A vida não é mais a mesma a partir do momento que você passa a viver com um(a) companheiro(a). Muitas pessoas passam por diferentes experiências de vida, mas a partir do momento em que deixa de ser solteiro para viver uma vida a dois, muitas coisas passam a mudar.
Assim como existe o companheirismo físico, quando o assunto é finanças, esta palavra adquire um novo sentido: o que antes era a vida financeira de um indivíduo passa a ser denominado finanças do casal, em que tudo deve ser compartilhado, incluindo sonhos, vontades, gastos do dia a dia e, claro, as contas de casa.
No começo, nem sempre é fácil. Cada um está acostumado a ter os seus próprios gastos e pode sentir dificuldades em abrir mão de alguns gastos correntes. Porque, da mesma forma que você tem duas pessoas que contribuem para as finanças de casa, também temos duas pessoas que possuem diferentes hábitos de consumo.
Entender o melhor meio-termo possível para o casal pode ser uma boa forma de estruturar as finanças do casal, para que consigam realizar seus sonhos de uma maneira saudável. Chegar a ele exige muito diálogo e compreensão de cada um.
Confira, a seguir, algumas dicas para começar a organizar as finanças do casal e dar início a uma vida mais próspera.
Primeiros passos para organizar as finanças do casal
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), junto ao Banco Central, identificou que, atualmente, os casais jovens tendem a ser mais transparentes em relação às finanças ao lado do companheiro.
Segundo a pesquisa, 89% dos casais falam o quanto ganham ao companheiro - premissa essencial para que se construa uma relação de harmonia e transparência. Desse percentual, 95% chega a abrir uma conta específica para o planejamento do casal, seja uma conta conjunta, uma reserva financeira ou até mesmo uma forma de investir em um bem de forma conjunta.
Esses dados mostram que os brasileiros começaram a entender a importância de ser transparente um com o outro. Porém, apenas falar o salário não é o suficiente para dar o primeiro passo para um planejamento de sucesso das finanças do casal.
Uma vez que cada um entende o quanto entra para o casal, o segundo passo é identificar como esse dinheiro é gasto. Mais uma vez entra a palavra companheirismo aqui. Uma boa forma de ter pleno entendimento do que entra e sai é listando todos os gastos - você pode fazer isso com uma planilha ou até mesmo um caderninho de anotações. Inclua gastos correntes de casa, aluguel, parcelas, cartão de crédito, despesas correntes, enfim, todo o dinheiro que sai.
Pode não ser uma tarefa fácil visualizar tudo o que é gasto, principalmente quando estamos falando de gastos supérfluos. Porém, essa é uma boa forma de iniciar as discussões de como utilizar o dinheiro da melhor forma, sempre pensando em um benefício conjunto.
Quais são os objetivos do casal?
Agora que vocês já começaram a discussão sobre finanças, vale a pena entender: qual é o sonho que o casal divide?
Nesse caso, pode ser mencionado um filho, a compra de uma casa própria, a troca de um carro ou a constituição de um patrimônio, por exemplo. Tudo depende da fase em que o casal está, e o que almejam para a construção da vida a dois.
Depois de entender os objetivos em conjunto, não deixe de discutir os objetivos individuais de cada um. Por exemplo, se os dois pretendem investir na carreira profissional, podem considerar um curso de pós-graduação, uma nova faculdade ou até mesmo uma forma de aprimorar o aprendizado de um novo idioma.
No momento em que se busca entender os objetivos do casal, não se preocupe muito com os valores. Afinal, se a felicidade de cada um é extremamente importante, é preciso considerar os sonhos e, claro, tentar realizá-los de forma conjunta, por mais que leve mais tempo do que se imagina.
Como começar a organizar as finanças do casal
Agora que vocês sabem o quanto gastam e o que realmente desejam conquistar, seja em conjunto ou de forma individual, é hora de pôr a mão na massa para identificar se as finanças do casal estão compatíveis com os objetivos.
Caso o salário dos dois seja o suficiente para pagar as contas, e ainda sobre uma boa reserva, o mais prudente a se fazer é guardar esse dinheiro de forma conjunta. Antes de qualquer tipo de investimento, o casal deve se preocupar com a reserva financeira.
