Principais gastos no início do ano

22 de fev. de 202219 minutos de leitura
Principais gastos no início do ano

Durante o fim de ano, é comum ficarmos preocupados com os gastos que teremos com festas. A oportunidade de reunir toda a família e celebrar o ano que passou, além de traçar alguns planos para o ano que virá, faz com que muitas pessoas acabem gastando mais do que deveria. 

Claro que o fator empolgação entra em cena: com o recebimento do 13º salário, tanto por trabalhadores formais, quanto aposentados, muitas pessoas acabam se endividando ainda mais. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pela Intervalor, especializada em recuperação de crédito, detectou que mais de 70% dos trabalhadores que recebem o 13º o utilizam para o pagamento de dívidas. 

Isso faz com que um recurso importante, que poderia ser utilizado para outras coisas, como investimento, acabe comprometido com uma decisão tomada no passado. 

E, por mais que o final de ano seja repleto de gastos, muitas pessoas se esquecem que o começo de ano tem suas particularidades. Além de ter que pagar o que foi gasto nos meses de novembro e dezembro, é preciso ficar atento a outros gastos que se acumulam já no comecinho do próximo ano. 

A seguir, vamos mostrar quais são os principais gastos de começo de ano e dar dicas de como se programar, para não comprometer seus rendimentos mensais. 

Quais são os principais gastos de começo de ano? 

A seguir, vamos elencar alguns desses principais gastos, para que você consiga se organizar da melhor forma possível. 

Cartão de crédito 

Quem utiliza o cartão de crédito muitas vezes já estabelece uma rotina. Afinal, as faturas vencem sempre nos mesmos dias mensalmente e, se você costuma acompanhar seus gastos, provavelmente tem uma previsão do valor que deve vir. 

Porém, com todos os gastos de fim de ano, o valor da fatura nos primeiros meses de 2022 podem ser um pouco mais assustadores. Por conta da empolgação, pode acontecer de o acompanhamento ter deixado de existir e, quando se vê, o valor da fatura ultrapassou aquilo que havia previamente planejado. 

É importante ressaltar que o brasileiro tem o hábito de ter mais de um cartão de crédito. Uma pesquisa feita pelo SPC Brasil detectou uma média de quase dois cartões por pessoa. Por mais que seja um tipo de crédito facilitado, o cartão de crédito acaba sendo um dos principais motivos para que tantas pessoas se mantenham endividadas

A melhor forma de lidar com esse problema é tendo o controle desse tipo de gasto. No começo de ano, veja o valor da sua fatura e como isso vai impactar seus rendimentos mensais. Evite qualquer tipo de parcelamento ou pagamento do valor mínimo, a não ser que não tenha outro jeito. Os juros do cartão de crédito superam 100% ao ano, e você pode arcar com um valor bem maior do que já havia gastado se postergar a dívida. 

Por mais que seja doloroso, resolva o pagamento da sua fatura de uma vez e guarde o cartão apenas para ocasiões em que ele realmente possa ter utilidade, como parcelamento de um bem mais caro (eletrodoméstico ou eletrônicos, por exemplo). 

Quanto antes resolver a pendência com o cartão de crédito, melhor. Afinal, seus juros são maiores que os de outras dívidas, o que pode provocar uma avalanche em sua situação financeira. 

Cheque especial 

Muitas pessoas acabam utilizando os recursos do cheque especial para lidar com compras de final de ano.  

Por mais que as próprias instituições financeiras alertem que o valor deva ser utilizado para emergências, o fato é que muitas pessoas acabam estendendo a dívida para o cheque especial quando se deparam com as compras de final de ano. Os motivos são diversos: recursos do 13º já esgotados, limite do cartão de crédito estourado, entre outras adversidades. 

Fato é que o uso do cheque especial, na maioria dos casos, decorre de um mau planejamento de uso do dinheiro. E, como muitas pessoas ficam empolgadas no fim de ano, isso pode comprometer totalmente o orçamento para os gastos do ano seguinte. 

IPVA 

O famoso IPVA, sigla para Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor, também é cobrado assim que se inicia o ano.  

