A cada ano que passa, o segmento de consórcio apresenta índices de crescimento cada vez mais surpreendentes. Isso porque o consórcio permite que as pessoas possam realizar o sonho de adquirir bens de alto valor, como automóveis, imóveis e serviços, sem precisar pagar juros e valor de entrada.
Tudo isso de forma simples, sem burocracia e totalmente ajustável aos rendimentos mensais do consorciado.
Para se ter uma ideia, mesmo com a pandemia da Covid-19, o setor de consórcio estima um crescimento de 15% na aquisição de novas cartas de crédito.
Vale lembrar que o setor já possui 7 milhões de brasileiros consorciados e responde por mais de R$ 250 bilhões de ativos administrados pelos grupos, que são controlados pelas administradoras de consórcio.
Mas, por que será que o brasileiro cada vez mais tem considerado o consórcio, principalmente em tempos de incerteza como os atuais?
A seguir, vamos explicar como funciona o consórcio e todos os detalhes sobre utilização de carta de crédito, para que você também considere investir no seu novo carro, casa ou até mesmo adquirir um serviço por meio dessa modalidade tão flexível.
Como funciona o consórcio?
Antes de entrar nos detalhes de como funciona a carta de crédito, vale a pena explicar como funciona a modalidade.
O consórcio permite a aquisição de bem de alto valor de forma planejada. Diferentemente da compra à vista ou do financiamento, em que você já sai com o bem ao realizar pelo menos a primeira transação, no consórcio você entra em um grupo de outras pessoas com interesses parecidos com o seu para que, aos poucos, você mesmo financie o seu bem.
Para entrar em um consórcio, primeiramente você realiza uma simulação do bem.
Após escolher investir em consórcio de automóveis, imóveis ou serviços, você insere o valor total do bem que deseja adquirir. Este valor corresponde à carta de crédito. Não precisa ser um valor exato, mas uma boa estimativa do que valor que precisaria à vista para a conquista do bem (explicaremos os detalhes a seguir, acompanhe o texto até o fim).
Após selecionar o valor, é você quem define o total de parcelas, de acordo com os limites de cada modalidade de consórcio.
Para consórcio de automóveis, você pode dividir uma carta entre R$ 30 mil e R$ 100 mil em até 100 meses. Já para investir em um imóvel, por se tratar de um bem de altíssimo valor, você pode contar com uma carta de crédito de até R$ 500 mil, que pode ser dividida em até 240 meses.
Após completar a simulação e informar seus dados pessoais, um especialista de consórcio entra em contato para tirar todas as dúvidas e fechar o contrato.
Grupo de consórcio
O processo de checagem de informações é bem rápido. Depois da etapa de aprovação, você entra em um grupo de consórcio. Este grupo é composto por outros consorciados que contribuem mensalmente para adquirir seus bens.
Para que todos tenham as mesmas chances de aquisição do bem, são realizados sorteios mensais. Você pode ser contemplado tanto no primeiro quanto no último mês. Mas, caso queira antecipar a compra do bem, pode fazer a oferta de lances. Caso o valor que você oferecer na data do sorteio mensal seja o maior, você é contemplado, e o valor ofertado abate as últimas mensalidades do consórcio.
Vale lembrar que o valor das mensalidades não pode ultrapassar 30% dos seus rendimentos mensais. As administradoras mantêm essa regra para evitar inadimplência, afinal, quando um ou mais consorciados deixam de contribuir mensalmente, podem deixar os demais integrantes do grupo em situação de risco.
Caso ainda tenha alguma dúvida sobre como funciona o consórcio, você pode encontrar mais detalhes neste artigo. A seguir, vamos explicar a carta de crédito.
Aquisição do bem com a carta de crédito
Quando você começa a pagar pelo consórcio, você está investindo na sua carta de crédito. Isso significa que ela corresponde ao valor total do bem que você deseja adquirir.
Porém, você só pode utilizar a carta de crédito para a compra do bem que selecionou na hora de fechar o contrato. Por exemplo, se investiu em consórcio de automóveis, só pode utilizar a carta de crédito para a compra de um carro. Vale o mesmo para as demais modalidades: moto, imóveis e serviços.
A partir do momento em que você é contemplado, seja por lance ou pelo sorteio mensal, a administradora realiza um procedimento para liberação da carta de crédito.