Uma boa reserva é constituída do total dos rendimentos mensais multiplicado por seis. Por exemplo, se o casal recebe, de forma líquida, o equivalente a R$ 10 mil, mas gasta em torno de R$ 8 mil com as contas, despesas de casa, etc, o ideal é multiplicar o gasto de R$ 8 mil por seis. Ou seja, neste exemplo, um valor em torno de R$ 48 mil é um bom ponto de partida para uma reserva de emergência.
Os R$ 2 mil que sobram, por exemplo, podem ser utilizados para montar a sua reserva mensalmente. Mas, se o casal quiser se organizar para concluir a reserva mais rapidamente, pode eliminar gastos desnecessários e guardar um volume ainda maior.
Isso porque a reserva de emergência representa uma segurança para o casal em momentos difíceis. Dessa forma, com um valor considerável, você tem um respiro de seis meses caso passe por uma situação complicada, como desemprego, perda de renda ou algum imprevisto familiar que necessite do uso do seu dinheiro. Por isso mesmo, mantenha a reserva de emergência em uma conta que seja de fácil retirada. Afinal, nunca se sabe o momento em que irá precisar deste dinheiro.
Investindo em sonhos maiores
Ter uma boa reserva de emergência pode levar mais tempo do que você gostaria. Em consequência disso, você pode pensar em montar a reserva e, ao mesmo tempo, começar a investir em uma vida melhor para o casal.
O importante é ter foco e se organizar para seguir rumo aos objetivos.
A partir do momento que você inicia o processo de montar a reserva, o casal pode direcionar suas finanças para a realização de um grande sonho. Digamos, por exemplo, que vocês queiram comprar um apartamento novo, em um bairro mais próximo do trabalho.
Quando se fala de um bem de alto valor, como uma casa ou apartamento, é preciso se planejar com antecedência. Afinal, o casal pode passar mais de 10 anos se comprometendo com esse tipo de investimento - que, claro, é essencial para a vida do casal.
Para que o casal consiga se organizar sem ter que comprometer demais o orçamento mensal rumo a um objetivo maior, existe uma modalidade perfeita: o consórcio. Vamos explicar a seguir como ele funciona.
Como o consórcio pode ajudar o casal a realizar os sonhos
Diferente de qualquer outra modalidade, você pode começar a investir em um consórcio sem necessariamente apontar o bem que precisa. Isso porque você não investe em um bem específico, mas em uma carta de crédito que, no futuro, servirá para a compra do bem que você deseja.
Ainda utilizando o exemplo do apartamento em uma localidade próxima do trabalho: o casal sabe muito bem que precisa de um apartamento em uma região mais nobre do que a atual. Caso pense em comprar um imóvel em um bairro mais privilegiado, mais pra frente, pode começar pesquisando o valor do metro quadrado na região e o preço médio do apartamento que gostaria de comprar.
A partir dessa informação, já é possível começar a investir em um consórcio de imóveis para essa finalidade. Isso porque as administradoras possuem uma forma dinâmica para que você identifique o valor das mensalidades e a quantidade de parcelas.
Tudo isso é possível por meio do simulador. Digamos que o casal queira comprar um apartamento de R$ 500 mil, por exemplo. Basta inserir este valor como carta de crédito e selecionar a quantidade de parcelas. Após informar os principais dados pessoais, você tem um retorno de quanto ficaria o valor da parcela.
Além do cálculo do total da carta de crédito dividido pela quantidade de parcelas, a mensalidade é composta de taxa de administração, que serve para remunerar a empresa de consórcio por organizar os grupos, realizar os sorteios mensais e entregar as cartas de crédito, e fundo de reserva, que garante aos grupos entregar as cartas, sem se prejudicar por conta da inadimplência de alguns integrantes.
Essas taxas são aplicadas porque o consórcio não faz cobrança de juros, como acontece no financiamento. Ah, também não é preciso se preocupar com valor de entrada. No aniversário da cota existe um reajuste, que leva em consideração a inflação do período. Portanto, se o valor da mensalidade aumentar de um ano para outro, você verá este valor refletido na sua carta de crédito. Essa medida é necessária para impedir que o valor da sua cota seja afetado pela perda do poder de compra por conta da inflação.
