Para que você consiga colocar a sua vida em ordem e possa investir em seus sonhos, ter o controle financeiro é essencial. Porém, esse é um desafio que atinge a grande maioria dos brasileiros.
Isso porque, para ter um bom controle de tudo o que acontece em sua vida, educação financeira é fundamental. E, infelizmente, isso é algo que pouquíssimas pessoas tiveram oportunidade de aprender, seja na escola ou em algum momento de sua trajetória pessoal e profissional.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2020 revelou que apenas 21% das pessoas tiveram educação financeira até os 12 anos de idade. Por mais que não seja um número considerado tão ruim, a coisa se agrava com os dados complementares: deste percentual, 45% não compartilham o conhecimento para lidar com as contas de casa ou até mesmo para os filhos.
A família é um elemento importante quando o assunto é educação financeira. Dessa forma, fica mais fácil entender na prática como o dinheiro afeta a vida real. Ainda de acordo com a pesquisa, 42% das pessoas que dizem conhecer sobre o tema revelam ter aprendido com os seus pais. Mas, quando se trata de discutir o assunto com seu parceiro, a tendência é de diminuição: somente 37% deles costumam falar sobre educação financeira com seu cônjuge ou companheiro(a).
A pandemia de Covid-19 fez com que o tema dinheiro e educação financeira fosse mais pesquisado do que em qualquer outro momento. Muitos setores foram afetados por conta do isolamento social, fazendo com que muitas pessoas, que perderam empregos ou viram seus negócios fecharem as portas no vermelho, procurassem alternativas para sustentar a família ou ganhar uma renda extra.
Por mais que as pesquisas em sites de busca com o tema “dinheiro” e “educação financeira” tenham aumentado, o brasileiro ainda possui um tabu que o torna resistente a manter um bom controle financeiro de sua vida: a relação emocional com as informações disponíveis sobre o assunto.
Uma pesquisa realizada no final de 2010 pelo Itaú Unibanco, em parceria com o Datafolha e a consultoria Box1824, mostrou que 46% dos brasileiros preferem nem olhar para o próprio dinheiro, para não ficar triste. Como assim? Significa que, diante de tantas dívidas ou de boletos que precisam ser pagos, o brasileiro prefere fechar os olhos “para não ficar deprimido” diante da situação, conforme disse um dos entrevistados da pesquisa.
Portanto, não adianta muito simplesmente disponibilizar conteúdo sobre finanças para as pessoas. "Temos que buscar transformação. É uma terapia. Essa relação com o dinheiro é mais psicológica do que qualquer outra coisa. Hoje finanças pessoais é muito atrelada a sentimentos ruins e coisas que não necessariamente a pessoa tem a mente aberta para falar", disse Luciana Nicola, superintendente de relações institucionais, sustentabilidade e empreendedorismo do Itaú Unibanco, ao Valor Investe.
Vencer essas barreiras são determinantes para que possamos ter uma relação mais saudável com o nosso dinheiro, e isso vai das pequenas práticas, como anotar tudo o que gasta, até a construção de hábitos mais sólidos para poupar dinheiro.
A seguir, vamos nos aprofundar mais sobre a importância do controle financeiro para, então, trazer algumas dicas de como colocar esses hábitos em prática no seu dia a dia.
Por que é importante termos uma relação saudável com o dinheiro
Para muitas pessoas a importância do dinheiro tem uma relação individual. Ou seja: eu guardo dinheiro para comprar coisas do meu interesse. Se acabar, tudo bem, posso receber mais no mês que vem ou dar um jeito de aumentar a minha renda.
Embora esse pensamento se aplique ao dia a dia de muitas pessoas, a nossa relação com o dinheiro é determinante para os rumos da economia.
Isso porque o conhecimento sobre finanças permite tomar decisões mais inteligentes do que fazer com o dinheiro. Quando muitas pessoas se orientam por impulso, de certa forma setores não essenciais ou que empregam uma quantidade restrita de pessoas, por exemplo, acabam sendo priorizados. Ou, quando deixamos de comprar o que é essencial e deixamos o impulso tomar o controle, ficamos endividados mais rapidamente, o que pode gerar consequências negativas, como tomar empréstimo, pagar mais juros pelo uso excessivo do cartão do crédito ou comprometer ainda mais os rendimentos por conta do cheque especial, por exemplo.