Nessa etapa, ela analisa se as mensalidades foram pagas corretamente, se o consorciado não está negativado e faz a checagem de documentos pessoais.
Essa etapa é importante, para diminuir o risco de o contemplado ser um inadimplente e não contribuir com as mensalidades restantes, mesmo após a aquisição do bem.
Caso o consorciado seja aprovado, é preciso que ele indique o proprietário do bem que selecionou. Assim, a administradora faz diretamente a transferência do valor integral da carta de crédito para o proprietário. Isso dá uma ótima margem de negociação, afinal, a carta tem poder de compra à vista. Quando se trata de bens de alto valor, a possibilidade de se ter um desconto de 5% a 10% representa uma vantagem e tanto para o consorciado!
A negociação do valor do bem que você escolheu deve ser feita após a aprovação da carta de crédito pela administradora.
Nesse quesito, é comum que muitos se surpreendam com a correção que é feita na carta. Afinal, são muitos meses investindo em um alto valor, que também passa por reajustes, conforme já estipulado em contrato.
Como funciona o reajuste da carta de crédito?
Antes mesmo de fechar o contrato, a administradora precisa deixar bem claro que as cartas de crédito podem passar por reajuste.
Esse reajuste acompanha a inflação anual. No Brasil, existem índices específicos que regulam segmentos como automóveis (como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA) e de imóveis (feito pelo Índice Nacional de Custo da Construção do Mercado, o INCC). Para consórcios em serviços, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) costuma ser o mais utilizado.
O reajuste é necessário para garantir que o consorciado não seja prejudicado pela perda do poder de compra da nossa moeda. É uma medida que preserva o valor do bem, independente das alterações do mercado.
Na prática, funciona da seguinte maneira: digamos que você tenha investido em um consórcio imobiliário de R$ 200 mil. Caso o INCC esteja indexado a um percentual de 10%, por exemplo, no ano seguinte a carta de crédito acompanha essa variação. Assim, sua carta de crédito chega a R$ 220 mil.
Mesmo com as correções, é possível que o consorciado queira utilizar a carta de crédito para bens com valores ainda maiores. É possível? Vamos explicar no tópico a seguir.
E se o meu bem for mais caro que a carta de crédito?
É comum que muitos consorciados passem anos investindo na carta de crédito. Nesse tempo, pode ser que tenha mudado seu planejamento. Em vez de um carro popular, por exemplo, digamos que ele queira utilizar a carta para um automóvel mais confortável e de valor mais elevado. Como proceder nesse caso?
O consórcio permite a contemplação mesmo que o valor da carta de crédito seja insuficiente para a compra do bem que deseja. Vamos explicar os detalhes a seguir.
Compra de um carro mais caro que a carta de crédito
No exemplo do automóvel, o contemplado pode completar o valor do carro com seus próprios recursos ou até mesmo negociar para que o valor à vista da carta seja uma boa entrada e, assim, conseguir parcelar o restante diretamente com o proprietário.
Antes de definir se vale a pena utilizar a carta como um meio de pagar o automóvel, vale observar as correções da carta de crédito após o pagamento das mensalidades ou até mesmo considerar outras variáveis, como a compra de um seminovo, por exemplo.
Com o consórcio, é possível investir em um seminovo com até 5 anos de utilização. As administradoras mantêm essa recomendação para evitar que o consorciado passe por uma compra frustrante.
Entretanto, caso o participante opte por um veículo mais antigo — até 7 anos de uso, por exemplo — é necessário ficar atento. Antes de tudo, o valor do bem precisa ser 20% maior que o saldo devedor da cota.
Por exemplo: se você escolher um modelo 2012, e possuir um saldo devedor de R$ 100 mil, o valor de revenda deste carro deve ser de, no mínimo, R$ 120 mil. Este é um caso mais comum de ser aplicado em veículos de colecionadores, por exemplo, que podem possuir alto valor de revenda.
Compra de um imóvel mais caro que a carta de crédito
Diferentemente da compra de um automóvel, a compra de uma casa ou apartamento é mais complexa. Isso porque, dependendo da região ou da cidade em que o consorciado mora, o imóvel pode sofrer grandes variações.
Sem falar que o conceito de ‘novo’ e ‘usado’ costuma ser um pouco diferente. Por isso mesmo, a administradora abrange o leque de opções quando se trata de um imóvel.
