Não paguei uma parcela do consórcio. E agora?

27 de set. de 20214 minutos de leitura
Não paguei uma parcela do consórcio. E agora?

O consórcio é um tipo de autofinanciamento para a compra de um bem de alto valor. Diversos consorciados formam um grupo que, de forma conjunta, contribui para o fundo comum. 

Esse fundo é responsável pela entrega das cartas de crédito todos os meses, que pode acontecer de duas formas: por meio dos sorteios ou pela oferta de lance. 

Para operar, todas as administradoras de consórcio devem obedecer às regras do Banco Central do Brasil (Bacen). Isso significa que, por lei, nenhuma administradora pode prometer quando deve acontecer a contemplação: você pode ser sorteado nos primeiros meses, ou quando estiver terminando de pagar por sua cota, por exemplo.

Acontece o mesmo em relação ao lance: você pode oferecer um alto valor de início mas, se outro consorciado oferecer um valor que quite um percentual maior da cota, ele pode ser o contemplado.

É o comprometimento de cada consorciado todos os meses que faz com que a modalidade funcione corretamente. Por isso mesmo, quando se deixa de pagar por uma parcela do consórcio, é preciso ficar atento, porque isso pode representar um risco para os demais integrantes do seu grupo de consórcio.

O que acontece quando não pago uma parcela?

Quando o consorciado recebe o contrato de sua cota, é orientado a pagar por todas as mensalidades sempre até a data de vencimento. Isso permite que ele possa participar das assembleias, em que são realizados os sorteios e é dada a possibilidade de ofertar o seu valor de lance, caso tenha interesse.

Ao deixar de pagar uma parcela, você não pode participar das assembleias. As administradoras mantêm essa política considerando os outros consorciados que se comprometem com o pagamento das cotas. Afinal, não é justo que um consorciado que não pagou pela parcela tenha as mesmas chances de contemplação comparado a quem efetua seus pagamentos na data.

Por isso mesmo, o consorciado que não paga as parcelas de consórcio fica impedido de participar das possibilidades de contemplação - até mesmo impossibilitado de fazer a oferta de lance.

Para voltar a participar, é preciso regularizar sua situação com o consórcio e voltar a se comprometer com as mensalidades.

Caso deixe de pagar por duas mensalidades seguidas, a administradora pode caracterizar como desistência por parte do consorciado. Assim, ele deixa de participar dos sorteios e sua carta de crédito pode fazer parte do sorteio dos desistentes, que também acontece mensalmente.

Como fazer se não conseguir pagar mais pelo consórcio?

A desistência do consórcio é tida como uma quebra de contrato porque representa um risco para todos os integrantes do seu grupo. Quando um consorciado prossegue com a desistência, precisa pagar uma multa para a administradora, além de ter que esperar ser contemplado em um sorteio com os desistentes para receber seus valores de volta.

Por isso mesmo, as administradoras orientam os consorciados a buscarem outras opções, caso estejam com dificuldades para pagar por sua cota de consórcio.

A seguir, vamos mostrar algumas opções viáveis, para que você continue investindo no sonho que deseja ou, até mesmo, transferir a sua cota para outro interessado.

Diminuição do valor das parcelas

Caso esteja com dificuldades de pagar pela sua cota por conta de redução salarial ou alguma outra dificuldade, entre em contato com a administradora, para que possa rever o valor pago de mensalidade.

É possível que a administradora encontre formas de diluir o valor da sua carta de crédito, para aumentar a quantidade de mensalidades. Vale lembrar que, diferentemente do financiamento, o consórcio não faz cobrança de juros. Portanto, a partir dessa opção, você não irá pagar a mais pelo seu bem a prazo.

Outra opção é a diminuição do valor da carta de crédito. Nesse caso, a administradora verifica as regras do grupo em que você está inserido, para propor as possibilidades de mudança. Nesse momento, a administradora também pode aumentar a quantidade de mensalidades, com o objetivo de facilitar a continuidade do pagamento pela sua cota.

Transferência da cota

Caso realmente esteja complicado manter o pagamento da sua cota de consórcio, outra opção é a transferência.

Nesse caso, a administradora recomenda que você indique um conhecido ou familiar para que efetue a transferência. Isso porque, nesses casos, fica mais fácil estabelecer um vínculo de confiança com os valores que já foram pagos. 

Ainda assim, a administradora fica responsável por toda a intermediação da transferência, orientando o antigo consorciado a ser transparente em relação aos valores pagos, valor da cota, entre outras informações pertinentes ao interessado. 

O consorciado interessado em transferir a sua cota para outro precisa pagar uma taxa para a administradora; afinal, ele está transferindo sua credibilidade para um novo consorciado, que deverá se manter comprometido com o pagamento das mensalidades até a contemplação.

A transferência de cota é elegível apenas para cotas não contempladas ou em que o valor da carta de crédito ainda não tenha sido utilizado. Se já tiver sido contemplado, mas não conseguir terminar de pagar pela sua cota, é preciso entrar em contato com a administradora, para discutir a viabilidade de entregar o bem, entre outras opções.

Também é possível ‘vender’ a sua cota para o mercado, com a ajuda da administradora. Nesse caso, é preciso seguir uma série de recomendações antes de efetuar a transferência. É possível até mesmo realizar uma cobrança dessa transação para o interessado, afinal, você já esperou tempo o suficiente antes de ser contemplado via sorteio - além do fato de que, para a oferta do lance, quanto mais já tiver sido pago, maiores são as chances de ser contemplado oferecendo um valor inferior.

De qualquer forma, pense muito bem se estiver passando por algum tipo de dificuldade com o pagamento de consórcio. Converse com a administradora, reveja seu orçamento mensal e, se não tiver mais jeito, dê preferência para a possibilidade de transferir a sua cota, antes de pensar em desistir. 

Para conseguir organizar melhor suas finanças, confira nossas dicas para realizar um planejamento mais efetivo dos seus rendimentos mensais.

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