Existem muitas pessoas mal intencionadas que se aproveitam dos dados de consumidores com o objetivo de aplicar golpes financeiros, que geram milhões de reais em prejuízo anualmente.
Esse tipo de golpe, infelizmente, é cada vez mais comum e se vale do uso da tecnologia e da vulnerabilidade de dados, em esquemas que podem envolver dezenas de pessoas.
Em 2019, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil fizeram um levantamento da quantidade de brasileiros que são afetados por golpes financeiros, e identificam que 2 em cada 10 consumidores acabam sendo alguns desses alvos. E o índice tende a aumentar com a chegada do fim do ano, na maioria das vezes se valendo da falta de informação de muitos consumidores, que procuram optar por métodos menos burocráticos em busca de alguma oportunidade.
Inclusive, a pesquisa das instituições detectou que na imensa maioria das vezes as pessoas caem nesses golpes por medo de perder tempo com burocracia - problema citado por 32% dos entrevistados. Entre outros problemas estão as compras indevidas feitas com o nome do consumidor e negativação do CPF, que correspondem a 29% dos problemas citados.
Esse tipo de problema tem se agravado ainda mais durante a pandemia de Covid-19. Por conta do isolamento social, mais pessoas têm utilizado os canais digitais para realizar suas transações financeiras, aumentando ainda mais o público-alvo dos cibercriminosos. De acordo com dados do FBI, a polícia federal norte-americana, os golpes financeiros aumentaram em mais de 300% no mundo todo. E o Brasil não ficou atrás: de acordo com a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), esse tipo de golpe aumentou em 45% só no Brasil nos últimos meses.
Além do problema financeiro, as pessoas que caem em golpes desse tipo relatam problemas psicológicos. Uma pesquisa da FINRA Investor Education Foundation, fundação dos Estados Unidos voltada à educação financeira, identificou que problemas como estresse, ansiedade, insônia, perda da autoconfiança e até mesmo depressão são algumas das péssimas consequências de se cair em um golpe financeiro. Isso sem falar no sentimento de vergonha e vulnerabilidade de ter sido alvo de um truque ou artimanha que pode ter gerado alto prejuízo para toda a família.
Os golpes têm sido cada vez mais frequentes e sofisticados. Por isso mesmo, é sempre recomendado procurar os canais oficiais das instituições financeiras sempre que tiver alguma dúvida, ou até mesmo conversar com o gerente do seu banco.
A seguir, vamos mostrar quais são os principais golpes financeiros praticados, além de algumas dicas para pôr em prática e evitar ao máximo ser pego pelos mal intencionados que querem te roubar sem mostrar as caras.
Clonagem de cartão
Trata-se de um golpe antigo, mas que ainda tende a acontecer. Com a clonagem de cartão de crédito, o criminoso utiliza seus dados para compras que chegarão à sua fatura, sem nem ao menos que você tenha gastado.
Isso pode acontecer ao repassar os dados do seu cartão em um site pouco confiável ou até mesmo por ficar repassando fotos do seu cartão por aplicativos de mensagem.
Nem sempre isso acontece por descuido do dono do cartão. Pode acontecer de você ter passado as informações em um site confiável que, por algum motivo de falha de segurança, possa ter vazado os dados de seu cartão.
Fora do mundo online, os golpistas costumam utilizar o telefone querendo se passar pelo seu banco para pedir suas informações pessoais e a numeração do cartão de crédito. Fique muito atento a isso. Caso receba algum tipo de ligação suspeita, não repasse suas informações pessoais e procure o seu banco pelos canais oficiais.
Na maioria dos casos, além de pedir as informações do seu cartão, eles solicitam a senha - o que contribui ainda mais para a falsificação do seu cartão.
Caso detecte qualquer atividade suspeita relacionada ao seu cartão de crédito, procure imediatamente o seu banco e faça o cancelamento. Você pode contestar as compras que não reconhece, para que o banco solicite o bloqueio imediatamente.
Outra dica para evitar golpes fraudulentos com seu cartão de crédito, pela internet, é utilizar a opção de cartão digital. Muitos bancos geram uma numeração dinâmica para o seu cartão, incluindo a alteração periódica do CVV (que são os três números finais, essenciais para qualquer operação com o cartão de crédito). Sempre utilize o cartão digital de forma dinâmica para compras na internet. Isso diminui a incidência de clonagem de cartão.
Ah, e nunca repasse a senha do seu cartão de crédito para ninguém, para não correr o risco de fraude.
Golpe do boleto falso
Muitos criminosos aproveitam os canais digitais para enviar boletos falsos aos consumidores. Isso tem acontecido com frequência por e-mail e por aplicativos de mensagem instantânea, como o WhatsApp.
