Quando se fala sobre poupar, qual a primeira coisa que vem à sua mente? Ter dinheiro na sua conta corrente? Se organizar para fazer a sua poupança? Ou guardar as suas economias no bom e velho colchão de casa?
A verdade é que todos sabem da importância de ter que poupar o dinheiro, mas a grande maioria tem uma dificuldade enorme de colocar esse hábito em prática, por diversos motivos.
Um dos principais tem a ver com a dificuldade de fazer com que parte do salário sobre. Com a chegada da pandemia da Covid-19, ficou mais difícil guardar dinheiro com a alta de preços de alimentos básicos, como arroz, carne e até mesmo frutas, que impactam diretamente no salário do cidadão. Além disso, existe o fator de termos mais de 14 milhões de brasileiros desempregados - prova de que vivemos um dos piores períodos econômicos de nossos tempos.
Mesmo os brasileiros das classes A e B têm algum tipo de dificuldade para lidar com o dinheiro que ganham. O Indicador Mensal de Reserva Financeira, realizados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostrou que apenas 30% das pessoas que possuem renda superior a 5 salários mínimos conseguem guardar um percentual de seu salário no fim do mês.
Por mais que o termo educação financeira tenha apresentado uma elevação positiva ao longo de 2020 - prova de que o brasileiro está interessado no assunto - ainda estamos muito atrás quando comparado a outros países quando se fala em investimento.
O estudo The Global Findex, que analisa os hábitos de finanças de diversos países do mundo realizado pelo Banco Mundial, mostrou que menos de 15% dos brasileiros conseguem poupar o seu dinheiro no período de um ano. Quando se trata em pensar na aposentadoria, os números são ainda mais desanimadores: somente 11% dos brasileiros de todas as idades disseram ter guardado algum dinheiro para a sua aposentadoria.
Existem diversos motivos que fazem com que o brasileiro se afaste da possibilidade de poupar o seu dinheiro: as altas dos preços e a recessão econômica praticamente eliminam qualquer espacinho para guardar um percentual do salário. Além disso, a desvalorização da moeda, que tende a fazer com que as coisas fiquem mais caras, afeta bastante o bolso de cada cidadão.
Especialistas em finanças pessoais alertam, porém, que a nossa dificuldade em poupar é cultural. Não se ensina educação financeira para as crianças na escola e, quando o assunto é abordado, cria-se um distanciamento muito grande entre as possibilidades para quem deseja investir. Por exemplo, certamente você já ouviu dizer que a poupança não rende quase nada, mas você sabe o motivo? Ou, indo mais a fundo: por que você decide gastar mais do que realmente ganha?
A facilidade de contratação de cartão de crédito, o hábito de parcelar grande parte das compras e as novas necessidades de consumo entram na soma quando o assunto é entender as finanças do brasileiro.
Por isso mesmo, antes de começar a pôr o hábito em prática, é preciso fazer algumas perguntas. Com paciência, planejamento e muito foco, você vai conseguir usar melhor o seu dinheiro e finalmente atingir seus objetivos. Confira nosso guia.
Por que devo poupar?
Quando se cria o hábito de poupar, se tem uma série de benefícios.
Um dos principais é estar mais preparado diante de adversidades. Pegue a pandemia de Covid-19, por exemplo, em que milhões de pessoas foram afetadas com redução salarial ou perda do emprego. Quem conseguiu preparar suas reservas muito provavelmente conseguiu lidar com esse período sem ter que comprometer seus rendimentos mensais.
O hábito de poupar leva a uma forma mais inteligente de lidar com o dinheiro no dia a dia. Você consegue tomar decisões melhores e evita cair na armadilha das compras por impulso - algo que afeta mais de 40% da população brasileira, segundo estudo do SPC Brasil.
Especialistas em educação financeira recomendam começar esse hábito aos poucos. Assim, ao perceber os benefícios que isso traz para o seu bem-estar, você pode juntar mais e mais, em busca de realizar seus sonhos.
Um estudo realizado pelo SPC, chamado Indicador de Bem-Estar Financeiro, identificou que cerca de 60% dos brasileiros terminam o mês sem sobras de dinheiro. Por conta disso, boa parte dos entrevistados da pesquisa se sentem frustrados e dizem não aproveitar a vida como gostariam por conta da má administração de seus rendimentos.
