O planejamento da compra de um bem de alto valor passa por diversas etapas: primeiramente, você define o que quer comprar; depois, precisa avaliar com cuidado as opções de pagamento para, então, concluir a transação em um período que considera razoável.
É importante falar de planejamento quando mencionamos uma compra, ainda mais quando se trata de um bem de alto valor. Dependendo da forma como tudo é conduzido, você pode acabar gastando mais. Pegue como exemplo o financiamento: embora ele permita ter acesso imediato ao bem ao assinar o contrato, a divisão das parcelas contém juros sobre juros, deixando o valor final do bem pelo menos duas vezes maior do que o valor original.
Por isso que, quando se fala no planejamento de compra de um bem, o consórcio se destaca como a melhor opção por diversos motivos.
Antes de tudo, não existe cobrança de valor de entrada - comum no financiamento, que costuma exigir pelo menos 20% do total do bem para aprovar o parcelamento. Além disso, o consórcio não faz cobrança de juros nas mensalidades, tornando-se uma modalidade flexível para o consumidor.
Funciona da seguinte maneira: antes de tudo, o consumidor define o que deseja comprar com o consórcio. Depois disso, seleciona uma administradora, que é a empresa responsável por todo o procedimento do consórcio. É aí que entra a carta de crédito: em vez de ter o bem como finalidade, o consumidor seleciona um valor de carta de crédito, que vai permitir a compra do bem selecionado.
Como o consórcio se trata de um autofinanciamento, o consumidor não tem acesso imediato ao bem quando fecha um contrato. Na verdade, precisa participar das assembleias para ser contemplado com a carta de crédito.
Para que você consiga entender com mais detalhes como funciona e para quê serve a carta de crédito, continue a leitura.
O que é e como funciona a carta de crédito
Por mais que se tenha o bem como finalidade, quando um consumidor decide fazer um contrato de consórcio, na verdade, está investindo em sua carta de crédito.
A carta de crédito nada mais é do que o valor total do bem em um consórcio. Ela pode ser decidida de forma antecipada, durante a simulação do consórcio e passar por reajustes até a contemplação.
Mas, por que o consórcio define uma carta de crédito para a compra do bem, em vez de ter o próprio bem como finalidade, como acontece com as demais formas de pagamento?
A verdade é que a carta de crédito dá mais flexibilidade para o consorciado.
Com o consórcio, você só tem acesso ao bem quando for contemplado. E isso pode acontecer tanto nos primeiros meses de pagamento da sua cota, como nos últimos. Por ser um setor totalmente regulado pelo Banco Central do Brasil (Bacen), nenhuma administradora de consórcio pode prometer quando o consorciado será contemplado. Mas, ao contar com uma administradora autorizada, como a Embracon, o consumidor tem a certeza de que será contemplado, por mais que esse processo demore.
E, durante o tempo de pagamento da sua cota, o consumidor pode mudar de ideia ou até mesmo encontrar oportunidades mais atraentes de compra. Por que forçar o consumidor a ter um bem final quando, ao ser contemplado, ele mesmo pode decidir o que deseja comprar?
Além disso, a carta de crédito tem poder de compra à vista, o que dá uma excelente margem de negociação para o contemplado: dessa forma, pode-se obter um desconto de até 10% no valor do bem que comprou - uma economia bem significativa, principalmente quando comparada ao financiamento.
Quando escolher que tipo de bem deseja comprar, porém, o valor da carta de crédito só pode ser destinado a esse tipo de bem. Por exemplo, digamos que você tenha assinado o contrato de um consórcio de automóveis: ao ser contemplado, você só pode utilizar o valor da carta para a compra de um carro, seja um zero km ou até mesmo um seminovo, contanto que tenha, no máximo, cinco anos de utilização.
Isso porque, ao fornecer a carta de crédito, a administradora precisa garantir que o consorciado se manterá comprometido com o pagamento das mensalidades. Para isso, o bem do contemplado fica alienado junto à administradora, até que o pagamento seja concluído.
Como selecionar o melhor valor de carta de crédito
Com a carta de crédito como finalidade de um investimento pelo consórcio, fica mais fácil para o consumidor assinar o contrato. Afinal, ele não precisa escolher em detalhes o bem em específico que deseja.
Vamos pegar um exemplo bem recorrente: digamos que você queira comprar uma casa, mas ainda não sabe se prefere um sobrado, um apartamento ou até mesmo uma residência fora da cidade em que mora.
Até que se tenha acesso ao valor da carta de crédito na compra do seu imóvel, o processo pode demorar bastante. Com o consórcio imobiliário, você pode selecionar até 240 mensalidades, e pode ser contemplado tanto nos primeiros, quanto nos últimos meses de pagamento da sua cota.
Para que tenha uma melhor tomada de decisão, você pode investir no valor da sua carta de crédito com tranquilidade. Então, ao ser contemplado, você decide qual o melhor tipo de compra para você.