Nesse tipo de golpe, os fraudadores criam o template de um boleto com a logomarca da instituição e informações que dão a entender que o consumidor tenha algum tipo de dívida com a instituição.
Por ser um boleto, em que apenas o apontamento de código de barras é essencial para seu pagamento, algumas pessoas se confundem e podem acabar pagando por uma dívida que não possui ou um serviço que jamais irá utilizar.
Vale lembrar que nenhum banco faz cobranças por e-mail ou por apps de mensagem instantânea. Caso tenha algum tipo de desconfiança, o indicado é conversar com o seu gerente ou verificar pelo aplicativo ou internet banking oficial se a conta aparece como pendência.
Ao analisar o código de barras de um boleto, é possível perceber algumas distinções importantes. Uma conta de consumo, como água, luz ou telefone, possui apenas quatro grupos de numeração - e o último deles é composto por 12 dígitos.
Cada banco também possui o seu próprio código inicial de boleto - que são os 3 primeiros, com mais um dígito. É possível pesquisar qual o código do seu banco, por exemplo. Além do mais, ao fazer o pagamento de um boleto, sempre existe uma etapa de verificação: nome do pagador (com os dados de quem vai pagar a conta), código do banco e CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) da empresa. Vale lembrar que o CNPJ pode ser fraudado também: uma boa dica é fazer uma pesquisa gratuita no site da Receita Federal do CNPJ, para saber se a empresa realmente existe.
Em casos mais avançados, os golpistas colocam no boleto o número de ligação. Nunca ligue para este número indicado, porque tende a ser o telefone do próprio golpista, que irá fazer algum tipo de orientação para que você pague o valor. Fique atento também aos links falsos. Caso tenha recebido algum tipo de e-mail com suspeita de fraude, coloque a opção “Denunciar phishing” ou “Denunciar abuso”. Com isso, você sinaliza ao provedor de e-mail que o remetente é uma pessoa suspeita, e ele pode bloquear as próximas mensagens que forem enviadas à sua caixa de entrada.
Golpe de WhatsApp
Com a popularização do aplicativo WhatsApp, o mais utilizado pelos brasileiros ao trocar mensagens instantaneamente, muitos cibercriminosos têm aproveitado para aplicar golpes.
Esses ataques podem acontecer de diversas formas:
Utilização da foto de um amigo: existem golpes sofisticados em que uma conta de um contato é invadida com o objetivo de pedir dinheiro. Em muitos casos, o cibercriminoso se passa por um conhecido seu e se vale da amizade ou de conversas anteriores para pedir algum tipo de dinheiro. Caso suspeite de seu amigo, entre em contato por outra rede social com ele (ou até mesmo por telefone), para saber se a conta dele não foi fraudada por um golpista antes de qualquer transferência de dinheiro ou até mesmo de interação.
Cuidado com os links suspeitos: como dissemos no começo do artigo, muitas pessoas caem em golpes financeiros porque querem fugir de qualquer tipo de burocracia. Como o WhatsApp é um aplicativo de rápida troca de mensagens, ele dá a sensação de resolução rápida das coisas. E, muitas vezes, acabamos tomando ações sem nem ao menos perceber que estamos caindo em um golpe. Um bem conhecido é o do link falso; caso algum conhecido, ou até mesmo uma pessoa que você desconheça, entre em contato com um link suspeito, não interaja. Se necessário, bloqueie o remetente, para não correr nenhum risco de clicar e ser pego por alguma artimanha digital. Para se ter ideia, alguns golpes são tão bem aplicados, que utilizam números em meio ao texto para gerar confusão, trocando a letra “o” pelo número “0”, como: bradesc0, amaz0n, embrac0n, entre outros.
Pessoas que pedem dinheiro: pode acontecer de um contato aleatório, ou até mesmo uma pessoa com quem você nunca conversou, pedir algum tipo de transferência, com a desculpa de que está passando necessidade ou prometendo a venda de um produto incrível que nunca será enviado.
Existem outros golpes que podem ser aplicados via WhatsApp, como a indicação de um aplicativo que pode roubar seus dados ou até mesmo a solicitação de algum tipo de pagamento por sua nova funcionalidade, que ajuda a realizar pagamentos para amigos sem ter que sair do aplicativo.
Para impedir que a sua conta seja clonada, o ideal é ativar a autenticação de dois fatores do WhatsApp ou solicitar a recuperação da sua conta pelo celular. Por meio dessa opção, você recebe um código de verificação via SMS e, com isso, pode banir automaticamente o cibercriminoso que está utilizando sua conta de forma ilegal.
