Apesar de ajudar a lidar com algumas contas do dia a dia, o cheque especial ainda é uma modalidade que gera muitas dúvidas nos brasileiros.
Utilizado por quem tem conta em alguma instituição financeira, o cheque especial nada mais é do que o acesso a um valor ‘emprestado’ pelo banco - sem ter a necessidade de se pedir o empréstimo.
Na grande maioria das vezes, ele é encarado como um ‘complemento de renda’ - uma sensação enganosa, já que o valor emprestado pelo banco deve ser devolvido com juros assim que cai dinheiro na sua conta corrente.
Atualmente, 2 em cada 10 brasileiros utilizam a função de cheque especial no banco. Embora essa função possa ser de boa ajuda, muitos acabam caindo no ciclo de ter que pegar esse tipo de empréstimo emergencial mês a mês. Segundo pesquisa do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 40% dos brasileiros que utilizam cheque especial não conseguem sair do ciclo de depender do dinheiro do banco.
Isso gera uma bola de neve, porque o cidadão conta com um valor a mais que não possui e, a cada vez que recorre a essa função, paga por um juros cada vez maior à instituição financeira.
Qual a consequência da constante utilização do cheque especial no dia a dia? Vamos explicar os detalhes a seguir.
Por que o cheque especial representa um risco para as suas finanças
Justamente por ser de fácil utilização, o cheque especial representa um risco enorme para a sua saúde financeira.
Você pode muito bem cair na armadilha de gastar mais do que deveria e contar com o valor do cheque especial - às vezes, sem nem perceber.
Os bancos e demais instituições financeiras facilitam a utilização do cheque especial para deixá-lo em caráter emergencial. Não é preciso falar com seu gerente ou fazer qualquer tipo de solicitação para ter acesso ao cheque especial. Contanto que você tenha um bom relacionamento com o banco e um score razoável, a opção de cheque especial é automaticamente liberada assim que você passa a utilizar a sua conta corrente.
A facilidade de utilização esconde o potencial estrago que o cheque especial pode fazer em seu orçamento. Para se ter uma ideia, os juros do cheque especial são um dos mais caros de todo o mercado, podendo atingir até 320% ao ano.
Digamos que você tenha pegado um valor de R$ 1.000 de cheque especial com o seu banco, e não consegue pagar de jeito nenhum. Um ano depois, este valor pode chegar a R$ 4.200 e até mesmo ultrapassar o valor de R$ 17 mil em um período de dois anos.
Portanto, leve muito a sério o termo ‘emergencial’ do cheque especial, porque quanto mais você demorar para quitar o que deve com o banco, maiores serão os juros.
Qual a melhor forma de lidar com o cheque especial?
Antes de tudo, esqueça que o valor do cheque especial faz parte dos seus rendimentos mensais. Este valor está lá apenas para necessidades urgentes, e deve ser quitado assim que possível.
Uma boa prática é diminuir ao máximo o valor do cheque especial, para não ficar tentado a usá-lo. Se achar necessário, exclua a possibilidade de utilização dessa modalidade, para não correr o risco de pagar juros de forma desnecessária para a instituição financeira.
Manter um bom planejamento financeiro é a melhor forma de evitar a utilização do cheque especial. Na maioria dos casos, essa modalidade é utilizada quando se ‘escorrega’ com alguma conta que esqueceu de pagar.
Por isso mesmo, mantenha uma planilha financeira com os valores sempre atualizados de tudo que entra e sai do seu orçamento - incluindo detalhes como fatura de cartão de crédito, gastos diários ou até mesmo o cafezinho que toma na padaria. Quando se utiliza cartão de débito e crédito o tempo inteiro, fica fácil esquecer quanto temos disponível para utilização. E, assim, você pode acabar caindo na armadilha do cheque especial justamente porque deixou de conferir quanto poderia ou não gastar em determinada compra.
Reserva de emergência: a solução para os imprevistos
Segundo a pesquisa do SPC e da CNDL, o principal motivo alegado para utilização do cheque especial foi para lidar com imprevistos. Nesses casos, um bom planejamento não só evita essas derrapadas, como permite até mesmo que você consiga direcionar o seu dinheiro da melhor forma.
Sabemos que imprevistos podem acontecer, por isso mesmo especialistas em finanças pessoais são enfáticos ao recomendar a criação de uma reserva de emergência, que é um valor que você mesmo junta para lidar com essas adversidades.
Uma boa reserva de emergência contém, pelo menos, seis vezes os seus rendimentos mensais e deve ser mantido em uma conta de fácil resgate. Existem produtos digitais que, além de facilitar para que você guarde o seu dinheiro, rendem bem mais que a poupança, levando em consideração o CDI.
Para criar a sua reserva, o ideal é separar um percentual do seu salário todos os meses. Você pode fazer um redirecionamento automático para uma conta em específico sempre que o seu dinheiro cair ou ter a disciplina de guardar uma parte do seu dinheiro para essa finalidade.
Lembre-se sempre de deixar a reserva de emergência em uma conta de fácil resgate. Caso você tenha algum tipo de imprevisto, você pode acessar parte deste valor e, assim, resolver o problema. Dessa forma, você evita a utilização de um recurso que pode comprometer o seu orçamento - como é o caso do cheque especial - e estar melhor preparado quando as surpresas negativas surgirem.
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