como funcionam as correções da carta de crédito
Para proteger o poder de compra dos consorciados, as administradoras realizam uma correção do valor da carta de crédito a cada aniversário anual da cota.
Por exemplo, se você começou a investir em um consórcio de automóveis em janeiro de 2020, com uma carta de R$ 80 mil, em janeiro de 2021 esse valor de carta passará por reajuste, considerando a inflação anual do país. Como a inflação diminui o poder de compra do brasileiro, esse processo é essencial para que, quando for contemplado, o valor da sua carta de crédito seja suficiente para a compra do modelo que você tinha pensado. Ou seja, o valor de R$ 80 mil em 2020 pode não ser suficiente para a compra do carro que você tinha em mente em 2022, por exemplo.
Cada categoria possui um tipo de indexador. No caso do consórcio de automóveis, por exemplo, a referência é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No caso do consórcio de imóveis, porém, o INCC (Índice Nacional de Custos da Construção) é utilizado como referência.
Por mais que a correção seja aplicada na carta de crédito, a cada ano o consorciado vê o reflexo no valor de sua mensalidade. Como a correção da carta é feita em proteção do poder de compra do consorciado, o valor a mais que você paga é em seu próprio benefício. Isso significa que, ao ser contemplado, o consorciado vai contar com um valor superior de carta de crédito, que vai possibilitar a compra do bem que selecionou.
Como usar a carta de crédito ao ser contemplado
Pelo consórcio, você pode ser contemplado de duas formas: por meio dos sorteios mensais ou com a oferta de um lance, que é um valor a mais que cada um pode tentar com o objetivo de ser contemplado com antecedência.
Independente da forma que for contemplado, é preciso passar por uma análise de crédito. Com a aprovação da administradora, você tem a carta de crédito liberada para a compra do bem que selecionou.
A carta de crédito possui poder de compra à vista, o que permite uma boa margem de negociação e de desconto com o proprietário ou empresa responsável pelo bem.
Após a escolha do bem, basta indicar à administradora, para que ela faça a transferência do valor integral da carta de crédito que vai possibilitar a compra do seu bem.
Como deu para perceber, são múltiplas as vantagens de se ter uma carta de crédito: você não é prejudicado com a perda do poder de compra, pode escolher o bem ao ser contemplado e, de quebra, ainda pode obter um desconto porque funciona como se tivesse com o valor total em espécie. Caso o valor da carta seja maior que o bem, é possível utilizar até 10% em despesas burocráticas. E, se o bem tiver um valor maior que sua carta de crédito, sem problemas: a administradora ainda libera o valor, e você pode completar com os seus recursos.