Quais são as etapas de um consórcio
A partir do momento que você fecha o consórcio e concorda com o valor das mensalidades, basta começar a pagar. Depois disso, o consórcio te coloca em um grupo, onde são realizados os sorteios mensais.
O grupo é constituído de outros consorciados que estão investindo em bens semelhantes. Todos os meses são realizados os sorteios: utilizando uma metodologia que faz uso de numeração da Loteria Federal, todo mês um integrante pode ser sorteado com a carta de crédito. Pelo sorteio, todos têm as mesmas chances de serem contemplados. Para participar, porém, é preciso pagar as mensalidades em dia.
Mas, caso tenha passado um bom tempo e o casal decida por tentar a contemplação de forma antecipada, pode fazer a oferta de um lance. O lance é um valor significativo que você pode pagar pela sua cota. Com ele, você antecipa as últimas mensalidades e pode sair com a carta de crédito sem depender do sorteio.
Porém, para que uma oferta de lance seja contemplada, é preciso que seja o maior valor de uma assembleia. Para esse cálculo, as administradoras verificam o percentual oferecido, comparado ao que falta ser pago.
Na verdade, existem diversas formas de fazer a oferta de um lance. Vamos explicar como cada uma funciona a seguir.
Lance livre
É o tipo mais conhecido de lance. Nele, o consorciado faz uma oferta dentro da Área de Clientes pelo bem que selecionou.
Este valor deve ser de, no mínimo, 10% do total da carta de crédito. Por exemplo: se o cliente estiver investindo em uma carta de automóveis de R$ 40 mil, precisa ter pelo menos R$ 4 mil de lance. Se este valor for o maior da assembleia em que ele ofertou, ele é contemplado.
Lance fixo
Alguns grupos trabalham com a possibilidade de ofertar lance fixo. Funciona da seguinte maneira: a administradora determina um valor fechado, que corresponde a um percentual da carta de crédito.
Se for determinado que este percentual seja de 30%, significa que os clientes que investem em uma carta de consórcio de imóveis de R$ 500 mil, por exemplo, têm que oferecer R$ 150 mil como lance.
Como critério de desempate, a administradora pode utilizar o sorteio somente com os consorciados que ofertaram o lance.
Lance embutido
Na modalidade de lance embutido, o cliente pode utilizar parte da carta de crédito para oferecer como lance.
Na Embracon, este percentual é de 25%. Ainda com o exemplo da carta de imóveis de R$ 500 mil: é possível tentar o lance embutido para dar R$ 125 mil como lance. Se for contemplado, ele sai com uma carta de crédito de R$ 375 mil.
Essa possibilidade ajuda consorciados que querem ter acesso mais rápido à carta, mas não têm recursos para ofertar o lance.
Para ter acesso ao lance embutido, porém, é preciso consultar as regras do grupo. Muitos acabam excluindo essa possibilidade para não afetar o fundo comum e prejudicar os demais integrantes.
Lance com recursos do FGTS
Especificamente para consórcio imobiliário, é possível utilizar os recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) para tentar o lance. Para essa possibilidade, o proprietário da cota precisa entrar em contato com a Caixa e puxar o extrato do FGTS, com assinatura do gerente.
Então, ao propor a oferta do lance pela Área de Clientes, basta inserir o valor que gostaria do FGTS para tentar o lance. Se a sua oferta for a maior da assembleia, a administradora realiza todo o procedimento para que você possa solicitar à Caixa a transferência do valor para a administradora.
O que acontece após a contemplação
Independente do bem que o casal esteja investindo - automóveis, imóveis, moto ou até mesmo serviços - no momento da contemplação é necessário passar por uma nova análise de crédito pela administradora. Essa etapa é necessária para garantir que o consorciado não se torne um inadimplente após receber a carta de crédito. Além disso, a administradora pede uma série de documentações.
Se, ao analisar as finanças do casal, for identificado que a mensalidade tenha ultrapassado 30% dos rendimentos mensais, é necessário indicar um devedor solidário, ou seja, uma pessoa que possa somar aos rendimentos e compartilhar a responsabilidade da dívida.
Após a aprovação, é preciso indicar o proprietário do bem que você deseja comprar. No caso do apartamento, por exemplo, basta indicar o responsável pela venda. O valor da carta de crédito é repassado diretamente para o proprietário, ou seja, não é transferido para a conta corrente do casal.
