Como você controla os seus gastos? E quanto aos seus investimentos?
Existem diferentes formas de responder a essas perguntas. Afinal, cada um sabe onde o calo aperta quando se trata de despesas.
É sabido que o brasileiro tem dificuldades quando o assunto é educação financeira. Além de não aprendermos sobre o tema na escola, as estatísticas mostram que temos muito a evoluir nesse quesito.
Para se ter uma ideia, 62% da população brasileira enfrentou a pandemia sem ter nada de reserva de emergência, segundo dados recentes da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) com apoio do Datafolha.
Juntar dinheiro se torna um desafio maior quando falamos de períodos difíceis, como da pandemia de Covid-19. E, para lidar com esse momento da melhor forma, os brasileiros têm mostrado mais interesse em educação financeira, segundo pesquisa recente feita pelo Instituto Locomotiva: 41% passaram a pesquisar mais sobre o tema ao longo de 2020, tendência que deve aumentar nos anos seguintes.
Mas, antes mesmo de pensar em fazer melhor uso do dinheiro, é importante seguir passos importantes para controle de gastos. A melhor forma de fazer isso é montando o seu orçamento pessoal.
A seguir, vamos explicar como funciona o orçamento pessoal, por que você deve montar um e dicas de como dividi-lo da melhor forma.
O que é um orçamento pessoal
Um orçamento pessoal deve computar todos os seus gastos e investimentos. Por mais que seja difícil começar, o importante é arregaçar as mangas e anotar tudo o que se gasta.
Para facilitar, comece pelo mês atual. Anote o valor do seu salário mensal e crie colunas em uma planilha para inserir todos os seus gastos do mês, como gastos fixos, gastos correntes etc.
O que realmente importa ao elaborar o seu orçamento pessoal é compreender tudo o que entra e o que sai do seu orçamento. Dessa forma, você consegue entender e organizar todas as suas finanças. Essa organização é essencial para que você possa planejar o seu futuro, prevendo o quanto terá que guardar ou gastar para ter novas conquistas - seja um bem de alto valor, ter uma boa reserva de emergência, aumentar seus investimentos etc.
Por que devo organizar meu orçamento?
Com um orçamento pessoal, você tem maior previsibilidade de como pode se empenhar para ter grandes conquistas.
Isso traz diversos benefícios para a sua vida financeira. Além de ter plena ciência de como o seu dinheiro está sendo gasto, com o orçamento pessoal bem montado você pode estipular quando deseja comprar aquele carro que sempre quis, a compra de itens importantes para o seu dia a dia ou até mesmo o aumento do seu patrimônio.
Quando se tem um acompanhamento dos seus gastos, fica mais fácil:
• Entender onde você precisa economizar mais, para chegar aos seus objetivos;
• Separar seus gastos por categorias, para que consiga ter uma visão de onde precisa investir mais ou economizar mais, em busca de melhor equilíbrio e saúde financeira;
• Anotar os gastos de forma fácil e prática, para que sempre tenha uma visão de seus rendimentos e despesas;
• Evitar que você gaste mais do que ganha;
• Sempre se planejar para que, no fim do mês, sobre mais dinheiro;
• Aumentar sua capacidade de conquistar objetivos importantes na vida.
Dependemos do dinheiro para fazer muitas coisas em nossas vidas. Portanto, quanto maior o controle de tudo o que temos à disposição, maiores são as chances de investirmos em grandes conquistas e ter uma vida mais próspera.
Como criar o meu orçamento pessoal
A planilha é a melhor ferramenta para criação e controle do seu orçamento pessoal.
Cada indivíduo tem sua maneira de lidar com o dinheiro. Mas, será que você realmente sabe dizer se está conseguindo fazer uso dos seus rendimentos da melhor maneira possível? Certamente a planilha de gastos vai te orientar para a melhor forma de economizar e conquistar seus objetivos.
Para começar, tenha em mente o quanto você recebe mensalmente. Caso você tenha uma família, vale a pena listar o salário de todas essas pessoas de casa que contribuem para formar o rendimento mensal.
Depois disso, é preciso começar a listar tudo aquilo que se gasta. Caso esteja começando agora com a sua planilha, aproveite para resgatar todos os seus gastos dentro do mês corrente: dos fixos, como água e luz, até os mais supérfluos, como o café que se toma na padaria antes de ir ao trabalho, por exemplo.