Para fazer a autenticação de dois fatores pelo WhatsApp, é preciso abrir o aplicativo, clicar em “Ajustes”, depois em “Conta” e em “Confirmação em duas etapas”. O app vai pedir a indicação de uma senha, que deve ser inserida sempre que o aplicativo solicitar. Faça a confirmação e, pronto, você terá uma camada a mais de proteção do WhatsApp.
Uso de dados para compra ou empréstimo
Nossos dados pessoais são extremamente valiosos. Para se ter uma ideia, o mau uso de um CPF ou RG pode fazer com que o fraudulento tenha acesso a essas informações e consiga até mesmo solicitar um empréstimo ou fazer um financiamento com o seu nome.
Em golpes desse tipo, os criminosos pegam os seus dados e forjam como se estivessem em seu nome. Com isso, podem conseguir com que as instituições liberem empréstimos ou realizem financiamento com o seu nome, para que você tenha que pagar.
Outra forma de aplicação é o golpista entrar em contato com uma oferta irreal, prometendo uma boa oportunidade para a compra de um bem de alto valor ou até mesmo realizar um empréstimo que nunca irá acontecer. Quanto mais atraente for a oferta, maiores são as chances de se tratar de um golpe financeiro.
Sempre tenha calma quando se deparar com situações desse tipo, porque os golpistas sempre colocam uma situação de urgência. Eles fazem isso para que você tenha uma atitude deliberada e se torne vulnerável ao golpe. Nesses casos, você pode se deparar com mensagens como “último dia de oferta, com 50% de desconto para contratação de um financiamento”. Nunca repasse seus dados pessoais ou faça qualquer tipo de transferência nesses casos, pois você pode estar sendo alvo de um golpe.
Pirâmides financeiras
Muitas pessoas já se depararam com o termo pirâmide financeira, mas poucos realmente sabem como elas funcionam na prática.
Eles geralmente surgem como oportunidades que são irreais. Imagine, por exemplo, que alguém entre em contato prometendo que, ao investir R$ 100, em pouco menos de três meses, você ficará com R$ 300. Para isso, o esquema de pirâmide pede o recrutamento de mais pessoas, porque é exatamente assim que ele funciona. Com a promessa de se ter algum tipo de lucro dessa forma, as pirâmides financeiras se baseiam no recrutamento de diversas pessoas para que apenas uma ou pouquíssimas pessoas que compõem o seu topo saiam como as grandes beneficiadas de todo o esquema.
Esse tipo de prática é ilegal e totalmente insustentável, porque a base deve cuidar do recrutamento massivo de pessoas e ganham pouco ou quase nada, enquanto as pessoas lá de cima, sem nenhum tipo de esforço, são as que saem com grandes fatias.
Caso se depare com um recrutamento desse tipo, você pode fazer um boletim de ocorrência, porque se trata de uma atitude criminosa amparada pela lei nº 1.521/1951, que garante que “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo” e quaisquer outros equivalentes)” é considerado crime contra a economia popular.
Se alguém entrar em contato em nome de uma empresa com um esquema parecido com isso, desconfie. Não caia em promessas de lucro fácil em pouco tempo. Afinal, investimento requer disciplina e, sim, dá trabalho, porque exige conhecimento em educação financeira e muita organização.
Portanto, fique com os olhos abertos caso receba propostas com baixo investimento e altos lucros em pouco tempo, além de lucros que dependem de indicação de pessoas. Exija, sempre, a documentação do acordo ou de algum produto que possa ter um esquema nessa linha. Não existe retorno fácil de investimento, é sempre bom lembrar!
Golpe do consórcio
Outra falácia bastante aplicada é o golpe do consórcio. Geralmente, os criminosos entram em contato prometendo a contemplação rápida de um bem ou serviço dentro de um período curto. Eles podem utilizar canais digitais, como e-mail e WhatsApp e, como é comum em boa parte dos golpes, criam um senso de urgência para que você aproveite a ‘oportunidade’ - quando, na verdade, querem que você comece o pagamento de um consórcio o quanto antes, para tirar dinheiro de você.
Para evitar cair nesse tipo de golpe é preciso ter muita calma. Pesquise sempre a empresa que se diz responsável pelo consórcio. Somente administradoras que possuem autorização do Banco Central do Brasil (Bacen), responsável por regular o setor, podem trabalhar com o consórcio. É possível pesquisar no site do Bacen as empresas autorizadas.
Além disso, nenhuma administradora pode prometer a contemplação em determinado período. A partir do momento que você fecha o contrato de um consórcio, é preciso integrar um grupo de consorciados e pagar pelas mensalidades corretamente.