Se você tem um carro, significa que precisa ficar atento ao pagamento deste imposto.  

Trata-se de um imposto estadual, cujos valores são divididos da seguinte forma: 50% vão para o município em que o carro foi emplacado; e 50% para o estado em que o dono do veículo reside. Esse dinheiro é usado para cobrir uma série de custos, como educação, segurança, saúde, saneamento básico e até mesmo outras áreas. 

Por ser uma norma do estado, cada um determina o valor de IPVA aplicando um percentual sobre a Tabela Fipe, que é a base de valores de veículos no país. Em São Paulo, por exemplo, o valor a ser pago para o IPVA é de 4% do valor venal do veículo.  

Mas, se o seu veículo tem mais de 20 anos de fabricação, muito provavelmente estará isento em seu estado. Seguindo o calendário de 2022, eis os limites de isenção do IPVA: 

  • Goiás, Rio Grande do Norte e Roraima: veículos a partir de 10 anos de fabricação; 

  • Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe e Tocantins: veículos a partir de 15 anos de fabricação; 

  • Mato Grosso: veículos a partir de 18 anos de fabricação; 

  • Acre, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo: veículos a partir de 20 anos de fabricação. 

Pessoas com deficiência também não precisam se preocupar com o pagamento do IPVA, contanto que possuam a CNH Especial, indicando a condição.  

Fique atento à placa do seu veículo e aos prazos. Você pode consultar no site oficial do Detran do seu estado e acertar o pagamento diretamente nas Lotéricas ou no internet banking (ou aplicativo) do seu banco.  

A novidade para 2022 é a possibilidade de parcelar em mais de 3 vezes o valor do seu IPVA. Quem optar por parcela única tem até 10% de desconto sobre o valor total do IPVA. 

Vale lembrar que o não pagamento do IPVA acarreta em multa e impede o licenciamento do veículo, o que invalida a legalidade de sua documentação. Quando o carro deixa de ser licenciado, o proprietário pode ficar com o nome sujo nos órgãos de proteção ao crédito (como SPC e Serasa). 

Licenciamento do carro 

Por mais que a data de validade do licenciamento não seja necessariamente no início do ano, por muito tempo o brasileiro já se convencionou a pagar esta taxa junto ao IPVA. 

O ideal é já quitar o quanto antes essa pendência, já que se trata de um valor bem menor que o principal imposto do seu veículo. 

O que determina o vencimento do licenciamento é a placa do seu veículo. Mas, se já quiser resolver tudo de uma só vez, junto ao pagamento do IPVA, melhor. Assim, você elimina preocupações posteriores. 

DPVAT 

Outro imposto associado ao veículo que deve ser quitado no início do ano é o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores Terrestres).  

O DPVAT é um seguro obrigatório com o objetivo de indenizar vítimas e famílias que possam vir a sofrer com acidentes de trânsito, incluindo gastos como invalidez permanente, morte e reembolso de despesas médicas. 

Porém, em 2022, segundo determinação do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), o valor do DPVAT não será cobrado, representando um gasto a menos para os motoristas. 

IPTU 

Quem possui algum tipo de imóvel precisa realizar o pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Este valor é recolhido pelo município e pode ser parcelado em até 10 vezes (dependendo do município). Quem optar pelo pagamento à vista, pode ter um desconto de 3%. 

Geralmente a primeira parcela surge com vencimento em fevereiro, mas os primeiros pagamentos já podem ser efetuados em janeiro, por meio de boleto. 

Cada município possui um edital com as datas de vencimento do IPTU. Geralmente, o município envia o valor do boleto para o endereço do proprietário, que pode ser pago em caixa eletrônico, caixas de banco ou pela internet. 

Materiais escolares 

Pode parecer um mero detalhe, mas os pais sabem muito bem do peso que os materiais escolares representam no início de ano. Muito além da compra de cadernos, é preciso investir em uniformes, mochila, materiais de higiene, lápis, canetas, folhas sulfite… Cada escola possui uma recomendação de compra, mas o fato é que os pais precisam estar bem preparados para essa fase. 

É possível se antecipar com a compra de materiais escolares ainda antes do fim do ano, o que ajuda a economizar em alguns itens.  