Uma possível solução para começar a criar este hábito é diminuir os gastos considerados excessivos, principalmente com lazer e itens supérfluos. Cortar tudo de uma vez pode ser perigoso, afinal, recaídas podem acontecer e virar o jogo novamente em benefício de poupar pode se tornar uma tarefa ainda mais árdua.
O primeiro passo antes de colocar em prática o hábito de poupar é ter um objetivo para o seu dinheiro. Vamos explicar como fazer isso a seguir.
Defina um objetivo para o uso do seu dinheiro
Todos sabemos que precisamos poupar: seja para ter mais segurança diante das adversidades, comprar aquilo que desejamos ou aumentar o nosso patrimônio, a importância de guardar dinheiro é conhecida por todos que, mensalmente, se veem pagando por dezenas de boletos.
Porém, qual seria o seu objetivo ao lidar com o dinheiro?
Dizem que, quando se joga na Loteria, pensar em como utilizar o dinheiro tem um efeito semelhante a ganhar o dinheiro. Faça esse mesmo exercício consigo mesmo: se você chegar a juntar um valor específico, o que faria? Conseguiria garantir a segurança necessária para a sua família? Finalmente poderia comprar o carro que sempre quis? Ou realizar o sonho de ter uma casa na praia?
Todos têm um sonho que buscam realizar: ele pode envolver toda a família e, sim, também pode ser conquistado a nível individual.
Para conseguir realizá-los, vale a pena reunir todos os integrantes da família e discutir os objetivos em conjunto: comprar uma casa maior, um apartamento na praia, por exemplo, ou trocar de carro, enfim, algo que beneficie a todos. Após identificar esse objetivo, cada integrante também pode falar sobre o que realmente tem vontade de fazer: montar uma churrasqueira no quintal, fazer uma faculdade, comprar um computador de última geração, enfim, coisas que podem melhorar bastante o seu dia a dia.
Deu pra perceber que, para os objetivos que envolvem toda a família, muito provavelmente você estará lidando com bens de alto valor, que exigem mais comprometimento e planejamento. E, ao mencionar objetivos individuais, estamos falando de bens que, com a devida organização, podem ser adquiridos a médio prazo, caso a família consiga se organizar.
Antes de tudo isso, porém, você não pode deixar de lado a segurança de toda a família. Para isso, também é preciso poupar para montar a sua reserva de emergência.
Quanto preciso juntar para a reserva de emergência?
Como já mencionamos, a reserva de emergência pode ajudar a lidar com os momentos de dificuldades, gerando uma segurança por um determinado período até encontrar novas oportunidades para recuperar seu padrão de vida.
Especialistas em finanças pessoais recomendam guardar o equivalente a, pelo menos, 6 vezes os gastos que se tem mensalmente. Por exemplo, se a sua família tem rendimentos mensais de R$ 10 mil, significa que, para uma boa reserva, o ideal é ter, pelo menos, R$ 60 mil. Claro que você pode guardar um valor superior, o que gera uma segurança ainda maior.
O importante é que a reserva de emergência permaneça em um produto de fácil resgate, como contas digitais que rendem valor acima do CDI, por exemplo. Afinal, nunca se sabe quando terá que pegar o dinheiro e, se tiver aplicado em um produto que possa gerar algum tipo de prejuízo devido ao resgate emergencial, você pode acabar tendo uma experiência frustrante ao poupar seu dinheiro.
Caso tenha dificuldades em entender qual seria o melhor produto para deixar o seu dinheiro, converse com o gerente do seu banco e entenda as opções. Considere, também, produtos financeiros fora da sua instituição, que possam gerar bons rendimentos sem nenhum tipo de complicação.
Como começar a poupar?
Falamos de sonhos a serem realizados e estipulamos quase como obrigação a necessidade de se criar uma reserva de emergência.
Isso porque ainda nem mencionamos outros tipos de investimento importantes para a sua segurança, como a previdência, em busca de uma aposentadoria mais tranquila.
Motivos não faltam para começar a juntar dinheiro, e isso pode deixar muitos iniciantes confusos. Ora, por onde começar? Como faço para cumprir dezenas de objetivos de uma vez, quando se tem dificuldade até mesmo de guardar R$ 100 no fim do mês?
Realmente, é preciso ter disciplina. Mas, antes disso, calma. Tudo é parte de um processo, em que se começa aos poucos. Não há problema algum em começar com R$ 100, contanto que você comece e tenha bem claro qual o seu objetivo com o seu dinheiro.