Com a carta de consórcio imobiliário é possível:
• Investir em uma casa já reformada;
• Investir em uma casa que você pode reformar;
• Investir em um terreno para iniciar uma construção
• Investir em um apartamento já decorado;
• Investir em um apartamento que será construído;
• Investir em empreendimentos comerciais;
• Investir no seu próprio negócio.
Nesse caso, é importante ficar atento à variação de preços de cada uma das opções. Mas, se ainda deseja investir naquela casa dos sonhos desde que começou a pagar a primeira parcela da mensalidade, não tem problemas. Se a casa tiver um valor maior do que o limite da carta, você pode investir em mais de uma cota de consórcio. É isso mesmo!
Para desfrutar das vantagens da modalidade, alguns consorciados investem em mais de uma cota, para conseguir obter a compra de um bem com valor superior aos limites da carta de crédito.
Como investir em mais de uma cota de consórcio
As regras para investir em mais de uma cota se aplicam a todos os tipos de consórcio: automóvel, imóvel e serviços.
Nesses casos, é preciso conversar antecipadamente com a administradora, para que ela mantenha as duas cotas em um mesmo grupo. Para possibilitar isso, geralmente a administradora oferece valores diferentes de carta de crédito para o interessado.
Digamos que ele queira investir em um automóvel de R$ 150 mil. Nesse caso, o consorciado poderia investir em uma cota de R$ 100 mil e outra de R$ 50 mil.
Com duas cotas em um mesmo grupo, aumentam as chances do consorciado ser contemplado. Porém, é preciso negociar bem com o proprietário do veículo. Afinal, as contemplações podem acontecer em momentos diferentes.
Outro detalhe que precisa ser levado em consideração é o valor das mensalidades. A soma das mensalidades das duas cotas de consórcio não pode ultrapassar 30% dos rendimentos mensais, independentemente do bem que deseja adquirir com as cotas.
Carta de crédito para quitar financiamento
Pela possibilidade de ter poder de compra à vista, também é possível investir na carta de crédito para quitar algum tipo de financiamento com instituições financeiras.
A quitação de financiamento com carta de crédito é regulamentada pela lei dos consórcios (Lei nº 11.1795/2008). Os requisitos para que essa operação seja possível são:
• Tanto o financiamento quanto a carta de crédito precisam estar no nome da mesma pessoa;
• O grupo de consórcio e o contrato de financiamento não podem ser anteriores a 2009;
• Financiamento imobiliário, por exemplo, só pode ser quitado com uma carta de crédito imobiliário devidamente contemplada. Isso significa que os dois contratos devem ser do mesmo segmento para que a operação seja aprovada;
• A carta de crédito deve possuir valor igual ou superior ao saldo devido à instituição financeira, para fins de quitação do financiamento.
Caso você invista em uma carta de crédito para quitar uma dívida, é preciso levar em consideração alguns processos importantes. A administradora faz uma análise de crédito do consorciado, para saber se o valor do bem bate com o que está sendo declarado e pago na operação.
Além disso, é preciso consultar a instituição financeira na qual é devedor, ou seja, o banco precisa aceitar a carta de crédito como opção de pagamento para quitar dívida.
Muitos consorciados utilizam essa opção para se livrar dos juros cobrados pelas instituições financeiras. Afinal, quando se tem um bom valor à vista para pagamento, você consegue economizar um bom dinheiro, já que a quitação garante o desconto sobre juros futuros, isto é, sobre os juros que você pagaria - mas que, com a quitação, deixará de pagar.
Como funciona quitar financiamento na prática
Geralmente quem considera a opção de pagar o financiamento por meio da carta de crédito é quem possui uma dívida de alto valor. Isso acaba sendo mais comum no caso de imóveis.
Como nem todos possuem mais de R$ 100 mil para pagar à vista em um imóvel - e está longe de ter uma quantia parecida no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para ajudar a investir na casa própria - muitos recorrem a alguma forma de parcelamento.
Para ter aquisição do bem de forma mais rápida, é comum considerar o financiamento. Após um extenso período de aprovações, condicionado a renda, score, entre outros fatores, a instituição financeira pode facilitar o parcelamento. Só que, como você já deve saber, acaba cobrando um alto valor de juros nessa transação. E quanto maior o número de parcelas, maior é o percentual de juros aplicado.