A grande vantagem da carta de crédito é seu poder de compra à vista. Assim, o casal tem oportunidade de negociar um bom valor para o bem que deseja adquirir. Converse com o proprietário antecipadamente e negocie as condições.
Caso o valor da carta seja maior que o bem, você pode utilizar até 10% da carta para pagar por documentações de transferência, entre outras burocracias de cartório. Mas, se o saldo for insuficiente, não se preocupe: é possível completar a transação com os seus próprios recursos.
Por que o consórcio é uma boa forma de organizar as finanças do casal
O consórcio tem tudo a ver com um casal que quer planejar muito bem as conquistas. A compra de uma casa ou apartamento, por exemplo, exige muita disciplina e anos de planejamento. Antes mesmo de ter a decisão de qual imóvel comprar, você pode começar pagando as parcelas do consórcio.
O melhor de tudo é que o próprio casal define o valor que pretende pagar de mensalidade. Não é preciso se preocupar com juros ou valor de entrada, além de toda a flexibilidade de conseguir fazer a oferta de um lance, caso tenha interesse em ser contemplado com antecedência.
Se o casal tiver interesse em trocar de carro, por exemplo, também pode contar com o consórcio para essa finalidade. Pelo consórcio de automóveis, é possível investir tanto em um carro zero km, quanto um seminovo - contanto que não ultrapasse cinco anos de uso.
Enquanto estiver pagando as mensalidades, você pode fazer a oferta de um lance utilizando o valor do seu usado. É possível pedir à administradora uma avaliação do seu veículo antes de ofertar o lance. Ao concordar com o valor estipulado, você pode utilizar o valor para tentar o lance e, assim, conquistar o bem de forma antecipada.
Nenhuma administradora pode garantir a contemplação dos bens para os consorciados enquanto estiverem pagando a mensalidade: ela pode acontecer do primeiro ao último mês. Mesmo que você tenha um valor considerável para oferta de lance, não há garantia de que a sua oferta lhe dará acesso à carta de crédito. Porém, se você não for contemplado ao tentar o lance, pode tentar nos meses subsequentes. É uma boa oportunidade de juntar um valor ainda maior e, assim, aumentar suas chances de contemplação.
Com o consórcio, o casal também pode se preparar para diferentes etapas da vida. Caso esteja preparando a chegada de um bebê, por exemplo, e tenha o desejo de montar o quarto dos sonhos para a criança, pode muito bem pensar em uma reforma da casa ou apartamento.
Por meio do consórcio de serviços, o casal pode investir em uma carta de até R$ 30 mil para fazer toda a reforma necessária para a construção de um novo cômodo.
Aliás, o consórcio de serviços pode ajudar o casal de diferentes formas: caso queira organizar uma festa de primeiro aniversário ou até mesmo a festa de debutante para a filha de 15 anos; para organizar uma viagem com toda a família, incluindo passagem, hospedagem e passeios; pode ajudar com a ampliação de algum cômodo da casa ou aquela reforma completa, para dar uma nova cara ao lar; e até mesmo a estruturar a festa de casamento, ajudando a quitar buffet e demais serviços, como fotografia, vestido, salão de beleza, entre outras despesas.
De forma planejada, o casal tem autonomia para determinar o valor das mensalidades e a quantidade de parcelas para o bem ou serviço que deseja. Contanto que o valor não ultrapasse 30% dos rendimentos mensais, para não representar um risco nas despesas do casal, fica a cargo do casal organizar e começar a pagar o valor que deseja.
Caso o total da carta de crédito seja insuficiente, é possível investir em mais de uma cota de qualquer produto de consórcio. Caso queira comprar um apartamento de R$ 800 mil, por exemplo, é possível investir em duas cotas de R$ 400 mil cada - contanto que a soma das duas mensalidades não estoure os 30% dos rendimentos do casal.
Portanto, comece o quanto antes a identificar os gastos, eliminar o que é supérfluo, dar início à reserva de emergência e, também, ao sonho de ter uma grande conquista. Com muito diálogo e companheirismo, o casal pode organizar suas finanças de modo saudável e próspero.
Para entender na prática como o consórcio pode ajudar nessa empreitada, faça uma simulação do bem que deseja adquirir.