Antes de pensar em como destiná-lo, é preciso pôr em prática pequenos hábitos, que vão te ajudar nessa jornada de poupar o seu dinheiro. A seguir, confira o nosso passo a passo: da listagem de todos os seus gastos até a diversificação dos seus investimentos - sim, você chegará lá!
Analise seus gastos mensais
O primeiro passo para começar a poupar é ter uma noção do quanto entra e quanto sai mensalmente.
A melhor forma de fazer isso é criando uma planilha de gastos, em que você insere todos os gastos que possui e o quanto isso compromete de seus rendimentos mensais.
Você pode começar de forma simples ou procurar modelos de planilha prontos na internet. Inicie listando seus gastos obrigatórios, como água, luz e aluguel. Inclua também gastos recorrentes, como a escola particular, faculdade, assinaturas de TV, internet, entre outros. E não deixe de visualizar os gastos com cartão de crédito, incluindo pequenas compras. Caso tenha dívidas a pagar, coloque na planilha também.
Ter uma visualização de tudo o que se gasta e o quanto se ganha permite ter uma diretriz do que fazer para organizar os seus gastos.
Caso seus gastos sejam maiores do que os seus rendimentos mensais, é preciso tomar uma atitude o quanto antes para mudar a sua situação. De início, o importante é fazer esse acompanhamento, para que você consiga pensar, junto à família, em formas de como reduzir alguns gastos.
Separe seus gastos por categorias
Listar todos os seus gastos é bem importante em busca de entender como estabelecer um plano de ação para diminuir um custo, cortar aquele pequeno gasto, enfim, fazer qualquer tipo de ajuste para que sobre um bom dinheiro no fim do mês.
Você pode começar de maneira simples, listando primeiramente os custos fixos, que são os gastos que teremos que pagar mês a mês certinho. São gastos como conta de água, luz, aluguel (a não ser que seja proprietário do seu imóvel), condomínio, alimentação e internet.
Depois disso, inclua as despesas extras. Se você faz o acompanhamento dos seus gastos há algum tempo, tem uma ideia do que precisaria cortar para atingir seus objetivos.
Despesas extras são aquelas que não são obrigatórias, mas podem comprometer nossos rendimentos mensais. São gastos como idas ao shopping, baladas, entretenimento com os amigos, pequenas compras do dia a dia ou até mesmo o café na padaria antes do trabalho.
Essa pequena separação inicial de despesas extras e obrigatórias já ajuda bastante para que você identifique melhor cada categoria. Vamos explicar como funciona a seguir.
Estabeleça o seu percentual para cada categoria
Após determinar os gastos obrigatórios e extras, o próximo passo é fazer uma separação por categorias mais precisas. A seguir, vamos mostrar quais são as principais, e quanto dos seus rendimentos mensais você deveria se dedicar a cada um deles.
- Moradia: o ideal é reservar até 30% dos seus rendimentos para essa finalidade, que inclui gastos com aluguel, condomínio, IPTU, entre outros.
- Supermercado: não se empolgue tanto quando for ao supermercado: o ideal é que esse tipo de gasto não ultrapasse 20% dos seus rendimentos.
- TV, internet e telefone: quem trabalha em home office, provavelmente irá precisar de uma conexão à internet de boa qualidade. Só tome cuidado com a empolgação. Faça com que a junção de TV, internet e telefone não ultrapasse 10% dos seus rendimentos.
- Saúde e beleza: academia, idas ao cabeleireiro, skin care e gastos com maquiagem não podem ultrapassar 10% dos seus rendimentos.
- Transporte: dedique, no máximo, 10% do seu dinheiro para gastos com combustível, transporte público ou com aplicativos de transporte.
- Lazer: até 10% dos gastos para idas ao cinema, shopping, pequenas compras do dia a dia, enfim, gastos que você tem para curtir os fins de semana (porque ninguém é de ferro!).
- Bares e restaurantes: também, no máximo, 10% para esses gastos.
Perceba que a soma de todos esses gastos chega a 100%. Faça essa conta excluindo os gastos que precisaria para a poupança. Para começar, você pode separar 10% do seu salário para essa finalidade. Mas, se tiver muita dificuldade para guardar esse percentual, comece com pouco. O importante é que, com o hábito de poupar, você vá aumentando o valor que deveria guardar mensalmente, para atingir seus objetivos.