Você pode ser contemplado tanto pelo sorteio, quanto por meio do lance, que é um valor a mais que você pode tentar com objetivo de quitar as últimas mensalidades. O lance que quita o maior percentual de uma cota é o vencedor.
O fato é que não existe garantia de quando o consorciado será contemplado. Nenhuma administradora autorizada pelo Bacen pode fazer essa promessa de contemplação, porque isso pode acontecer tanto nos primeiros, quanto nos últimos meses.
O consórcio é uma modalidade de compra planejada. O desejo de ter acesso ao bem com antecedência faz com que os criminosos se aproveitem dos interessados - que são atraídos pela inexistência da taxa de juros e pela flexibilidade do seu sistema. Portanto, a melhor coisa a se fazer ao considerar o consórcio é procurar por uma administradora séria, que seja auditada pelo Bacen, e possa ajudar na realização dos seus sonhos - como a Embracon, que há mais de 30 anos ajudou milhões de brasileiros na compra de automóveis, imóveis e serviços.
Dicas para não cair em golpes financeiros
Com o aumento cada vez mais crescente dos golpes financeiros, estamos cada vez mais vulneráveis. De acordo com a empresa PSafe, especializada em cibersegurança, só em 2021 o Brasil teve mais de 1,6 milhão de tentativas de golpes financeiros. Isso representa um ataque a mais de 17 mil vítimas por dia, com o objetivo de roubar, enganar, extorquir, enfim, se aproveitar de algum tipo de vulnerabilidade das pessoas.
Para diminuir suas chances de cair em golpes desse tipo, confira nossas dicas a seguir.
Compre apenas em sites confiáveis
Sempre verifique a procedência do site onde deseja realizar algum tipo de compra online. Prefira sempre os sites de empresas conhecidas: uma boa forma de verificar se está visitando o site correto é checando a URL ou baixando o aplicativo oficial do local.
Você pode inserir seus dados em sites desse tipo, porque eles seguem protocolos importantes de segurança para seu devido funcionamento. Só tenha o cuidado de inserir dados de cartões de crédito somente para fins digitais, em que a numeração é dinâmica - ou seja, evite inserir os dados do seu cartão físico.
Mesmo que se depare com promoções muito atrativas, desconfie. É melhor ter o hábito de comprar com segurança em sites confiáveis do que tentar a sorte no desconhecido, não é mesmo?
Não entregue seus dados para todo mundo
Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), cada vez mais as empresas terão que tomar cuidado com os dados que coletam dos consumidores. Sempre pergunte antes de entregar uma informação pessoal: para que ela será utilizada?
Você é o dono dos seus dados e, sempre que uma empresa deixa em risco alguma informação pessoal, de certa forma facilita o trabalho de hackers e mal intencionados que exploram esses dados para práticas criminosas.
Cuidado com dados bancários na internet
Dados da sua conta corrente e de cartão de crédito, como a numeração, CVV e senha, não podem ser expostos em lugar algum. Portanto, evite ficar trocando essas informações por envio de fotos ou de mensagens. Caso alguém consiga hackear sua conta, pode fazer uso desses dados para realizar uma compra em seu nome, sem a sua autorização.
É sempre importante acompanhar a sua fatura mensalmente e checar quando ações desse tipo acontecerem. A celeridade em reportar o banco nessas situações faz toda a diferença: portanto, ao se deparar com uma compra suspeita, avise imediatamente, para que você tenha o seu dinheiro ressarcido o quanto antes.
Fique atento à autenticidade dos links
Muitos cibercriminosos também utilizam links para páginas falsas que emulam sites de banco e instituições financeiras. Dessa forma, eles conseguem coletar seus dados pessoais e aplicar golpes financeiros, como roubar dinheiro da sua conta, comprar em seu nome, entre outras falcatruas.
Verifique se a URL, ou seja, o caminho da página é igual ao site oficial. Se estiver usando o navegador do celular ou do computador, você pode abrir uma aba e pesquisar no Google o site oficial. Compare se o caminho da página é da mesma origem do site oficial. Qualquer suspeita, entre em contato diretamente com a instituição por seu canal oficial.
Ative a autenticação de dois fatores
Assim como no exemplo do WhatsApp, é possível ativar a autenticação de dois fatores de outros aplicativos importantes, como o seu e-mail e os aplicativos de banco, por exemplo. Quanto mais camadas de proteção aos seus dados, menores são as chances de você ser fisgado.
Agora que você já sabe como se proteger dos golpes financeiros, confira nossas dicas para começar a investir desde já!