Se tiver algumas dívidas que precisam ser pagas, o seu orçamento pessoal também deve contemplá-las. Uma boa forma de lidar melhor com todas elas é determinar um prazo para a conclusão do pagamento. Afinal, somente com as dívidas pagas você conseguirá espaço para montar a sua reserva de emergência e se organizar para os seus próximos investimentos.
Formas de dividir o seu orçamento
Para que você possa se organizar melhor montando seu orçamento pessoal, é importante ter a separação por categorias, como:
Despesas fixas
São as despesas que são inevitáveis e devem ser pagas obrigatoriamente todos os meses. Nessa categoria, você pode incluir água, luz, gás, aluguel, ou seja, tudo aquilo que é responsável para que você mantenha o seu teto e tenha condições mínimas para viver.
Despesas variáveis
São aquelas despesas que temos ao longo do mês, mas que não necessariamente são obrigatórias. Sabe aquele cafezinho que tomamos antes de iniciar a jornada no trabalho? Ou aquelas saídas aos fins de semana para o lazer? Enfim, são esses tipos de gastos.
Muitos desses gastos passam despercebidos pelas pessoas, principalmente quando utilizam demais os cartões de crédito. A melhor forma de ter uma visão completa dos seus gastos é discriminando todas as suas despesas variáveis: da assinatura de jogos online, por exemplo, à balada do fim de semana com os amigos. Não deixe escapar nada.
Se você identificar que as despesas variáveis estão consumindo mais dos seus rendimentos do que gostaria, está na hora de cortar algumas coisas.
Na grande maioria das vezes, as pessoas querem cortá-los em sua totalidade. Tome cuidado com isso, afinal, divertir-se também é algo importante em nossas vidas. Só não deixe que gastos com lazer ocupem um espaço maior do que deveria dos seus rendimentos mensais.
Passo a passo para montar o seu orçamento
A seguir, vamos apresentar o roteiro ideal para que você possa montar o seu orçamento pessoal e ter melhor visão dos seus gastos. Confira.
Selecione a melhor forma de montar seu orçamento
Embora algumas pessoas defendam o caderninho de anotações, existe um risco muito grande de não conseguir anotar tudo o que é necessário dessa forma. Na verdade, você pode ter um trabalhão escrevendo todos os seus gastos e fazendo as contas na mão.
Existem opções mais simples e automatizadas para controle dos seus gastos. Uma das formas mais conhecidas é a planilha: programas como Excel ou Google Planilhas ajudam a criar colunas e possuem modelos prontos para controle de gastos, que você pode aplicar para a sua realidade.
Mas, se ainda assim preferir algo mais automatizado, você pode contar com aplicativos voltados para controle das finanças, como Guiabolso, Organizze, entre outros. A grande vantagem é que esses aplicativos podem puxar informações diretamente da sua conta corrente e criam uma classificação automática de como você realiza seus gastos.
Tenha uma visão das receitas e gastos
Independente do meio que você selecionar para montar seu orçamento pessoal, o que mais importa é ter uma visão e controle de toda a sua receita - ou seja, o seu salário e outros tipos de renda, como aluguel, renda complementar etc - e todos os seus gastos.
Dessa forma, ficará fácil entender como você está gastando o seu dinheiro, considerando as despesas fixas e variáveis. Se perceber que gasta mais do que ganha, bom, saberá que precisa de um plano de ação o quanto antes. E, com essa visualização completa do que entra e sai, fica mais fácil entender onde começar a cortar.
Anote todos os seus gastos
Se você utiliza uma forma automatizada de controle de gastos, por meio de aplicativo, por exemplo, precisa inserir os dados de sua conta corrente e de cartão de crédito, para que consiga puxar todos os seus gastos correntes.
Mas, se optar por uma planilha, você pode facilmente inserir seus gastos sempre que se deparar com algum tipo de gasto, por mais imprevisível que ele seja.
No começo, pode ser difícil anotar tudo, mas logo isso se tornará um hábito. E quando perceber, verá que muito do seu dinheiro pode ter sido gasto por conta da impulsão.
Determine um ou mais objetivos
É comum que especialistas em finanças pessoais reforcem a importância de se juntar dinheiro. Porém, para que você tenha uma boa motivação, é preciso sempre ter um objetivo em mente.
E esse objetivo pode ser algo que você sempre quis realizar: aquele intercâmbio que você sempre sonhou, uma viagem para conhecer outros países, a compra de um carro zero km ou até mesmo o apartamento ideal para você.