Mas, e se eu tiver contas para pagar, como devo fazer? Vamos explicar a seguir.
Pague todas as dívidas
É muito difícil pensar em guardar dinheiro quando se tem muitas contas para pagar, não é mesmo?
Por conta disso, é importante priorizar a quitação de todas as suas dívidas antes de dar início à jornada de poupar. Afinal, manter o nome limpo é extremamente importante, para que possa ter acesso a crédito quando precisar.
Se você possui muitas dívidas atrasadas, a melhor forma de lidar com o problema é negociando uma a uma. Se o volume for muito grande, priorize a dívida que tenha maior incidência de juros. Você pode conversar diretamente com a instituição ou, melhor ainda, aproveitar os feirões de renegociação que acontecem periodicamente: a vantagem é que, pelos feirões, você pode conseguir ótimas oportunidades de pagamento, reduzindo drasticamente os juros da dívida.
Especialistas em finanças pessoais recomendam priorizar a dívida por um simples cálculo: o juros que se paga pelo atraso costuma ser bem maior que os rendimentos que se tem ao guardar dinheiro. Portanto, deixe o caminho ‘livre’ para que você possa poupar.
Vale lembrar que, ao começar a pagar por uma dívida, você já fica com o nome limpo. Portanto, organize suas finanças, faça um acordo que facilite o pagamento e organize seus rendimentos aos poucos, para que você vá se ajustando até efetivamente conseguir poupar dinheiro em seu benefício.
Mude seus hábitos aos poucos
Fazer a identificação de seus gastos é extremamente importante para que se tenha uma direção do quanto realmente deve dedicar dos seus rendimentos para diferentes necessidades.
Mas isso só vai funcionar colocando a teoria na prática. Por isso, faça ajustes nos seus hábitos, para que os percentuais realmente se encaixem ao seu padrão de vida. Por mais que seja frustrante dedicar parte do seu suado dinheiro para o pagamento de dívidas, entenda essa fase como essencial para atingir seus objetivos.
Se você está gastando demais com TV a cabo, por exemplo, pode reduzir o seu pacote. Se as compras de supermercado estão extrapolando o percentual ideal, vale a pena priorizar o que é mais importante ou até mesmo considerar produtos mais em conta e ir atrás de promoções.
Utilize esse critério até mesmo para gastos fixos, como aluguel. Caso o valor supere os 30% ideais para esse tipo de gasto, reavalie muito bem e considere a procura de um novo lugar.
Claro que não precisa cortar tudo. Você também pode ir atrás de elevar seus rendimentos mensais.
Não se esqueça da aposentadoria
Quem trabalha em regime CLT destina parte do salário, obrigatoriamente, ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Mesmo que este seja o seu caso, não atribua toda sua aposentadoria a esse valor obrigatoriamente guardado.
Por isso, separe parte do dinheiro que conseguir guardar para formar a sua Previdência. Você pode contratar uma previdência privada diretamente com o seu banco, ou investir a longo prazo em produtos financeiros que dão previsibilidade de retorno.
Considere ter uma renda extra
Vivemos em uma época ultraconectada: ao mesmo tempo em que muitas profissões podem ser realizadas por autônomos, dentro de sua própria jornada de trabalho, a própria noção de emprego formal está passando por uma mudança.
Caso tenha à disposição algumas horas a mais, veja se vale a pena considerar uma renda extra, com o objetivo de aumentar os seus rendimentos mensais. Confira algumas opções:
- Motorista de aplicativos como Uber, 99, Cabify: a vantagem é que você estipula o seu horário de trabalho;
- Entregador de aplicativos como Rappi, iFood, Loggi, entre outros, dado que o comércio eletrônico tem aumentado exponencialmente devido ao isolamento social da pandemia de Covid-19;
- Trabalho remoto como free-lancer escrevendo artigos, criando ilustrações como designer gráfico, ou até mesmo animações em vídeo;
- Free-lancer como desenvolvedor em linguagem de programação.
Veja se a sua área de atuação tem algum tipo de facilidade para atuação como free-lancer. Se achar necessário, vá atrás de novas habilidades. Existem diversas opções de cursos online e tutoriais em vídeo que podem ser feitos sem nenhum custo.
Onde guardar minhas primeiras economias?