Mas, se você teve que aguardar a passagem para 2022, precisa saber: o material escolar ficou 16% mais caro que o ano anterior, segundo o Procon-SP. Entre os principais motivos estão a alta do dólar, o encarecimento de combustíveis (que impacta o custo de transporte dos itens) e a inflação, que ficou acima do projetado. 

Por isso, pesquise bastante antes de fazer qualquer compra de material escolar. Pode haver uma diferença de até 400% no valor que se paga em um mesmo produto, portanto, aproveite o fácil acesso à internet para verificar os melhores preços. Afinal, você não precisa mais ficar batendo perna para pesquisar. 

No total, o gasto com materiais escolares pode representar mais de 20% do salário médio brasileiro. Portanto, se antecipe e veja o que realmente é necessário, afinal, você ainda precisa ficar atento a outros gastos de início de ano. 

Ingresso na faculdade 

Passou no vestibular? Bom, muito provavelmente o valor da faculdade já deva ser acertado desde o primeiro mês do ano. No caso de estar passando para o segundo, terceiro, quarto anos, enfim, fique atento a um detalhe importante: as universidades particulares fazem cobrança de um acréscimo nas mensalidades, geralmente em termos percentuais. 

O baque já é sentido logo em janeiro, e isso pode comprometer suas finanças pessoais, caso não esteja preparado. 

Alguns cursos exigem a compra de materiais específicos, o que eleva ainda mais os gastos.  

Valor de seguro 

Qualquer tipo de seguro, como residencial, automotivo ou até mesmo para celulares, passa por um ciclo de renovação anual. A cada ciclo existe um reajuste, geralmente considerando a inflação de um ano para outro. Considere isso, caso esteja pagando por algum tipo de seguro. Ele pode ficar mais alto e, por consequência, comprometer um pouco mais seus rendimentos mensais. 

Como se organizar para o pagamento das contas de início de ano 

Para muitas pessoas, o início de ano pode representar um grande baque financeiro. Afinal, além de ter que arcar com todos os gastos de festas como Natal e Ano Novo, ainda existem outros impostos a serem pagos nos primeiros meses. 

Se você recebe 13º salário, pode aproveitar parte desse recurso para lidar com algumas dessas dívidas. Mas, se tiver utilizado o valor para pagar despesas já no fim do ano, como muitos brasileiros fizeram, então terá que se virar com os seus próprios recursos. 

Pode parecer complicado no início mas, se você seguir uma metodologia e se planejar, pode muito bem passar por esse turbilhão sem ter que se preocupar demais.  

A seguir, vamos trazer algumas dicas importantes para lidar com os principais gastos no início do ano. 

Confira quais são os seus gastos 

A primeira coisa a se fazer quando se menciona gastos é: que tipos de gastos estamos falando? 

Não tem jeito, você vai ter que listá-los. No início, pode parecer uma tarefa árdua, já que olhar para todo o extrato mensal pode gerar algum tipo de arrependimento. 

Antes de fazer tudo isso, é preciso estar ciente de que a sua vida financeira só vai mudar se você tomar uma atitude. Portanto, na hora de listar os seus gastos, evite pensar no que deveria ou não ter acontecido. O mais importante é que você consiga reunir todos esses gastos para, então, definir um plano de ação de como pagá-los de forma efetiva. 

É possível solicitar o extrato do seu banco dos últimos meses e, claro, conferir a fatura dos seus cartões de crédito. Se tiver mais de um cartão, enumere todos eles.  

Você pode contar com aplicativos de finanças pessoais, que ajudam nessa organização, ou até mesmo utilizar o bom e velho caderninho de anotações. Mas, para que realmente consiga planejar com inteligência o uso do seu dinheiro, o melhor recurso é a planilha. Vamos explicar a seguir como você pode organizar a sua. 

Utilize uma planilha 

A melhor forma de listar todas as suas contas é com a utilização de uma planilha. Você não precisa ser o gênio do Excel ou do Google Planilhas para fazer isso. Felizmente, existem diversos templates prontos de planilhas financeiras que podem ser utilizadas e adaptadas à sua maneira. 