Digamos que você tenha feito um empréstimo de R$ 300 mil no banco, para pagamento em 360 meses. Cada mensalidade terá um grande acréscimo de juros. Para evitar ter que pagar o dobro ou até o triplo do imóvel na transação, você pode considerar o investimento em um consórcio imobiliário. Afinal, quando for contemplado, poderá quitar a dívida sem ter que pagar um valor altíssimo a prazo.
É possível aumentar ou diminuir o valor da carta de crédito?
Enquanto ainda está pagando as mensalidades, é possível que alguns consorciados queiram rever o valor escolhido para a carta de crédito, mesmo levando em consideração os reajustes anuais.
Nesses casos, a Embracon permite aumentar ou até mesmo reduzir o valor total da carta. Porém, isso só pode ser feito em até 24h após a contemplação, respeitando as regras do grupo e espécie.
Caso queira aumentar a carta do consórcio de automóveis, é preciso ficar atento às regras e disponibilidade do grupo. Nesse caso, a administradora faz todo o intermédio, caso consiga aumentar o valor da carta.
Para consórcio imobiliário, o aumento pode ser de até R$ 10 mil, sempre respeitando as regras do grupo referente ao valor limite do crédito.
Quando uma solicitação de aumento da carta é realizada, não é possível cancelar. Se a contemplação ocorrer por oferta de lance, o valor do lance será recalculado e deverá ser pago sobre o valor do novo crédito.
Para conferir detalhes sobre como funciona a alteração na carta, clique aqui.
E se a carta de crédito for inferior ao bem, como faço?
Da mesma forma que o consórcio permite a aquisição de um bem de valor mais elevado com a carta de crédito, o caminho inverso também é possível.
Pode ser que o bem que você havia considerado ao efetuar o contrato tenha sofrido pouca variação ou até mesmo depreciado com o passar do tempo.
Se, mesmo assim, você ainda pretender realizar a compra, fique tranquilo: além de realizar a compra do bem, a carta de crédito pode ajudar com outras burocracias.
É possível utilizar até 10% da sua carta de crédito para o pagamento de despesas adicionais relacionadas ao bem. Digamos que você tenha recebido uma carta de R$ 220 mil para o consórcio imobiliário, mas só precisaria de R$ 200 mil para a compra do apartamento, por exemplo. Com os R$ 20 mil restantes, você pode pagar as tarifas de registro da propriedade, habite-se, antecipar o pagamento do IPTU, entre outros custos relacionados.
Caso a carta de crédito quite todas as despesas, além do próprio custo do bem, converse com a administradora sobre as opções disponíveis. Você pode utilizar o saldo restante para quitar as mensalidades restantes. Se já tiver com tudo quitado, entre em contato para que a administradora possa:
• Depositar o saldo remanescente;
• Manter o saldo em um fundo comum, que pode garantir rendimento ou até mesmo ser utilizado para outra cota.
Consórcio: uma modalidade sempre a seu favor
Como você pôde perceber, é graças à sua flexibilidade que o consórcio tem conquistado cada vez mais os brasileiros.
Bens de alto valor passam por um longo processo de decisão de compra. Por isso, é comum que o desejo que se tinha na hora de fechar o contrato, por exemplo, já não seja mais o mesmo no momento da contemplação.
Com a carta de crédito, o consorciado tem mais autonomia para decidir como e de que forma pretende utilizar o valor que tem à disposição.
As variações que acontecem a todo ano também podem beneficiar bastante o consorciado. Dessa forma, ele não corre o risco de diluir seu poder de compra e pode considerar até mesmo um bem de valor mais alto no momento da contemplação.
O poder de compra à vista acaba sendo de grande utilidade durante o processo: com isso, é possível ter uma boa margem de negociação na hora da transação e até mesmo investir em um bem de valor ainda mais alto ao oferecer uma entrada mais polpuda.
Sem falar sobre a possibilidade de utilizar o saldo remanescente para quitar despesas atreladas ao bem - detalhe que muitos acabam esquecendo na empolgação da compra.
É por isso e muito mais que o consórcio acaba sendo um aliado poderoso na compra de uma casa, carro ou até mesmo na aquisição de um serviço de alto valor. Faça uma simulação e compare com o financiamento: você não vai querer saber mais de pagar valores elevados de juros!