Cada categoria de consórcio tem os seus próprios limites de carta de crédito, que ajudam na melhor tomada de decisão por parte do consumidor antes de fechar o contrato.
Consórcio de automóveis: permite a compra de um carro novo ou seminovo (com, no máximo, 5 anos de utilização). Na Embracon, o limite da cota de um consórcio para carros é de R$ 100 mil.
Consórcio de motos: para a compra da moto dos seus sonhos, o valor de carta de crédito pode chegar a R$ 20 mil.
Consórcio de serviços: também é possível utilizar a carta de crédito para uma série de serviços, como viagens, estudos, reforma, cirurgias e até mesmo festas. O valor das cartas chega a até R$ 30 mil.
Consórcio de imóveis: trata-se da carta com o maior valor, afinal, investir na compra de uma casa, apartamento (decorado ou na planta), terreno ou até mesmo um empreendimento comercial exige um valor mais alto. Para as cartas de imóveis, o valor pode chegar a até R$ 500 mil.
Consórcio de pesados: interessados na compra de uma van, caminhão, ônibus ou até maquinários agrícolas podem contar com uma carta de crédito de até R$ 220 mil.
Os limites de carta de crédito podem mudar com o passar do tempo. Caso considere o valor abaixo do que realmente gostaria para a compra do bem, o consórcio tem a solução perfeita: é possível investir em mais de uma cota de consórcio.
Digamos que você queira comprar um carro importado e percebeu que, para isso, precisaria de pelo menos R$ 200 mil como carta de crédito. Neste caso, você pode investir, ao mesmo tempo, em duas cotas de consórcio, de R$ 100 mil cada.
A fim de evitar casos de inadimplência, as administradoras utilizam o seguinte parâmetro: a soma das mensalidades das cotas não pode ultrapassar 30% dos rendimentos mensais do consorciado. Ou seja: digamos que você e sua família têm uma renda mensal de R$ 10 mil. Se, durante a simulação da compra de um bem, o valor das mensalidades de uma ou mais cotas ultrapassar R$ 3.333,33, a administradora não libera a compra, porque estaria ultrapassando o teto de 30% previamente estipulado.
Além de facilitar para consumidores que querem ter acesso a um valor maior de carta de crédito, o consórcio também é uma ótima forma de permitir que pessoas jurídicas possam investir na compra de uma frota de bens: pode ser uma boa ideia para uma transportadora, por exemplo, que precisa renovar sua frota de caminhões ou até mesmo uma concessionária, que deseja comprar uma série de veículos com o objetivo de venda.
Como funcionam os reajustes da carta de crédito
Quando você realiza o processo de simulação de consórcio, geralmente seleciona um valor de carta de crédito que possa permitir a compra do bem que deseja, certo?
E, como a carta de crédito tem poder de compra à vista, você tem flexibilidade para a sua compra. Assim, pode pesquisar com calma qual a melhor possibilidade de compra, para fazer bom uso da sua carta.
Como o consórcio é um planejamento a longo prazo para a compra do bem, pode acontecer de o valor de carta de crédito realizado há alguns anos ser insuficiente para a compra.
Vamos explicar como isso funciona na prática: digamos que você tenha feito uma simulação para a compra de um carro com o consórcio em meados de 2020. Para isso, você selecionou 50 mensalidades a serem pagas. No ano de 2021, porém, houve um dos maiores aumentos no preço de carros: por conta da crise dos microchips, os carros mais vendidos tiveram uma alta de 25% no valor médio, de acordo com dados da Kelley Blue Book Brasil (KBB), empresa especializada em pesquisa de preços de veículos novos e usados.
Ou seja, se você tivesse colocado uma carta de crédito de R$ 50 mil para a compra de um carro popular zero km, seguindo o índice, este carro custaria em torno de 25% mais em 2021, algo em torno de R$ 62 mil.
Para que o consorciado não saia frustrado diante dos índices econômicos, a cada aniversário de um ano da sua cota é feito um reajuste no valor da carta de crédito. No caso do consórcio de veículos, é levado em consideração o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que considera a inflação de vários produtos e serviços na hora de estabelecer os preços. Logo, o percentual do IPCA do ano corrente é aplicado sobre o valor da carta de crédito e a administradora faz uma nova divisão do valor das mensalidades.
Com isso, o reajuste faz com que o consorciado possa pagar um valor a mais nas mensalidades. Tudo isso, porém, em benefício do próprio consorciado, que terá à disposição um valor mais competitivo de carta de crédito.
Posso antecipar o acesso à carta de crédito?
Se você tem um pouco de pressa para ter acesso à sua carta de crédito, ou simplesmente não quer ficar tão vulnerável aos reajustes anuais que acontecem por conta da inflação, a boa notícia é que, sim, você pode tentar antecipar o acesso à sua carta.
Para isso, você precisa fazer uma oferta de lance competitiva nas assembleias.