Mas, caso seja a sua primeira vez utilizando uma planilha, opte pelo simples. Você pode começar com uma planilha em branco mesmo e separar as abas por mês. Em cada mês, é possível fazer a listagem de seus gastos correntes, como aluguel, contas de água, luz, telefone etc. E também de gastos variáveis, como cartão de crédito e gastos do dia a dia, como o cafezinho na padaria ou a saída aos fins de semana. 

A partir do momento que você tem uma listagem de gastos, também precisa inserir os dados de quanto ganha mensalmente. 

Não tenha receio de inserir todo tipo de gasto. O ideal é que você consiga acessar a sua planilha de diferentes formas, seja por computador ou smartphone.  

Determine o hábito de mexer em sua planilha pelo menos duas vezes por semana, sempre colocando os gastos que são feitos. 

Isso vai ajudar a ter um tipo de controle mais rígido de suas finanças e até mesmo a pensar na melhor forma de diminuir seus gastos. De certa forma, a planilha ajuda a controlar a impulsão por gastos, porque você sempre irá ponderar quando tiver que usar o seu dinheiro. 

Por fim, o objetivo da planilha é bem simples: entender se o quanto você e sua família têm à disposição é suficiente para o pagamento de todas as despesas mensais.  

Quando criar a sua planilha, mostre para todos os integrantes da sua família, para que tenham ciência de como os gastos estão sendo conduzidos. Isso vai gerar um senso de responsabilidade em cada integrante - crucial para que todos saibam da importância de poupar dinheiro e conseguir pagar todas as contas. 

Além disso, você vai conseguir visualizar o que pesa mais em seu orçamento. Ao identificar as contas mais pesadas, é possível estabelecer o primeiro plano de ação para lidar com os gastos de início de ano. 

Pague as dívidas mais pesadas 

Com a planilha, você consegue visualizar em detalhes quais são as dívidas que estão pesando mais em seu orçamento. E, dessa forma, consegue traçar a melhor forma de pagá-las. 

Dívidas de cartão de crédito, por exemplo, costumam ter um alto índice de juros. Para se ter uma ideia, o rotativo pode atingir 339,5% ao ano, enquanto o valor parcelado de cartão de crédito pode chegar a 168,7% só de juros anual.  

O cheque especial também é um grande vilão do planejamento financeiro, tanto que seu juros anual chega a 128,6% do valor gasto. 

Caso o cartão de crédito e o cheque especial sejam suas maiores dívidas, organize-se para pagá-las o quanto antes. O ideal é ter o dinheiro à vista para quitar de uma só vez. Quando você faz o parcelamento dessa dívida, precisa arcar com um altíssimo valor de juros, que vai corroendo suas finanças pessoais com o passar dos meses. 

Mesmo que tenha outras dívidas para pagar, priorize os valores de cartão de crédito e cheque especial como gastos de início de ano. E, se achar melhor, diminua o limite de seu cartão e reduza ao máximo o acesso ao cheque especial, para evitar o acúmulo de mais dívidas no início do ano. 

Uma boa forma de elencar as prioridades é separar uma parte da sua planilha somente com a categoria de dívidas. Se o valor à vista ficar muito pesado, negocie diretamente com as instituições, para ver qual a melhor forma de pagamento.  

No caso de múltiplas dívidas, vale mais a pena se organizar para quitar uma de cada vez do que criar uma nova avalanche de contas. Por mais que as dívidas em aberto possam deixar seu nome sujo, sempre que pagar pela primeira parcela de cada uma delas, por exemplo, terá seu nome restabelecido junto aos órgãos de proteção ao crédito

Sempre que fizer algum tipo de acordo com as instituições, coloque em sua planilha, para ter um acompanhamento de forma contínua. 

Corte gastos supérfluos 

A grande maioria dos especialistas em finanças pessoais reforçam o cuidado de evitar qualquer tipo de gasto supérfluo. Mas, o que é considerado supérfluo para você? 

É preciso envolver a sua família nessa discussão. Por exemplo, se você trabalha em casa, no formato home office, ter um bom plano de internet é essencial para que consiga cuidar dos afazeres. E, se tem filhos em casa, cortar o plano de TV a cabo pode gerar um efeito cascata para gastar com outro tipo de coisa, como atividades ao ar livre, por exemplo. 