Agora que está conseguindo obter uma renda a mais e finalmente conseguiu pagar por todas as suas dívidas, está na hora de ter a compensação no fim do mês, certo? Você pode começar guardando pouco até que, em breve, estará juntando o percentual ideal para atingir seus objetivos.
De início, o ideal é manter o dinheiro guardado em uma conta de fácil resgate. Embora a poupança seja o produto financeiro mais conhecido do brasileiro, seu rendimento anual de pouco menos de 2% é inferior à inflação, atualmente em 4,5%. O que isso significa? Que não adianta ter um pequeno rendimento quando, anualmente, o seu dinheiro passa por uma desvalorização.
Uma boa opção é ir atrás de contas digitais que rendam um percentual acima do CDI ou considerar produtos financeiros que tenham rendimentos e possam ser resgatados sempre que você precisar. Converse com o seu gerente do banco ou, melhor ainda, invista na sua educação financeira, para que tenha autonomia de como aplicar seus investimentos.
Tornando-se um investidor
Hoje você começa com pouco; amanhã, estará diversificando suas aplicações. Por mais que isso possa parecer distante da realidade, o hábito de poupar realmente tem o poder de transformar a forma com que lidamos com o dinheiro.
Essa jornada, porém, exige dedicação e muito aprendizado. Mas, não perca de vista os benefícios: você pode criar o hábito de poupar, atingir seus objetivos, garantir segurança para a sua família e constituir o seu próprio patrimônio.
Confira alguns pequenos passos para começar a investir.
Aprenda com quem sabe investir
Uma boa forma de começar a investir é ir atrás de mais informações. Atualmente, existem diversos canais de vídeo sobre finanças pessoais, cursos gratuitos, e-books e artigos - incluindo o blog da Embracon, que traz uma série de dicas importantes para você lidar melhor com o seu dinheiro.
A iniciativa de conhecer pessoas experientes com investimento pode servir como inspiração para que você aplique melhor o seu dinheiro. Então, você vai perceber que existem diferentes perfis de investidores (iremos detalhar a seguir) e pode selecionar uma linha com a qual se identifica mais.
Estude sobre educação financeira
Para lidar com o nosso dinheiro da melhor forma, é preciso investir também em conhecimento.
O hábito de poupar é uma das lições mais árduas de educação financeira. Mas, uma vez que você compreende a importância e consegue colocar em prática, fica mais fácil seguir os próximos passos. Você pode começar assistindo aos vídeos de especialistas e ler obras importantes sobre finanças.
Com exemplos e algumas técnicas importantes, você pode fazer os ajustes necessários em suas finanças e ir atrás de objetivos mais ambiciosos - no bom sentido da palavra, é claro, de forma que beneficie a todos da sua família.
Qual o seu perfil de investidor?
Ao ir atrás de mais informação sobre educação financeira, você sempre irá se deparar com a seguinte pergunta: qual o seu tipo de investidor? Inclusive, muitas corretoras de investimentos e até mesmo o seu banco aplicam um questionário antes de fazer qualquer tipo de recomendação de produtos financeiros para investir.
Confira os diferentes tipos de investidor a seguir.
Perfil conservador
É o tipo de pessoa que preza mais pela segurança. Tem receio de perder dinheiro e opta pela estabilidade financeira.
Quando as corretoras identificam esse tipo de perfil, sugerem a aplicação em renda fixa. Com menos de R$500, por exemplo, é possível comprar títulos do Tesouro Direto ou outras opções que contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como CDB, LCI e LCA.
Isso garante ao investidor o retorno de até R$ 250 mil de seus investimentos, caso o banco venha à falência.
Perfil moderado
Este é o perfil que opta por diversificar. Além de garantir parte de seu patrimônio em renda fixa, alguns investidores moderados começam a arriscar parte de seu dinheiro na renda variável.
Analistas financeiros recomendam que os moderados tenham de 10% a 40% de seu patrimônio em ativos da bolsa de valores, principalmente para ir aprendendo a investir.
Perfil agressivo
É o tipo de investidor que tem alta tolerância aos riscos. Sabe muito bem das oscilações do mercado e também utiliza parte de seu patrimônio para obter maior proporção de papéis, como ações, opções e câmbio.
Mesmo perfis mais arrojados sabem da importância da diversificação. Só que eles utilizam seu conhecimento de mercado para separar papéis em empresas com maior previsibilidade e outras mais arrojadas, para obterem fatia maior de lucro.