O mau uso do dinheiro gera frustrações individuais, mas também acaba tendo como consequência um direcionamento difuso para a economia. Quando o brasileiro deixa de poupar pensando em seus rendimentos, por exemplo, de certa forma sustenta uma economia cada vez mais dependente do consumo. Quantas vezes você já não se deparou com o governo tendo que fazer liberação de FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço) diante de momentos difíceis? Exatamente para estimular mais o consumo diante de momentos difíceis.
Ou seja, por conta de nossos hábitos de consumir, nossa economia depende dessa dinâmica para que apresente níveis saudáveis.
Porém, uma coisa é importante a se dizer: o consumo não é uma coisa ruim. O problema é quando todo o dinheiro que você ganha fica voltado ao consumo, porque você não consegue se planejar para aumentar seu patrimônio, elevar seu padrão de vida, proporcionar saúde e conforto para toda a sua família, entre outras coisas que somente o dinheiro pode prover.
Também não significa que é preciso ser rico para ter uma boa educação financeira ou tomar melhores decisões com o dinheiro. A mudança de hábitos começa aos poucos e, quanto mais você adiar esse início, maior é a oportunidade que se perde.
Para que você comece a ter um controle financeiro melhor, vamos trazer algumas dicas.
Como fazer uma gestão melhor do meu dinheiro?
Para que você consiga ter melhor controle sobre suas finanças, vamos mostrar algumas dicas que certamente vão ajudá-lo. Confira.
Comece anotando todos os seus gastos
Por mais que pareça uma dica óbvia, o controle começa a partir do momento que você anota todos os seus gastos. Nesse caso, cada um tem mais apreço por algum tipo de técnica do que por outras.
É possível utilizar um caderno de anotações, por exemplo, para fazer esse processo. Ou até mesmo guardar todos os comprovantes de gasto em alguma pasta, incluindo boletos, comprovante de débito ou crédito em alguma compra etc.
Porém, a forma mais organizada de se controlar os seus gastos é por meio de uma planilha de finanças. Existem diversos modelos prontos na internet para quem deseja fazer o controle do que gasta. Por ela, além de inserir os gastos mensais, você pode projetar o que deseja conquistar nos próximos meses ou até anos (vamos falar disso com mais detalhes).
Quando se tem uma planilha, você não fica dependente de papéis, que podem ser perdidos facilmente. Uma boa prática é anotar tudo o que gasta ou, se preferir, fazer uma checagem pelo menos uma vez por semana em sua planilha, para ver se os seus gastos não estão ultrapassando os seus ganhos.
Priorize o pagamento de suas contas
Sempre que você receber o seu salário, é importante quitar com antecedência todas as suas contas. Por mais que isso chegue a assustá-lo - afinal, ter dinheiro à disposição para vê-lo ‘evaporando’ de uma só vez pode ser desanimador - é importante quitar tudo o que tem antes de usar o seu dinheiro.
Quando você adota essa prática, fica menos suscetível aos impulsos. O ideal é, além de pagar todas as contas pendentes assim que receber, destinar todos os valores necessários para seus investimentos no ato de recebimento do dinheiro.
Com uma planilha de gastos, é fácil manter esse controle. Você pode encarar o hábito de guardar dinheiro, por exemplo, como se fosse uma dívida pendente. É possível começar com pouco: com R$ 50 ou R$ 100, por exemplo, você já pode dar início à sua aplicação. E, por mais que falem mal da poupança, é melhor deixar algum dinheiro por lá, pelo menos por um tempo, até que você tome melhores decisões de como aplicar o seu dinheiro. Isso porque, ao deixá-lo em sua conta corrente, você pode correr o risco de gastá-lo.
Mantenha o hábito de poupar como se fosse uma dívida
Se você utiliza uma planilha, pode muito bem se ‘obrigar’ a poupar parte do dinheiro que recebe. Não tenha medo de começar com pouco. Se você não tem o hábito de guardar dinheiro, pode começar com um valor pequeno. O importante é que seja destinado a uma conta diferente da sua conta corrente.
Você pode criar uma conta poupança ou até mesmo uma conta digital que tenha rendimentos atrelados ao CDI - caso este percentual seja maior que 100%, por exemplo, já compensa mais do que a poupança!