O ideal é discutir com todas as pessoas da família o que pode ser considerado superficial. Aqui vão algumas dicas: 

  • Entretenimento: se você perceber um valor muito alto gasto com coisas relacionadas a entretenimento, como TV a cabo, serviços de streaming, jogos, entre outros, determine o que é prioritário para você e sua família. Será que todos realmente usufruem de tudo o que é contratado? Faça essa análise e, em conjunto, você consegue determinar o que pode ser cortado ou até diminuído do orçamento familiar

  • Alimentação: vale mais a pena comprar comida para cozinhar em casa do que recorrer a aplicativos de entrega ou sair para almoçar fora. Claro que é necessário considerar o tempo de preparo, de compra dos ingredientes e até mesmo o tempo para lavar louça. Mas, e se todos da família separassem um dia da semana para cozinhar para os demais dias? É uma tática que pode funcionar bem, e que vai gerar uma grande economia para todos.  

  • Educação: é sempre complicado falar em cortes para educação, principalmente quando envolve escola particular ou universidade. Porém, existem outros gastos relacionados a essa categoria, como compra de livros e assinaturas de serviços em específico. Veja se tudo isso está sendo utilizado e, se for necessário, faça o corte de algumas dessas despesas. 

Quando você enumera os gastos por categoria, fica mais fácil tomar a decisão do que é ou não mais importante para todos. Esteja ciente que alguns desses cortes podem ser momentâneos. Ou seja, depois de passar pelo turbilhão, você e sua família podem discutir novamente se vale a pena pagar por eles ou não posteriormente. 

Busque uma renda extra 

Fez as contas e viu que vai dar uma boa apertada? Bom, talvez esteja na hora de buscar novas fontes de renda. É aí que entra a renda extra

Claro que muitas pessoas já dedicam mais horas do que a chamada jornada integral (8 horas por dia) em um mesmo emprego. Por isso, busque alternativas que não comprometam o seu trabalho principal. 

Se você tem um veículo, por exemplo, pode utilizá-lo para trabalhar com aplicativos de carona, como Uber e 99, ou até mesmo facilitar algumas entregas. 

Perceba em quais momentos é possível fazer uso de parte de seu dia - ou até mesmo alguns fins de semana - para conseguir a renda extra necessária para se organizar com os gastos. 

Também é possível buscar outras fontes de renda, como trabalhos free-lancer com escrita e design ou até mesmo serviços domésticos, que podem ser facilitados por aplicativos como GetNinjas e Workana.  

Ao definir a forma de se obter renda extra, veja se mais alguém da sua família pode colaborar com mais dinheiro para os rendimentos mensais. E, avalie: a ideia é conseguir o dinheiro apenas para lidar com as dívidas de começo de ano ou ter uma fonte a mais para conseguir juntar mais dinheiro

Cuidado para que algo temporário não se torne mais uma obrigação e, por fim, você e sua família acabem se acostumando com o valor a mais que entra por mês. Isso fará com que você se sinta cada vez mais desgastado com o trabalho, gerando um risco sério de burnout ou cansaço extremo. 

Não fique apenas no modo sobrevivência 

Tão importante quanto lidar com todos os gastos é evitar ficar apenas no modo sobrevivência. Mas o que isso realmente significa? 

Significa que você precisa sempre tomar o controle da situação. Por exemplo, diante das dívidas de começo de ano, muito provavelmente você e sua família queiram cortar diversos gastos e procurar formas de obter mais renda. Tudo para quê? Para pagar dívidas, ou seja, ver o dinheiro ficar fora de seu controle. 

Por mais que seja importante estabelecer diferentes planos de ação para ter mais recursos, saiba que a sua saúde mental precisa ser preservada. A melhor maneira de lidar com isso é falar sobre finanças pessoais com todas as pessoas da família e contar com o apoio de cada um para passar por este momento, por mais difícil que pareça. 

Se você vai considerar uma renda extra, por exemplo, não o faça apenas para cobrir dívidas. E, se tiver que diminuir algum luxo, não corte por inteiro.  