Diversificação dos seus rendimentos
É comum que investidores que ainda estão iniciando a sua jornada sejam mais associados ao perfil conservador: afinal, esse tipo de perfil tem receio de aplicar seu investimento e ter qualquer tipo de perda.
De qualquer forma, existe uma série de produtos financeiros para diferentes tipos de perfis. Na maioria dos casos, os especialistas recomendam formar, primeiramente, a sua reserva de emergência antes de se aventurar pelo mundo dos investimentos.
Porém, a própria reserva se trata de um investimento, não é mesmo? Só tenha o cuidado de mantê-la em uma aplicação de fácil resgate, para não passar por nenhum tipo de dificuldade quando tiver que fazer algum tipo de saque emergencial.
A seguir, vamos explicar os detalhes dos diferentes tipos de investimento. Veja quais têm mais a ver com você, para que consiga diversificar a sua carteira da melhor forma possível.
Produtos de renda fixa
Os produtos de renda fixa são aqueles que dão previsibilidade de retorno, ou seja, não representam um risco para o investidor. Um dos mais conhecidos é a poupança, que tem um rendimento fixo para um determinado período de tempo. Porém, como seu rendimento é menor que a inflação, manter seu dinheiro na poupança do banco pode fazer com que ele se desvalorize mais. Na prática, você sai perdendo.
Portanto, se deseja investir, mas não quer arriscar perder nada, vale a pena considerar outros produtos, que certamente darão maior retorno que a poupança. Confira a seguir os principais.
CDB
CDB é sigla para Certificado de Depósito Bancário e é recomendado para iniciantes ou pessoas que querem ter alguma segurança de retorno na hora de aplicar o dinheiro.
Você pode investir em CDBs com diferentes prazos: quanto maior o prazo, maior o percentual de retorno do seu valor.
Os CDBs contam com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por exemplo. Isso significa que, se tiver dinheiro aplicado em algum banco, e a instituição venha a falir, você tem direito de até R$ 250 mil de retorno por sua aplicação.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto nada mais é que a compra de dívidas públicas do governo. É considerada uma das formas mais seguras de investimento. Só que, diferente do CDB, que é emitido por algum banco, o Tesouro Direto é emitido pelo próprio governo, para ajudar no pagamento de dívidas externas.
A partir de R$ 30 já é possível aplicar seu dinheiro no Tesouro Direto, com diferentes indexadores:
- Tesouro Selic: tem um rendimento atrelado à taxa básica de juros, mais voltado a curto prazo.
- Tesouro IPCA: já é mais voltado a longo e médio prazo, tendo como indexador a inflação e mais uma taxa a seu favor.
- Tesouro Prefixado: desde o início já é determinada uma taxa de quanto você terá de retorno. Essa taxa prefixada não muda, portanto, você já saberá quanto terá de retorno com antecedência, independente dos rumos da economia.
LCI e LCA
São letras de crédito que estão atreladas aos mercados de aos mercados imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), que ajudam a capitalizar através do volume de investimento realizado nesses dois setores.
Como possuem incentivo do governo, os setores imobiliário e do agronegócio estão isentos do Imposto de Renda e podem gerar boa rentabilidade, com a segurança que você precisa para não perder dinheiro.
Aplicações para perfis moderados
Investidores de perfil moderado costumam diversificar nas aplicações. É possível começar com diferentes produtos de renda fixa, como os que mencionamos acima.
Mas, para ter maior rentabilidade, é preciso considerar alguns produtos de renda variável, que explicaremos a seguir. O ideal é começar aos poucos: você pode dedicar 5% do seu patrimônio inicialmente, por exemplo, com investimento em ações ou aplicações em fundos imobiliários.
Ao perceber que está realizando transações seguras, é possível aumentar esse percentual em até 15% ou 20%, para que tenha um bom balanço ao elevar seu patrimônio. É recomendado que perfis moderados procurem aprender cada vez mais sobre educação financeira, para que possam se sentir mais seguros com suas aplicações. E, claro, sempre tenha a reserva de emergência e mantenha um percentual em produtos de renda fixa, para que tenha uma boa garantia financeira.
Como iniciar na renda variável?
O lema da renda variável é bastante atrativo: utilizar os juros compostos das aplicações a seu favor.