Pelo consórcio, você pode ser contemplado de duas formas: com os sorteios, em que todos têm as mesmas chances de acesso à carta; ou com a oferta de um lance, que é um valor a mais que cada consorciado pode tentar, com o objetivo de antecipar sua contemplação.
Com planejamento e paciência, você pode identificar o melhor momento para a sua oferta de lance. Caso outro consorciado seja contemplado quando você tiver tentado a sua proposta, não desanime: é possível ofertar o lance nos meses seguintes. Pode ser uma boa oportunidade para juntar um valor ainda maior e, dessa forma, maximizar suas chances de ser contemplado com antecedência.
Dicas para utilizar a carta de crédito
Como deu para perceber, a carta de crédito é a essência do funcionamento do consórcio. Tão importante quanto definir o melhor valor da sua carta é a quantidade de parcelas, para que consiga ter uma experiência saudável com o pagamento do consórcio.
A seguir, vamos trazer algumas dicas para você fazer o uso da sua carta de crédito da melhor forma possível.
Faça um planejamento da sua compra
Quando se escolhe o consórcio para realizar um tipo de compra, é importante que você defina o melhor valor possível, sempre de acordo com os seus rendimentos mensais.
Antes de realizar a simulação de consórcio, vale a pena identificar a sua saúde financeira. Você pode fazer isso com o uso simples de uma planilha, que traga as informações de quanto você ganha mensalmente e os seus gastos fixos e variáveis.
Caso ainda não tenha um controle desse tipo, utilize um aplicativo de planilha, como Excel, Google Planilhas ou Números, e procure por um modelo pronto de finanças pessoais. Isso já vai facilitar bastante o trabalho de como inserir seus dados na planilha, para ter controle das finanças atuais e possa estabelecer planos para o futuro.
O mais importante de se ter uma planilha é saber se o quanto você ganha realmente é suficiente para as suas despesas. Ou seja, se tiver ganhando menos do que gasta, é preciso estabelecer um plano de ação para diminuir as contas. E, quando tiver com dinheiro sobrando ao fim do mês, aplicar em algum tipo de investimento, sempre pensando a longo prazo.
Com as contas sob controle fica mais fácil determinar qual o valor de carta de crédito necessário para a compra do bem, além da quantidade de mensalidades.
Determine o melhor valor de mensalidade do seu consórcio
Com as contas em dia e o valor definido de carta de crédito, você pode simular à vontade o melhor valor para pagamento.
Trata-se de um recurso gratuito das administradoras de consórcio autorizadas pelo Bacen, como a Embracon, para que você consiga determinar o melhor valor de mensalidade.
Caso queira investir em um bem com valor superior aos limites da cota, basta aguardar o contato do consultor de consórcio, que fica responsável por fechar o contrato e tirar todas as dúvidas que tiver em relação à modalidade.
Como já antecipamos, o valor das mensalidades não pode ultrapassar 30% dos rendimentos mensais, incluindo os salários de todos os integrantes da família. Na verdade, quanto menor o impacto da mensalidade do consórcio nos seus rendimentos mensais, maiores são as chances de se ter uma boa experiência com a sua administradora.
Prepare a sua oferta de lance
Caso queira ter acesso de forma antecipada à sua carta de crédito, é preciso ter um valor de lance.
Enquanto realiza o pagamento da sua cota, você pode criar uma conta apartada de sua conta corrente para fazer a sua proposta. Quanto maior o valor do seu lance, maiores são as chances de ser contemplado.
Fique atento às regras do seu grupo: alguns deles podem permitir outras formas de lance, como o lance fixo e o lance embutido. Veja se é o melhor momento de fazer a sua proposta.
Foi contemplado? Não precisa ter pressa
Ao ser contemplado pela carta de crédito, todo consorciado precisa passar por uma análise feita pela administradora. Nesse momento, ela verifica os dados pessoais do contemplado, os rendimentos mensais e sua situação nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa.
Essa medida é tomada para dar segurança aos demais integrantes do grupo, que contam com as mensalidades pagas do contemplado para o fundo comum.
Ao seguir as recomendações da administradora, você finalmente tem acesso à carta de crédito, que dá poder de compra à vista ao consorciado. Não precisa ter pressa para utilizar o valor: enquanto você pesquisa, o valor é mantido no fundo comum da administradora.
Além disso, não é preciso se preocupar em utilizar 100% do valor da carta de crédito na contemplação. Se o bem tiver um valor inferior à carta de crédito, é possível utilizar até 10% da carta para lidar com despesas burocráticas, como idas ao cartório e transferência de propriedade, por exemplo. Mas, se o bem tiver um valor maior que a carta de crédito, sem problemas: a administradora ainda faz a liberação do valor, e você pode completar o valor restante com os seus próprios recursos, de acordo com o que negociar com o proprietário ou a empresa responsável pelo bem.
E aí, que tal investir o quanto antes na sua carta de crédito? Faça uma simulação de consórcio e realize o seu sonho, sem ter que se endividar a longo prazo.