Digamos que você e sua família tenham o hábito de pedir pizza semanalmente. Que tal diminuir para uma vez a cada quinze dias?  

Cortes abruptos podem gerar um desconforto imenso em todas as pessoas da família. Lembre-se que você precisa ter um convívio harmonioso e, por mais que isso represente um gasto a mais, aqui e acolá, faça o possível para equilibrar seus prazeres com as suas finanças

A melhor forma de evitar esse tipo de armadilha é se fixar em um propósito. Por que você e sua família estão se esforçando tanto para manter as contas em dia? 

Faça essa reflexão e envolva todas as pessoas. Seria para ter uma vida mais confortável? Para finalmente dar início à reserva de emergência e, assim, conseguir mais segurança financeira diante de qualquer tipo de adversidade? Seria uma tentativa de aumentar o patrimônio

Quando se tem um propósito, você se sente mais motivado a fazer as coisas acontecerem. Você contrai a dívida por um motivo, e precisa pagá-la por um motivo. Mas, o que está por trás de tudo isso? Reflita sobre isso e entenda como o dinheiro pode ajudar você e sua família a atingirem seus objetivos

Dessa forma, você deixa de ter uma forma reativa aos seus gastos e pode muito bem fazer de pequenos ajustes orçamentários novos hábitos, que vão fazer com que tenha um uso mais inteligente do seu dinheiro. 

Acompanhe o pagamento das dívidas 

Não se esqueça do motivo para você ter mudado parte de seus hábitos financeiros! Continue utilizando a sua planilha para o pagamento de cada conta em aberto e tente se organizar da melhor forma para que suas finanças se mantenham no azul no restante do ano. 

Pague os boletos nas datas correspondentes e sempre atualize a sua planilha de acordo com os seus gastos. É extremamente importante que você seja fiel, para saber como os seus recursos realmente estão sendo gastos.  

E, caso dê alguma escapada ou gaste mais em um dia específico, não se culpe. O ideal é que, a cada escape, você volte ao foco o quanto antes, para não fazer com que a situação piore. 

Determine um plano de ação rápido para juntar dinheiro 

Depois de ajustar as suas contas, listar todos os gastos e mudar seus hábitos, que tal perpetuar isso em seu benefício? 

Com o devido pagamento de suas contas, o próximo passo é manter as rédeas do seu orçamento e trazer os ensinamentos em busca de uma melhor saúde financeira

E, sempre que pagamos as nossas contas, qual o próximo passo? Fazer com que o seu dinheiro renda, claro! 

Com o uso da planilha, antes mesmo de pagar todas as suas dívidas, você já pode planejar a forma com que irá utilizar o seu dinheiro. Logo, o que seria uma organização para o pagamento de contas de início de ano pode se tornar o seu planejamento anual. 

Imponha o seguinte desafio: como fazer para, ao final deste ano, não ficar tão endividado como fiquei no ano anterior? 

Com um bom dinheiro guardado, você pode se precaver diante das dívidas que irão surgir no futuro, mas o fato é que o hábito de poupar vai muito além disso. A seguir, vamos dar algumas dicas de como fazer o seu planejamento anual. 

Como planejar melhor o seu ano 

Agora que você já soube como reorganizar as finanças pessoais para lidar com os gastos de começo de ano, vamos estender as dicas para que o seu ano seja financeiramente melhor. Confira. 

Preveja seus gastos ao longo do ano 

Uma das maiores vantagens de se ter uma planilha é poder visualizar a curto, médio e longo prazo todas as suas finanças. Gastos obrigatórios podem ser replicados mensalmente e, se você sabe mais ou menos o quanto gasta com cartão de crédito, débito, entre outros gastos correntes, pode muito bem utilizá-los como parâmetro na hora de planejar os demais meses do ano. 

Esse planejamento pode freá-lo diante de algum tipo de impulsão. Além disso, serve como guia financeiro, para que saiba o quanto realmente pode gastar com o passar dos meses. 

Como já dissemos, tire pelo menos dois dias da semana para atualizar a sua planilha, tanto com os gastos correntes, como possíveis gastos futuros.  