Existem muitas opções de aplicação em renda variável mas, antes de fazer esse tipo de investimento, é recomendado que se tenha uma boa reserva de emergência e um percentual garantido na renda fixa, para não colocar seu patrimônio em risco.
Comece com pouco menos de 5% no mercado de ações. Para isso, é preciso abrir conta em uma corretora de investimentos, que irá aplicar o questionário para identificar seu perfil de investidor e recomendar alguns produtos.
Com o mercado de ações, é possível comprar uma ação fracionária com um valor menor que R$ 10 - com as chamadas small caps, por exemplo. É preciso acompanhar os setores em que mais acredita para se ter uma boa rentabilidade no mercado de ações.
Existem muitos especialistas que recomendam alguns tipos de investimento, mas tenha muito cuidado. Antes de comprar uma ação, é preciso definir uma estratégia para seu acompanhamento. Alguns tipos de análise podem ajudar, inclusive o acompanhamento de notícias relacionadas ao setor da empresa em que deseja investir.
Ao utilizar um percentual bem baixo de seu patrimônio, você pode ir aprendendo aos poucos como operar. E, conforme aumenta sua rentabilidade, pode ir destinando um percentual a mais.
Porém, lembre-se: jamais coloque todo o seu dinheiro na renda variável. Por mais que tenha chances de aumentar os seus rendimentos, não se esqueça do risco de perda. Jogar todo o seu dinheiro em uma única ação, por exemplo, pode representar um risco enorme, que pode colocar todo o seu dinheiro guardado em risco.
Portanto, mantenha sempre a estratégia de diversificação do patrimônio e aprenda, na prática, como ganhar dinheiro com renda variável.
Produtos vantajosos de renda variável
Confira os principais tipos de investimento de renda variável a seguir:
- Mercado de ações: representam a menor parcela do capital de uma empresa. Quem quiser começar nesse tipo de investimento, pode iniciar com as ações fracionárias (que tem um F ao final de cada ticker). Se a empresa em que você comprou ação se valorizar, você pode ganhar dinheiro. Porém, trata-se da lei da oferta e da demanda: para ganhar dinheiro, a estratégia mais conhecida é comprar quando tiver barato e vender com a valorização do ativo. Existem outros tipos de estratégia, como comprar ações e segurá-las por um bom tempo (buy and hold), com análise gráfica, entre outras.
- Fundos imobiliários (FIIs): aplicação voltada para quem quer investir no mercado imobiliário, como construção ou aquisição de imóveis, locação e arrendamento, por exemplo.
- ETFs (Exchange Traded Funds): são os fundos de índices, que replicam a composição de índices financeiros, como Ibovespa. É uma forma do investidor apostar em várias ações de uma vez, sem precisar comprar papel a papel. Uma boa forma de iniciar no mercado de ações.
- Opções: representa o direito de comprar ou vender uma ação em uma data específica no futuro com um preço já preestabelecido. Por ser um contrato, a opção é classificada como um ‘derivativo’, porque deriva do preço do ativo.
- Câmbio: para quem deseja comprar outras moedas, como dólar, franco suíço, entre outras. É tido como uma estratégia de proteção de patrimônio (conhecido como hedge).
- Futuros: acordos de compra ou venda de ativos da bolsa de valores a um preço fechado, em uma data futura. Alguns exemplos são milhos, boi gordo, Ibovespa e até mesmo o principal índice de ações do mercado americano, o S&P500, que reúne as 500 maiores companhias da bolsa dos Estados Unidos.
- Criptomoedas: para quem deseja investir em bitcoins, ethereum e outras moedas virtuais que não são controladas por bancos centrais.
Poupar: começa com pouco e vai longe
Para ir do pagamento de dívidas que comprometem seus rendimentos mensais até considerar o investimento em renda variável, como deu para perceber, é um longo caminho.
Nessa jornada, atalhos podem ser perigosos. Portanto, é preciso se organizar para ter mais dinheiro sobrando no fim do mês, montar a sua segurança e da sua família com a reserva de emergência, preparar-se aos poucos para a sua aposentadoria para, depois, considerar diferentes tipos de investimento.
O ideal é iniciar com a renda fixa, que dá previsibilidade de retorno e, aos poucos, conhecer um pouco mais sobre renda variável. Tudo isso é possível com o investimento em educação financeira, para que você tenha autonomia para tomar as melhores decisões em relação ao seu dinheiro.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira nossos artigos sobre finanças pessoais no blog da Embracon.