Quando se fala em usar o dinheiro para investimento, é comum que os especialistas em educação financeira mencionem a importância de diversificar suas aplicações. Para que isso não gere muita confusão em sua planilha, mantenha o dinheiro que guardou em uma conta separada. Mesmo porque, antes de pensar em aplicar seus investimentos, é importante montar a sua reserva de emergência, que explicaremos a seguir.
Crie a sua reserva de emergência
A reserva de emergência geralmente é composta de um valor que corresponde a seis vezes ou mais os seus rendimentos mensais. Por exemplo, se você e sua família têm à disposição algo como R$ 5 mil mensais, vale a pena ter R$ 30 mil como reserva de emergência.
Este valor deve ser mantido em uma conta de fácil resgate e só deve ser utilizado para momentos de emergência mesmo. Por exemplo, caso tenha algum problema grave de saúde na família ou em situações como perda de renda, por exemplo.
É importante que este valor seja de fácil resgate, porque a emergência pode acontecer em momentos inesperados. Por isso, não aplique o valor de reserva em algum produto financeiro de médio e longo prazo porque, além da dificuldade de resgate, você pode ter um prejuízo ou perder os ganhos da aplicação.
Uma boa forma é mantê-los em uma conta com rendimentos da CDI.
Para que você tenha o valor da reserva, tire um percentual dos seus ganhos e destine para essa finalidade. Você pode começar com pouco e ir aumentando aos poucos, até que consiga ter o valor ideal para a sua reserva.
Com a sua reserva de emergência garantida, aí sim, você pode pensar em criar novas aplicações em renda fixa e variável, para aumentar o seu patrimônio.
Faça um controle inteligente das suas dívidas
Quando falamos em controle financeiro, é importante ficar com os olhos atentos quando o assunto é dívida.
Evite o hábito ruim de acumular novas dívidas sempre que uma ou outra acabar. Em vez de se apegar às dívidas, vale mais a pena planejar o que se deseja comprar com antecedência.
Converse com toda a família ou separe um tempo para definir o que você realmente deseja comprar em um período de um ano, por exemplo. Claro que isso vale mais para compra de bens de alto valor, como eletrodomésticos, realização de algum curso para desenvolvimento profissional, enfim, compras que podem comprometer um valor significativo do seu orçamento.
Quando se tem uma visão de todas as suas dívidas e quando elas devem ser quitadas, fica mais fácil planejar. Aproveite também para fazer o acompanhamento de preços dos bens que deseja comprar. Por exemplo, a Black Friday pode ser um bom momento para a compra de eletrodomésticos, enquanto a Cyber Monday, que é um pouco depois da Black Friday, pode gerar uma ótima oportunidade para comprar smartphones, tablets ou computadores.
Para aproveitar o melhor dessas datas promocionais, tente quitar o máximo de dívidas ao longo do ano, para que esteja em uma ótima situação para fazer as compras que necessita no melhor período do ano. Além de economizar mais nas compras, você consegue manter as suas contas em dia, sem ter que agir por impulso.
Não compre tudo de uma vez
Citamos as datas promocionais, mas é preciso ter muito cuidado, para não se empolgar demais.
Uma boa forma de evitar isso é pesquisar com antecedência os preços do que precisa comprar e determinar um valor máximo de gasto para esses períodos. Fim de ano, por exemplo, costuma ser um período em que muitas pessoas gostam de comprar presentes e acabam se empolgando com os gastos - ainda mais por conta do 13º salário.
Não é preciso comprar tudo em um momento só, para não postergar a dívida para o ano seguinte. Quando se tem planejamento de gastos em determinados períodos, você não fica vulnerável em momentos sazonais, e pode aproveitar melhor as oportunidades que surgem.
Evite o uso de cartão de crédito
O cartão de crédito pode ser uma ótima opção de pagamento. Porém, justamente por sua facilidade de uso, muitas pessoas acabam derrapando em dívidas. Afinal, é fácil de passar e gerar algum tipo de descontrole em suas finanças - principalmente se você não tem o hábito de anotar todos os seus gastos.