Quando se tem um objetivo em mente, temos uma motivação maior para juntar dinheiro. E isso pode refletir em decisões do dia a dia, como evitar gastos supérfluos e pensar duas vezes antes de comprometer todo o seu salário somente com contas e gastos de cartão de crédito.
Quanto mais clara for a sua meta, maior será a sua motivação. Caso ela esteja longe demais de ser conquistada, pense em formas de forçar essa iniciação.
Digamos, por exemplo, que você queira comprar um apartamento, mas não tem um centavo guardado. Se é tão difícil começar a juntar a entrada, por exemplo, considere fazer um consórcio de imóveis, em que não há cobrança de entrada, nem de juros, e você pode ter acesso à carta de crédito para comprar a unidade que bem desejar.
Além do consórcio de imóveis, você pode comprar ou trocar seu carro, moto ou adquirir serviços como viagens, estudos, reforma, festas e até mesmo cirurgias.
Livre-se de todas as dívidas
Caso esteja com nome sujo ou com algumas dívidas em seu nome, o ideal é se organizar para pagá-las o quanto antes. Não adianta começar a juntar dinheiro quando se tem muitas dívidas correntes em seu nome.
Afinal, o juros que você paga por deixar uma dívida para trás são bem maiores que os juros que você ganharia ao guardar dinheiro.
Se estiver muito pesado lidar com todas elas, tente juntar um bom dinheiro para pagá-las de forma integral ou fique atento aos feirões de renegociação, que podem gerar boas oportunidades para quitar totalmente a dívida.
Somente com o caminho livre de dívidas você pode se organizar para a etapa mais importante do seu orçamento pessoal: finalmente guardar dinheiro.
Comece a juntar dinheiro
Todo mundo sabe da importância de ter dinheiro guardado, mas como efetivamente começar a juntar parte dos rendimentos mensais?
A partir do momento que você identifica todos os gastos mensais, sabe muito bem onde poderia cortar um pouco mais, para que consiga guardar dinheiro.
Comece cortando os gastos supérfluos. Muito provavelmente você sentirá uma boa diferença com bastante disciplina. Se necessário, considere cortar outros gastos que possam ser diminuídos.
Por exemplo, se você paga por TV a cabo, acha que realmente vale a pena continuar pagando quando já se tem outras soluções, como streaming?
E que tal diminuir as idas ao restaurante ou o pedido por delivery e considerar a compra de alimentos em supermercados? Adotando essas pequenas atitudes, você pode economizar bastante e, finalmente, ver seu saldo ficando no azul.
Atenção para onde guarda o seu dinheiro
Por muitos anos, o brasileiro considerou a poupança como a melhor forma de guardar o seu dinheiro e manter liquidez. Dessa forma, fica fácil sacar sempre que for preciso para alguma emergência ou algo do tipo.
Porém, com a taxa de juros baixa, o rendimento da poupança tem sido cada vez mais questionado. Você pode investir em produtos de renda fixa mais rentáveis e que podem ser sacados sempre que você precisar.
Considere contas que possuam rentabilidade acima do CDI ou CDB. O Tesouro Direto também pode ser uma boa opção. Só fique atento ao vencimento dos títulos: caso tenha que deixar o dinheiro parado lá por muito tempo, você corre o risco de perder dinheiro quando tiver que sacar o valor, por exemplo.
Não se esqueça da reserva de emergência
Agora que está conseguindo juntar dinheiro, não ignore a importância de se ter uma reserva de emergência. O ideal é ter seis vezes os seus rendimentos mensais líquidos, para conseguir se proteger diante de alguma adversidade, como doença grave, desemprego, diminuição salarial, entre outros imprevistos.
Além disso, o valor da reserva de emergência precisa ser mantido em uma conta de fácil resgate, para que não se tenha nenhum bloqueio quando realmente precisar desse dinheiro.
A reserva de emergência é uma forma de garantir segurança para você e até mesmo para os seus investimentos. Com um dinheiro guardado, você se sentirá mais seguro para tomar decisões sobre o uso correto do seu dinheiro. E, sempre que tiver que tirar algum valor do percentual guardado, organize-se para repor o quanto antes.
Cuidado com o cartão de crédito
Discriminar todos os valores gastos no seu cartão ajuda bastante a entender seus gastos com o cartão de crédito.
Em alguns casos, muitas pessoas veem no cartão de crédito um gatilho para compras impulsivas. Se este for o seu caso, adote uma estratégia: quando for ao shopping comprar alguma coisa, por exemplo, saia somente com o dinheiro necessário para a compra. Você pode sacar o dinheiro ou utilizar apenas a função de débito.