Organize para sobrar dinheiro ao fim do mês 

A partir do momento que você sabe o quanto gasta, pode planejar o valor que irá sobrar ao fim do mês. 

Monte um planejamento com a sua família para ver a melhor forma de lidar com as finanças. Você pode cortar despesas, diminuir gastos com lazer e fazer o possível para ter o menor índice possível de gastos supérfluos. 

Aos poucos, você verá o dinheiro sobrando ao fim do mês e, assim, manter sua conta no azul. 

Monte uma reserva de emergência 

A primeira coisa a se fazer quando sobra dinheiro é garantir uma boa reserva para toda a família. O ideal é que o valor seja de, pelo menos, seis vezes o total dos rendimentos mensais da família. 

Por exemplo, se você tem à disposição, por mês, o equivalente a R$ 10 mil, precisaria de pelo menos R$ 60 mil para uma boa reserva de emergência

Claro que é bem difícil juntar este valor da noite para o dia. Mas, com organização, você pode dar os primeiros passos até que se torne um hábito financeiro de todos da família. 

Para conseguir montar a sua reserva de emergência com sucesso, é preciso que este dinheiro seja direcionado para uma conta diferente da sua conta corrente. Você pode abrir uma conta digital com rendimento acima de 100% do CDI e deixá-la apenas para a sua reserva de emergência. 

Essa tática funciona porque, quando você tiver que usar o seu dinheiro, basta fazer uma transferência para a sua conta principal. 

Mas, lembre-se: o dinheiro da reserva de emergência deve ser utilizado apenas para momentos de dificuldade, como perda de renda, desemprego, doença grave ou alguma situação extremamente grave. 

E, depois que utilizar parte do dinheiro, tenha o cuidado de repor o mais rápido possível. Essa prática vai garantir segurança para você e sua família. 

Faça seu dinheiro render mais 

Quando tiver o dinheiro suficiente para a sua reserva de emergência, pode considerar outros tipos de aplicação. 

O ideal é que cada investidor diversifique seu dinheiro o suficiente, para não depender apenas de um produto financeiro. É possível fazer com que seu dinheiro renda de diferentes formas: 

  • Aplicação em renda fixa: são produtos financeiros que dão previsibilidade de retorno. A poupança, por exemplo, é um tipo de renda fixa, mas seu rendimento é tão baixo, que nenhum especialista em finanças recomenda. Você pode contar com o Tesouro Direto, aplicações em letras de crédito, CDBs, entre outros. Dessa forma, seu dinheiro rende em um determinado período, sempre considerando o vencimento do título ou da aplicação. 

  • Aplicação em renda variável: após ter um valor aplicado em renda fixa, você pode se aventurar na renda variável. A característica desse tipo de aplicação é que você não sabe muito bem se terá retorno - porém, os ganhos podem ser bem maiores que os de renda fixa. É preciso investir em educação financeira e acompanhar o noticiário econômico para montar posição em renda variável, que inclui ações da B3, a bolsa de valores brasileira, derivativos, dólar futuro, entre outros. 

  • Investimento em imóveis: além da compra de casa ou apartamento, também é possível investir em imóveis por meio de papéis. É onde entram os fundos imobiliários (FIIs), tipo de investimento que pode ser feito sem ter nada de imóvel. 

Lembre-se que, para que o seu dinheiro renda, é preciso investir em educação financeira e tomar cuidado, para não aplicar tudo e perder de uma só vez. Procure uma corretora de confiança e só inicie sua jornada no mundo de investimentos após ter o valor suficiente de reserva de emergência (que, claro, deve ser preservada). 

Prepare-se para os gastos do início do próximo ano 

Agora que você já sabe o quanto é necessário se organizar, pode muito bem se antecipar ao próximo ano, não é mesmo? 

Mantenha seus gastos em dia e deixe suas finanças organizadas tanto para lidar com os altos gastos de fim de ano, como os gastos do início do ano seguinte.  

Com planejamento, é possível deixar e manter a sua conta sempre no azul. Para mais dicas de finanças pessoais, assine a newsletter do blog da Embracon.