Prefira utilizar funções como o débito, que desconta diretamente da sua conta corrente. Ou, se quiser ter um controle mais estrito, defina o valor que precisa gastar antes de sair de casa e utilize o dinheiro vivo mesmo. Apesar das múltiplas opções de meios de pagamento, é mais fácil ter controle do dinheiro que você sacou do que passar nas maquininhas a cada transação.
Caso seja inevitável o uso do cartão de crédito, o recomendado é estabelecer um teto de gastos para a sua fatura mensal. Para isso, é essencial acompanhar os gastos sempre que realizar alguma compra.
E não caia no erro de ter mais de um cartão de crédito por pessoa. Isso é uma armadilha para o descontrole e, quando se vê, está comprometido com mais de duas faturas. Se considerar necessário, não aumente o seu limite de compras, para que tenha melhor controle de seus gastos.
Evite o cheque especial
Quem tem cartão de crédito e já passou pela situação de atrasar a fatura sabe muito bem que o juros do rotativo é extremamente danoso. Para se ter uma ideia, chega a mais de 320% ao ano. Ou seja, se você parcelou ou deixou de pagar uma fatura pelo período de um ano, ela ficará mais de três vezes o valor original no período anual.
O cheque especial tem um juros menor, mas ainda assim extremamente alto: chegou a 124,9% de juros anual em 2021. O cheque especial é acionado sempre que utilizamos um valor adicional da nossa conta corrente do que realmente possuímos. Como muitos bancos já alertam, o cheque especial deve ser utilizado apenas em caráter emergencial, e não para as transações do dia a dia.
Para evitar seu uso deliberado, você pode tirar a opção de cheque especial da sua conta corrente. Caso queira manter o valor para ter algum tipo de segurança, mantenha o controle ao máximo para não utilizá-lo. Aliás, se tiver uma reserva de emergência, não precisa de cheque especial para isso, certo?
Portanto, evite ao máximo o seu uso, para não perder dinheiro para as instituições financeiras.
Invista em um patrimônio
Manter as contas em dia é extremamente importante para a saúde financeira da sua família.
A partir do momento em que você consegue montar a sua reserva de emergência e manter as dívidas sob controle, está na hora de constituir um patrimônio com o seu dinheiro.
Existem várias formas de se fazer isso: aplicando em investimentos, montando o seu próprio empreendimento ou realizando a compra de imóveis.
Quem possui a casa própria, por exemplo, pode muito bem se organizar para a compra de um segundo imóvel para diversas finalidades. É possível comprar imóveis na praia ou no campo, por exemplo, para passar um período de lazer com toda a família, ou até mesmo com o objetivo de obter uma renda extra.
Você pode deixar o seu segundo imóvel para aluguel, por exemplo, diretamente com inquilinos. Ou pode fazer aluguel por temporadas, para não ter que comprometer seu patrimônio.
A vantagem de se ter um imóvel e alugar por temporadas é que você pode curtir o seu patrimônio, sempre que quiser, e ainda assim conseguir uma renda extra em determinados períodos.
A melhor forma de investir em um imóvel é por meio do consórcio. Quem procura ampliar o patrimônio, por exemplo, não tem a mesma pressa de quem procura comprar a primeira casa ou apartamento.
Pelo consórcio, você não precisa se comprometer com valor de entrada ou ter que pagar juros pelas parcelas. É você que determina o valor da carta de crédito e o quanto deseja pagar nas mensalidades.
Fazer um consórcio de imóveis é bem simples. Primeiramente, escolha uma empresa de consórcio que tenha autorização do Banco Central, como a Embracon, que há mais de 30 anos realiza os sonhos de milhares de pessoas. Basta entrar no site e fazer a simulação de consórcio de imóveis. Após inserir alguns dados, você pode fazer a simulação quantas vezes achar necessário, até determinar o melhor valor para pagar de mensalidade.
O bom é que você já sabe quanto teria que pagar pela parcela já com o valor da taxa de administração que, ao todo, não ultrapassa 20% do total do bem. Você não sai com o bem na hora, mas participa das assembleias mensais, em que pode ser sorteado com ou fazer a oferta de um lance, que é um valor mais que o consorciado pode dar, com o objetivo de ser contemplado com antecedência.
Para saber mais sobre como investir em um consórcio de imóveis, além das opções de lance e como se planejar para aumentar o seu patrimônio, confira nosso guia completo.