Se, mesmo assim, for difícil manter o controle, entre em contato com o seu gerente e diminua o limite do seu cartão. Dessa forma, você será forçado a gastar menos por mês e vai conseguir manter o controle do seu orçamento pessoal.
Adote algum método para juntar dinheiro
Pensar de forma sistemática como guardar dinheiro pode ajudar bastante na jornada de melhorar o seu orçamento pessoal. Existem alguns métodos que podem ser bastante úteis e adaptáveis à sua realidade. Confira:
50-15-35
Por este método, você dedica 50% da sua receita para bancar despesas básicas e fixas, como moradia, luz, água, saúde, transporte e alimentação. Só tome cuidado para que cada uma dessas categorias não extrapole o básico.
Por exemplo, se você tem um carro, será que precisa usá-lo todo o dia para o trabalho? Que tal cortar um pouco e, de vez em quando, adotar o transporte público no seu dia a dia?
Os 15% devem ser utilizados para prioridades com a saúde financeira, como pagamento de dívidas, para montar sua reserva de emergência e pensar em investimentos a longo prazo.
Quanto aos 35%, poderiam ser utilizados de forma livre, considerando idas ao cinema, restaurante, lazer, academia, sair com os amigos ou até mesmo para aquela viagem que você tanto gostaria de fazer.
60-10-10-20
Essa numeração é dividida da seguinte forma:
• 60% para despesas básicas;
• 20% para gastos livres, que incluem restaurante, lazer, compras diversas etc;
• 10% para investimentos de curto prazo;
• 10% para investimentos a longo prazo.
Algumas pessoas separam as duas categorias de 10% para investimentos em renda fixa e renda variável ou até mesmo para juntar a reserva de emergência e utilizar parte do valor para a compra de um bem de alto valor, com o consórcio, por exemplo.
55-10-10-10-10-5
A numeração está começando a ficar mais complexa, não é? Mas esse método é extremamente útil por ser mais detalhado e contemplar investimentos importantes a longo prazo. Veja como fica essa divisão:
• 55% para as despesas básicas do dia a dia;
• 10% para lazer;
• 10% para reserva pessoal destinada a algum tipo de consumo (consórcio entraria nessa divisão, por exemplo);
• 10% para investimento no seu desenvolvimento pessoal, como intercâmbio, aprimoramento de um idioma, cursos profissionais, graduação, MBA etc;
• 10% para a sua Previdência, a fim de garantir uma aposentadoria mais tranquila;
• 5% para algum tipo de doação (alguma ONG confiável; igreja, caso seja religioso etc).
Esse método é mais detalhado e pode ajudar bastante no direcionamento mais efetivo dos seus gastos.
Adote o modelo que faz mais sentido para você no momento e não tenha receio de mudar de um para o outro, se achar necessário. O que realmente importa é discriminar o percentual para suas despesas básicas, separar uma boa quantia para guardar mensalmente e estruturar o que realmente deseja para o futuro, no curto, médio e longo prazo.
Comece seu orçamento pessoal desde já
Se você ainda não tem os seus gastos muito bem organizados e estruturados, precisa começar o quanto antes!
O segredo é não adiar demais. Comece aos poucos, com uma planilha simples, se for necessário. Caso tenha dificuldades com tecnologia, peça ajuda de alguém que possa pelo menos estruturar uma planilha que seja de fácil visualização.
O caderninho, por mais que seja útil, torna difícil a atividade de anotar e planejar tudo. O uso de planilhas ou aplicativos voltados para gestão financeira facilitam bastante porque realizam cálculos de forma automática e facilitam a visualização de todos os seus gastos e investimentos.
Entenda seu orçamento pessoal como uma jornada. No começo, pode ser difícil listar todos os gastos e propor autocontrole, a fim de guardar um bom dinheiro para atingir seus objetivos. Para que você consiga colocar em prática alguns dos aprendizados que trouxemos neste artigo, é preciso tempo. Cada um tem o seu. O importante é ter o orçamento pessoal como forma de diminuir gastos supérfluos e direcioná-los aos seus objetivos.
Nesse sentido, você pode considerar o consórcio de diferentes formas: para investir em estudos e no seu desenvolvimento profissional, por exemplo. Ou, se quiser comprar bens de alto valor, pode trocar de automóvel ou finalmente dar início à compra da casa dos seus sonhos, sem ter que comprometer demais seus rendimentos mensais.
Faça uma simulação do consórcio e veja todos os benefícios.